Mikhail Fridman: o magnata russo está apostando menos em uma recuperação rápida do Brasil e mais nos bilhões de dólares em economia potencial de uma fusão com uma concorrente
Mikhail Fridman passou os últimos dois anos procurando ativos de telecomunicações até colocar os olhos na operadora de celular mais endividada da América Latina, a Oi.
O magnata russo está apostando menos em uma recuperação rápida da economia brasileira e mais nos bilhões de dólares em economia potencial de uma fusão com uma concorrente.
A LetterOne, empresa de investimento de Fridman, concordou no mês passado em entrar em negociações exclusivas com a Oi para injetar até US$ 4 bilhões para a operadora e ajudá-la em uma possível combinação com a TIM Participações, segunda maior operadora de telefonia celular do Brasil, que é controlada pela Telecom Italia SpA.
Alexey Reznikovich, sócio-gerente do braço de telecomunicação e tecnologia da LetterOne, disse em entrevista na terça-feira que mesmo que um acordo com a TIM não siga adiante, podem existir outros alvos para a Oi.
“Estamos muito abertos a qualquer tipo de possibilidade”, disse Reznikovich de seu escritório em Londres. “O modelo tradicional de telecomunicações está praticamente morto do ponto de vista do investidor. É possível obter retornos e ganhar dinheiro no setor de telecomunicações como um investidor apenas em situações especiais -- em situações em que poderia haver potencial consolidação do mercado ou reestruturação ou refinanciamento da empresa”.
Combinadas, a TIM e a Oi, que está em quarto lugar no mercado de telefonia móvel do Brasil, terão uma participação de cerca de 44 por cento, segundo dados da Anatel. As empresas competem com a Telefônica Brasil e a Claro, do bilionário mexicano Carlos Slim.
“O mercado brasileiro está bastante pronto para uma consolidação”, disse Reznikovich. “Considerando sua estrutura, este provavelmente seja o fator mais importante”.
A Telecom Itália poderia iniciar conversas com a Oi somente se tiver o controle da nova empresa, disseram duas fontes com conhecimento do assunto. A operadora italiana inicialmente rejeitou a proposta de Fridman porque a LetterOne provavelmente teria o controle, deixando a empresa italiana com uma participação de 35 por cento, disse uma fonte.
A LetterOne não se oporia a ceder o controle da nova empresa à Telecom Itália, disse outra fonte. Representantes da Oi e da LetterOne preferiram não comentar.
A proposta da LetterOne deu impulso a uma consolidação há muito debatida no maior mercado de telecomunicações da América Latina. No ano passado, a Oi contratou o BTG Pactual -- acionista da Oi -- para analisar uma possível aquisição da TIM. O BTG tem participado ativamente das discussões, embora nenhuma oferta formal tenha sido feita, disse Reznikovich.
Fridman, 51, tem um patrimônio líquido de US$ 12,7 bilhões, segundo o índice Bloomberg Billionaires. Após fazer fortuna com petróleo e bancos, o empresário ampliou os negócios para o setor de telecomunicações em 2001, adquirindo o controle da operadora russa VimpelCom com seus sócios. Após expansão para ex- repúblicas soviéticas e compra de ativos na Itália, a VimpelCom atualmente opera em 14 países.
Fusão italiana
Em agosto, a VimpelCom fechou um acordo de fusão de sua unidade italiana, Wind, com a empresa de telefonia celular local de Li Ka-shing, um bilionário de Hong Kong. As empresas projetam uma economia avaliada em mais de 5 bilhões de euros (US$ 5,5 bilhões), excluindo os custos de integração.
A VimpelCom, que tem sede em Amsterdã e ações negociadas em Nova York, buscará vender torres de telefonia celular e ativos de rede para se tornar mais enxuta e poderá adicionar novos mercados no Leste Europeu ou na Ásia, disse Reznikovich, que é também presidente do conselho da VimpelCom.
A companhia não está interessada em adquirir os ativos que a sueca TeliaSonera AB recentemente colocou à venda devido às sobreposições em países como Cazaquistão e Uzbequistão, acrescentou ele.
“Nós precisamos reformular o modelo inteiro”, disse Reznikovich. “Os sistemas de TI estão desatualizados, com diferentes camadas e você não pode coletar ’big data’ de usuários corretamente”.Amy Thomson e Ilya Khrennikov, da Bloomberg Leia mais em exame 05/11/2015
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