Negociações envolvendo fusões e aquisições de shopping centers no país podem se acelerar com os problemas de caixa das empresas e mudanças de estratégia das companhias. O Valor apurou que a área de shoppings da Cyrela Commercial Properties (CCP) sondou empresas do setor para negociar a venda de ativos da carteira ou a busca de sócios, em conversas que ocorrem desde o ano passado.
Outra empresa, a BRMalls, maior empresa do segmento, está em negociações para vender shoppings que integram a carteira da holding da empresa.
Executivos do setor dizem que existe hoje um volume considerável de negócios sendo oferecido para empresas nacionais e estrangeiras, especialmente pelo aumento na alavancagem dos grupos, mas há consideráveis divergências de preços entre compradores e vendedores. “Quem quer vender está com a cabeça do valor do ativo lá do passado e quem quer comprar joga esse preço para baixo. Ainda não se encontrou equilíbrio em muitas negociações”, diz um gestor de fundo de private equity.
No caso da CCP, os controladores estiveram em contato com o comando da Ancar Ivanhoe e da Aliansce meses atrás, sondando a respeito de uma união dos negócios ou interesse na compra de ativos a Ancar tem 23 shoppings, a Aliansce, 19 e a CCP, oito. Segundo fonte, teria interferido nas negociações o alto valor pedido pela CCP, com uma carteira com bons empreendimentos considerados rentáveis e em fase de maturação. “O problema é que eles querem conversar considerando múltiplos que não existe mais”, conta uma fonte a par do assunto.
Já para uma fusão com a CCP, algo que também chegou a ser colocado na mesa pelos controladores, a Ancar, de capital fechado, teria que abrir seus números ao mercado, algo que não agrada aos donos a CCP é de capital aberto. Procurada, a CCP nega a informação.
Alto nível de endividamento da CCP, reflexo em parte dos recentes investimentos elevados em shoppings, e vendas mais fracas têm pressionado mais os índices de alavancagem da empresa.
Em relação à BRMalls, são esperadas novas transações nos próximos meses, que podem envolver também ativos em que a empresa tem mais de 50% da operação, apurou o Valor. Ao mercado, a companhia tem ressaltado que está aberta a negociar posições minoritárias em empreendimentos. Em 13 dos 46 shopping cuja empresa é sócia, sua participação é inferior a 50%. “Temos conversas em andamento e vamos vender participação em ativos da BRMalls Participações, onde temos vantagem fiscal na venda”, disse ontem o presidente Carlos Medeiros.
Na prática, ainda há um volume pequeno de negócios fechados. Os R$ 740 milhões anunciados em transações de vendas de shoppings nos últimos 12 meses envolvem apenas duas companhias, Aliansce e BRMalls. Na Aliansce, desde meados de 2014 foram três negociações para reforçar o caixa, após aumento do endividamento, e isso reduziu um pouco a pressão sobre os números.
Já na BRMalls, desde novembro a empresa se desfez de quatro shoppings pela soma de quase R$ 500 milhões com intuito de “reforçar a estratégia de reciclagem de portfólio, otimizar estrutura de capital e destinar recursos para investimentos com maior rentabilidade”, segundo nota. Ontem, a BRMalls comentou o seu balanço do terceiro trimestre, e ressaltou que por causa da crise atual, não há “pressa” em abrir novos empreendimentos, disse Medeiros. O prejuízo foi multiplicado em mais de dez vezes, para R$ 219 milhões de julho a setembro, e a receita líquida subiu 5%, para R$ 335 milhões. Por Adriana Mattos | De São Paulo - Valor Econômico – SP Leia mais em sbvc 04/11/2015
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