A Petrobras estuda dividir sua subsidiária de gás e energia, a Gaspetro, em duas empresas para colocá-las à venda. A estratégia faz parte do plano da empresa de vender ativos para reforçar o caixa e reduzir o endividamento. Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, de um lado estaria todo o negócio de comercialização de gás, que inclui participações em distribuidoras e gasodutos de transporte do combustível. Do outro, as usinas térmicas.
As negociações, intermediadas pelo banco Itaú BBA, estão avançadas. A empresa mais cotada para fechar negócio é a japonesa Mitsui Gás e Energia, interessada na área de distribuição. Ela já é sócia da Petrobras em oito distribuidoras e é alvo de investigação da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
O grupo controlador da Mitsui ganhou destaque na imprensa este mês, quando vieram à tona denúncias sobre o pagamento de propina ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O caso é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
As acusações surgiram em depoimento do doleiro Alberto Yousseff, na Lava Jato. Yousseff afirmou que o deputado requereu informações detalhadas sobre contratos fechados entre a Mitsui e a Petrobrás para pressionar o grupo japonês a voltar a pagar propinas. O presidente da Câmara nega as acusações e disse desconhecer os requerimentos feitos pelo Congresso para ter acesso aos contratos da Mitsui.
Distribuidoras
A Gaspetro está presente em 19 distribuidoras de gás, localizadas em todas as regiões do País. É sócia da GasBrasiliano, localizada no noroeste de São Paulo, e da Ceg, no Rio de Janeiro. Possui também participação em três empresas de geração de energia, em uma de comercialização e logística de gás natural liquefeito (GNL), produto importado e usado como matéria-prima para a produção de energia em térmicas, e possui uma empresa de aproveitamento de subprodutos de carvão, a Indústria Carboquímica Catarinense (ICC).
Subsídio
Nas distribuidoras e térmicas, a venda de ativos exigirá uma transformação no modelo de gestão. Atualmente, as decisões empresariais não são pautadas apenas pelo lucro. Muitas vezes, o gás natural vendido para a produção de energia é subsidiado para garantir o abastecimento de eletricidade no País, principalmente neste momento de crise em que as usinas hidrelétricas estão produzindo pouco, por causa da seca que atinge os reservatórios.
Em 2014, a área de gás e energia da Petrobras registrou prejuízo de US$ 410 milhões, por causa, principalmente, do aumento do custo com a importação de GNL, cujo preço é afetado pela variação do dólar em comparação ao real.
Geração térmica
Para um integrante do governo que não quis se identificar, o fato de a Petrobrás sair do negócio de GNL não atingirá imediatamente a geração térmica, que depende do gás para produzir energia a um custo menor.
Como os contratos de fornecimento do combustível para as usinas são de longo prazo, mesmo que a Gaspetro seja vendida, as distribuidoras de gás que estavam sob seu comando terão de continuar vendendo o produto a preços subsidiados enquanto durarem os acordos já firmados.
A Mitsui participa da Algás (AL), Bahiagás (BA), Cegás (CE), Compagás (PR), Copergás (PE), Pbgás (PB), SCgás (SC) e Sergás. Em todas, é sócia da Gaspetro. Juntas, essas empresas respondem por 8% do mercado distribuidor de gás no País. Procurada, a Mitsui informou que "não comenta rumores e especulações de mercado". Já a Petrobrás não se posicionou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Fernanda Nunes e Antonio Pita Leia mais em atarde.uol 16/06/2915
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