11 novembro 2015

Mudança em tributo sobre ganhos de capital agita negócios no final de 2015

Fundos de private equity e venture que adquiriram participações em empresas buscam concluir transações de saída antes que a Medida Provisória 692 entre em vigor em 1° de janeiro de 2016

O mercado de private equity e venture ficará agitado neste final de 2015. Os fundos que adquiriram participações em empresas vão buscar concluir negócios de saída antes do aumento do imposto de renda sobre ganhos de capital que entrará em vigor em 2016.

A "janela de oportunidade" segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap), Clovis Meurer é para aproveitar a alíquota atual de 15% sobre os ganhos.

A partir de 1° de janeiro de 2016, a alíquota sobre ganhos entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões subirá para 20%. Para aqueles com ganho de capital acima de R$ 5 milhões e até R$ 20 milhões, o imposto subirá para 25%. E para quem conseguiu ganhos de capital acima de R$ 20 milhões, a alíquota do IR irá para 30%, o dobro da cobrança atual.

"Tem muitos fundos buscando fechar negócios [de saída] antes desse aumento do imposto", disse Clovis Meurer, após participar ontem da 2° Conferência Brasileira de Venture Capital, realizada em São Paulo.

O executivo que também é diretor superintendente e sócio da CRP Companhia de Participações disse que está confiante com o setor de private equity e venture capital para o próximo ano, 2016, mesmo com as incertezas no cenário político, fiscal e diante da desconfiança sobre a manutenção do grau de investimento (nota atribuída de bom pagador) do Brasil.

"Os fundos estão capitalizados e dispostos a investir. Os fundos estrangeiros também estão olhando muitas oportunidades no Brasil. Há um ano - quando o dólar estava mais baixo - eles precisavam de mais dinheiro, hoje só precisam da metade", disse Meurer sobre a forte desvalorização do real em relação ao dólar nesse período de um ano, o que tornou as empresas brasileiras "mais baratas", aos olhos dos estrangeiros.

Sobre os setores mais promissores que podem receber investimentos de fundos de private equity e venture capital no próximo ano, Meurer apontou as áreas de tecnologia da informação, inovação, serviços de saúde e laboratórios, energia sustentável como solar e eólica, e do agronegócio. "Para a indústria irá muito pouco", diferenciou o vice-presidente.

De acordo com dados publicados ontem pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de investimentos em participações (FIPs) que são os principais veículos financeiros utilizados por fundos de private equity e venture capital registram uma captação líquida de R$ 17,2 bilhões no ano até 30 de outubro último, formando um patrimônio líquido total de R$ 156,7 bilhões em FIPs.

Pionerismo e sucesso

Presente a conferência, o investidor Virgílio Moreira Filho, diretor vice-presidente da Trivèlla M3 Investimentos, contou aos presentes que foi um dos pioneiros em investimento anjo e de venture capital na área de tecnologia há 25 anos.

"A Bematech [em processo atual de fusão com a Totvs] começou com capital de US$ 50 mil. Conseguimos um empréstimo de US$ 1 milhão no [Banco] Nacional para construir as primeiras impressoras de extratos bancários em caixas eletrônicos do Bamerindus, que entregamos por US$ 5 milhões", relatou sua história.

Ao DCI, Virgílio Moreira disse está "muito otimista" para seu próximo ciclo de investimentos de longo prazo e que manterá uma participação em ações na Totvs. "Temos 10 empresas investidas", afirmou. Ernani Fagundes | DCI | Leia mais em fenacon 11/11/2015

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