Aproveitando-se da disparada do dólar em relação ao real, a BM&FBovespa reduziu a sua participação na Chicago Mercantile Exchange (CME). A operação envolveu 13,6 milhões de ações da bolsa norte-americana, ou 1% do total das ações da CME, com um lucro preliminarmente estimado em R$ 450 milhões. Após a transação, a Bolsa brasileira segue com uma participação de 4% na companhia, fatia que garante manutenção do assento detido no Conselho de Administração da CME.
Desde meados deste ano analistas que acompanham a companhia apontam sobre a possibilidade da venda de parcela dessa fatia detida na CME. As discussões cresceram no mercado sobre esse desinvestimentos no início do ano diante da valorização das ações da bolsa de Chicago, conjuntamente com a forte alta do dólar em relação ao real.
Analistas acreditavam que a Bolsa reduziria, assim, sua participação, mas não abaixo de 2%, fração que assegura a manutenção de uma cadeira no Conselho da CME, conforme noticiou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, em março deste ano.
Em comunicado ao mercado, a Bolsa informa que "neste momento e sob as atuais circunstâncias, não pretende realizar qualquer alienação adicional de ações de emissão do CME Group". A BM&FBovespa reiterou, no mesmo documento, que o relacionamento estratégico mantido com a CME é importante para a companhia.
A parceria entre as duas bolsas teve início em 2007, sendo que, em 2010, a Bolsa anunciou que aumentaria sua participação na CME para 5%, fatia que era detida até a venda anunciada nesta quarta-feira, 9.
Em relatório enviado ao mercado em fevereiro deste ano, analistas do BTG Pactual afirmaram que a fatia detida pela Bolsa brasileira na CME possuía um "valor escondido", já que na ocasião, segundo cálculos dos profissionais, os 5% detidos representavam 25% do valor de mercado da BM&FBovespa. À analistas, a administração da Bolsa brasileira já havia informado que uma eventual venda de uma fatia da participação detida na CME era assunto constante na mesa para discussão no conselho da companhia.
A Bolsa destacou, no comunicado desta quarta, que a "alienação de parcela das ações do CME Group objetivou rebalancear a composição dos ativos da companhia e não implica alteração nos aspectos fundamentais da parceria estratégica entre as duas bolsas". Os recursos obtidos com a transação, segundo a companhia, serão mantidos em caixa.
Ao final de junho último o caixa e aplicações financeiras da BM&FBovespa atingiram R$ 4,033 bilhões, sendo que, desse total, R$ 1,354 bilhão refere-se às garantias de terceiros depositadas em dinheiro nas clearings da Bolsa e R$ 973,2 milhões a recursos restritos vinculados à estrutura de salvaguardas das clearings. Já os recursos totais disponíveis no final do trimestre chegaram em R$ 1,31 bilhão.
Do valor estimado de lucro com a operação, de R$ 450 milhões, a Bolsa informa que a cifra leva em consideração o saldo contábil do investimento em 30 de junho de 2015 e no preço de fechamento das ações do CME Group em 4 de setembro de 2015. A companhia esclarece ainda que por não se tratar de um resultado recorrente, o mesmo será avaliado pelo Conselho de Administração, que discutirá, assim, a destinação do resultado do exercício.
"O CME Group e a BM&FBovespa entendem ser importante manter tal parceria, que já rendeu valiosos frutos no desenvolvimento de tecnologias, aquisição de know-how, roteamento de ordens, listagem cruzada de produtos e aproximação a clientes globais que operam em nosso mercado atualmente", frisou a Bolsa brasileira.
Segundo a companhia, o fato das duas bolsas terem uma participação cruzada, com cada uma com participação no conselho de administração da bolsa investida, "confere densidade e relevância à parceria". A CME detém uma fatia minoritária na BM&FBovespa de 5,57%, conforme dados que constam no site da Bolsa. Estadão Leia mais em jcrs.uol 09/09/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário