Carlyle Group: o mercado está favorável aos compradores e o Carlyle quer fazer negócios
O mercado no Brasil está favorável aos compradores e o Carlyle Group LP quer fazer negócios.
Após dois anos “muito frustrantes”, o Carlyle anunciou R$ 2,45 bilhões em aquisições neste ano na maior economia da América Latina e está em busca de mais, disse Fernando Borges, co-presidente do Carlyle para o país.
Com as ofertas públicas iniciais de ações congeladas neste ano no Brasil, muitas empresas estão ansiosas para encontrar sócios de private equity e aceitam mecanismos de proteção aos compradores, como metas de desempenho ou pagamentos em parcelas, que podem servir de escudo contra desvalorizações cambiais, disse ele.
“Você acaba fechando negócios muito melhores -- e mais seguros”, disse Borges em entrevista em seu escritório, em São Paulo. “Estamos negociando com empresas muito boas que nunca teriam conversado conosco anos atrás, em vez disso teriam partido diretamente para uma oferta pública inicial de ações”.
A Carlyle se junta, assim, a outras empresas de private equity com fundos em dólares dedicados à região, como a Advent International Corp., que estão tirando vantagem dos preços mais baixos depois que o amplo escândalo de corrupção na Petrobras paralisou a economia e ajudou a eliminar US$ 290 bilhões do valor de mercado das empresas negociadas publicamente neste ano.
Os negócios anunciados envolvendo empresas de private equity e incluindo compras de imóveis aumentaram para US$ 7,6 bilhões neste ano no Brasil, na comparação com os US$ 4,5 bilhões no mesmo período do ano passado.
Eles são destaque em um mercado no qual os IPOs totalizaram apenas US$ 229 milhões em 2015 e o total de fusões e aquisições está no nível mais baixo em uma década, segundo dados compilados pela Bloomberg.
O que impulsiona a tendência é a necessidade de consolidação para estimular o crescimento em uma economia que está em retração, disse Borges. Em pesquisa do Banco Central divulgada na segunda-feira os analistas previram que a economia encolherá 3 por cento neste ano e 1,22 por cento no ano que vem, o que representaria a recessão mais longa desde a Grande Depressão.
O real caiu mais de 37 por cento nos últimos 12 meses, tornando as empresas brasileiras mais baratas para investidores com dólares em mãos.
Mercado de crédito caro
Em uma economia ruim, “na qual o crescimento orgânico será muito difícil porque o consumo está perdendo força, você precisa crescer por meio de consolidação”, disse ele.
“As boas empresas compram seus concorrentes e estão usando empresas de private equity como sócias porque o crédito dos bancos está muito caro e escasso”.
No Brasil, as taxas de juros sobre os empréstimos corporativos subiram a um nível recorde de 20,3 por cento por ano em agosto, empurrando os novos empréstimos para empresas 4,7 por cento para baixo no ano até agosto, disse o BC.
O Carlyle disse em agosto que planeja adquirir o controle e tirar da negociação em Bolsa a empresa Tempo Assist, que fornece assistência automotiva, residencial e pessoal, em um negócio que poderá chegar a R$ 700 milhões.
A firma de aquisições com sede em Washington também comprou participação de 8,3 por cento na Rede D’Or São Luiz SA, operadora de uma rede de hospitais, por R$ 1,75 bilhão, em um negócio anunciado em abril.
Trata-se da segunda maior aquisição da firma no Brasil em valor. A Carlyle está negociando a compra de uma participação de 1 por cento a 2 por cento na Rede D’Or do Grupo BTG Pactual, disseram fontes informadas sobre as negociações que pediram anonimato por discutirem um assunto privado. A Carlyle e a BTG preferiram não comentar.
As empresas nas quais o Carlyle tem participação também estão querendo realizar aquisições. A Rede D’Or está estudando comprar parte do Grupo Fernandes Vieira, que possui dois hospitais em Recife, segundo fontes informadas sobre o assunto. A Rede D’Or e o Grupo Fernandes Vieira preferiram não comentar.
A CVC Brasil Operadora Agência de Viagens SA, na qual a Carlyle possui participação, disse em agosto em um comunicado que concluiu a aquisição de 51 por cento de três empresas -- Advance Viagens Turismo SA, Rextur Viagens Turismo SA e Reserva Fácil Tecnologia SA -- e de 100 por cento da Submarino Viagens Ltda.Cristiane Lucchesi e Alan Goldstein, da Bloomberg Leia mais em exame 20/102/105
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