08 agosto 2015

Fitch: bancos médios podem ser novo alvo de fusões e aquisições no Brasil

O desafiador ambiente macroeconômico aumenta a possibilidade de os bancos médios do Brasil serem alvo de fusões e aquisições, segundo a Fitch Ratings.

Para a agência, inflação elevada, taxa de juros alta, contração do Produto Interno Bruto (PIB) e crescentes índices de desemprego afetam os lucros dos bancos e aumentam o desafio de incrementar capital para alcançar os requerimentos de Basileia III, o que cria um cenário propício para transações de fusões e aquisições de bancos médios.

Apesar de o fardo regulatório não afetar os bancos médios brasileiros na mesma proporção que impacta os grandes bancos, limitações regulatórias desafiadoras no exterior e o maior escrutínio de bancos internacionais sobre suas contrapartes têm reduzido o valor relativo dos bancos médios brasileiros. Valores de avaliação mais baixos tornam os bancos médios brasileiros mais atrativos para bancos estrangeiros que enfrentam pressão regulatória menor sobre seus movimentos de expansão internacional. Além disso, muitos bancos brasileiros de pequeno e médio portes têm buscado preservar boa qualidade de ativos, o que diminui o impacto de crédito do ambiente econômico sobre eles, até então relativamente modesto.

Aproximadamente 80% dos ativos do setor bancário nacional estão concentrados nos dez maiores bancos, com grande número de instituições de médio e pequeno portes desempenhando um papel reduzido. Essa concentração crescerá ainda mais quando a aquisição do HSBC Bank Brasil S.A. – Banco Múltiplo pelo Banco Bradesco S.A. (Bradesco), anunciada esta semana, for concluída.

Refletindo esta concentração, os maiores bancos privados do país, Itaú Unibanco Holding S.A., Bradesco e Banco Santander (Brasil) S.A., já contam com ampla gama de produtos e acesso a fontes baratas de captação. Logo, a aquisição de bancos de pequeno o médio portes não lhes traria sinergias relevantes. Assim, o cenário mais provável é de que os bancos médios sejam alvo de novos competidores, como grupos bancários estrangeiros com apetite para investir no país.

Entre eles, instituições chinesas que já realizaram algumas aquisições no país (China Construction Bank Corporation (CCB) e Banco Industrial e Comercial S.A. (Bicbanco), outubro de 2013; Bank of Communications e Banco BBM S.A., em maio de 2015) e outras que já obtiveram licença para operar, como o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) e o Bank of China.

Um cenário possível, mas menos provável, é o de fusões entre os bancos médios e pequenos no Brasil. Muitos destes bancos têm controle familiar, o que geralmente aumenta os desafios para integrar operações e alinhar culturas corporativas de executivos e controladores. Além disso, tais transações tenderiam a não resultar em acesso a capital e captação menos onerosos, um aspecto essencial para estas transações, à medida que aumentariam a competitividade com os grandes bancos. Leia mais em jb 07/08/2015

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