Após negociar com o Albert Einstein e conversas não seguirem adiante, Samaritano virou alvo de disputa de grandes redes de hospitais e de fundos de investimentos; setor atraiu investidores após mudança na lei que permite a participação de capital estrangeiro.
O hospital Samaritano, localizado no bairro de Higienópolis, em São Paulo, virou alvo de disputa de grandes redes de saúde e fundos de investimentos, apurou o ‘Estado’. O Samaritano mantinha conversas exclusivas com Hospital Albert Einstein, que não avançaram. Com isso, abriu-se caminho para a Rede D’Or, Amil (controlada pela americana United Health) e fundos de investimentos, entre eles o KKR e o Advent, disputarem o hospital, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto. As negociações estão em andamento.
No entanto, para que possa receber um aporte ou mesmo mudar de controle, o Samaritano, que é uma instituição filantrópica, precisa se tornar uma sociedade com fins lucrativos. O valor do negócio ainda não teve o martelo batido, mas está estimado cerca em R$ 1 bilhão, segundo fontes.
“O Hospital Albert Einstein estava em conversas exclusivas, mas deixou o negócio escapar. Para o Einstein, o Samaritano seria muito estratégico porque boa parte da comunidade judaica mora na região. Além disso, é considerado um hospital ‘top de linha’ e está localizado em uma área central”, disse uma fonte com conhecimento no assunto.
Fundado em 1894, o Samaritano é considerado um hospital de referência, com pronto atendimento, medicina diagnóstica, além de importantes núcleos de especialização em saúde, como em cardiologia, neurologia, oncologia, urologia e transplantes.
Lista de candidatos. Como as conversas entre o Einstein e Samaritano esfriaram, a Rede D’Or, que tem o BTG Pactual como sócio, entrou na disputa pelo ativo. Após ter recebido este ano dois grandes aportes – um do fundo americano Carlyle e o outro do GIC, de Cingapura , a empresa de hospitais e laboratórios é considerada forte candidata a fechar o negócio.
O dinheiro do Carlyle – cerca de R$ 1,75 bilhão – foi direto para o caixa da D’Or, justamente para financiar aquisições. Na época da compra, a rede foi avaliada em quase R$ 20 bilhões. Com uma presença maior no Rio de Janeiro, o grupo busca oportunidades de negócios em São Paulo. O Samaritano, dizem fontes, encaixa-se dentro da estratégia da companhia de comprar empreendimentos voltados à classe A.
Hoje, a Rede D’Or possui unidades no Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal e Pernambuco e está debruçada no crescimento orgânico. A empresa tem 27 hospitais próprios administra outros dois. A United Health, dona da Amil, também estaria na disputa.
No entanto, fontes afirmam que o negócio pode ser sofisticado demais para o público que a Amil atende. Já os fundos Advent e KKR, graças a uma mudança regulatória, passaram a olhar com lupa o lucrativo mercado de saúde. Em janeiro foi publicada a Lei 13.097, que permite a participação, inclusive o controle, de entidades estrangeiras em hospitais e laboratórios.
Procurado, o Albert Einstein negou que tenha negociado a compra do hospital. O grupo Amil, que possui um complexo médico-hospitalar no Rio de Janeiro e 30 hospitais localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Distrito Federal e Ceará, informou que não comenta “especulações ou rumores de mercado”. Os fundos KKR e Advent não retornaram aos pedidos de entrevista. O Samaritano não quis comentar, assim como a rede D’Or.
Fora do eixo. Os fundos de investimentos, como Advent e KKR, também estão de olho em aquisições de hospitais fora do eixo Rio-São Paulo. Os Estados do Centro-Oeste do País, que concentram polos prósperos do agronegócio, e parte da região Nordeste são alvos desses fundos, que analisam oportunidades em hospitais de médio porte e que podem receber mais recursos.
O interesse pelos fundos Advent, KKR e Carlyle (por meio da participação na D’Or) no setor tem razão de ser. Um estudo feito pela consultoria americana McKinsey a pedido do Carlyle mostrou que a eficiência do setor no País ainda é baixa. Por aqui, a média de leitos disponíveis para cada hospital é de 64.
Nos hospitais dos Estados Unidos, a capacidade de atendimento de pacientes é quase três vezes maior: por lá, cada unidade tem 161 leitos, em média.
Referência
Com mais de 2.300 funcionários, o Hospital Samaritano é uma instituição filantrópica, considerada com um dos hospitais de excelência pelo Ministério da Saúde. | Autor: Mônica Scaramuzzo e Fernando Scheller Referência: Estado de São Paulo Leia mais em capitolio 11/09/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário