03 setembro 2015

CEO da Lindt continua faminto por aquisições no setor de chocolates

A fabricante suíça de chocolates premium Lindt Spruengli AG está à procura de mais aquisições após a compra da Russell Stover Candies Inc. e quer expandir-se no Brasil e na Rússia, tirando vantagem da desvalorização das respectivas moedas.

Os futuros negócios serão menores que a aquisição da Russell Stover por 1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,6 bilhão), no ano passado, disse o CEO Ernst Tanner em entrevista. Ele preferiu não identificar os alvos, nem especificar onde a Lindt os está procurando, embora tenha dito que a empresa com sede em Kilchberg, na Suíça, enxerga o Brasil, a Rússia e o Japão como mercados atraentes.

"Ainda temos bala na agulha para fazer negócio", disse Tanner. "Nós conhecemos todas as empresas de chocolates premium do mundo e sabemos quais compraríamos e de quais fugiríamos".

A compra da americana Russell Stover colocou a Lindt à frente da Nestlé SA, no terceiro lugar do mercado de chocolates da América do Norte, atrás da Hershey Co. e da Mars Inc. Agora, com as economias e moedas dos mercados emergentes em queda, a empresa avalia que tem uma oportunidade de investir a longo prazo.

Pelo menos metade das inaugurações de lojas da empresa neste ano ocorrerão no Brasil, país onde a economia está encolhendo, o real tem perdido força e um escândalo de corrupção ameaça derrubar a presidente Dilma Rousseff.

Perspectivas para o Brasil

"Dilma diz que a recessão continuará por seis ou 12 meses", disse o CEO, de 69 anos. "Mas eu acho que o mercado brasileiro é muito importante, um grande mercado para chocolates, e com a nossa qualidade nós poderemos ir muito mais longe".

A fabricante dos coelhinhos embrulhados em papel alumínio Lindt Easter planeja contar com cerca de 50 lojas brasileiras dentro de três a cinco anos. A empresa entrou no ano passado em uma joint venture com a CRM Group, uma produtora local de chocolates premium, em busca de firmar a marca Lindt no sexto maior mercado de chocolates do mundo.

Tanner disse que ainda não vê necessidade de produzir no Brasil, e em vez disso planeja continuar vendendo no país os chocolates produzidos na Suíça.

"Antes da queda do real, este era um mercado com preços extremamente altos", disse Tanner. "A concorrência era bastante baixa e a qualidade era boa, apenas. Com a CRM, queremos estabelecer a Lindt de um jeito mais firme".

Expansão barata

A desvalorização do real, que está em média 20 por cento mais baixo em relação ao franco neste ano, está tornando a expansão no Brasil mais barata, disse Patrik Schwendimann, analista do Zuercher Kantonalbank em Zurique. Isso vale também para a Rússia, cuja moeda perdeu cerca de um terço do valor.

"No Brasil, eles têm uma vantagem dupla no momento, porque essa joint venture abre portas e porque ficou mais barato investir no país", disse Schwendimann.

A China, onde a Lindt ingressou em 2012, permanecerá em segundo plano por até 10 anos porque o mercado de chocolates premium no país continua sendo pequeno demais, disse Tanner. A China desvalorizou o yuan em 11 de agosto, gerando o temor de que a economia pode estar em uma situação pior do que se previa anteriormente. O país consome 3 por cento do chocolate do mundo, segundo a Euromonitor.

"Não somos suficientes para estabelecer um mercado para o chocolate", disse Tanner. "Eu preferiria me concentrar em lugares onde existe mercado do que arriscar tudo na China, onde não há um mercado para o chocolate". Título em inglês: Lindt CEO Is Still Hungry for Takeovers After Russell Stover    | Corinne Gretler (Bloomberg) --  Leia mais em Bol.Uol 03/09/2015

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