05 junho 2015

Fusões e aquisições têm maior participação de private equity

De janeiro a abril, número de negócios envolvendo investidores financeiros cresceu 39,1%, de acordo com PwC

Os fundos de private equity iniciaram o ano com apetite redobrado por fusões e aquisições: a participação de investidores financeiros nesse tipo de operação saltou 39,1% nos primeiros quatro meses de 2015, na comparação anual, de acordo com levantamento da consultoria

PricewaterhouseCoopers (PwC). Entre janeiro e abril, os fundos somaram 128 participações em fusões e aquisições ocorridas no Brasil, contra um total de 92, registrado no primeiro quadrimestre de 2014. O movimento é alimentado por uma combinação de fatores que inclui valorização do dólar frente ao real, restrições de crédito e dificuldades para captar recursos via IPO (oferta pública inicial) e emissões de bônus.

A alta da moeda americana — que favorece a compra de ativos brasileiros, mais baratos em dólar — ajudou a elevar levemente o volume de operações de M&A (sigla em inglês para fusões e aquisições) no período. Segundo o levantamento da PwC, ocorreram no país 268 fusões e aquisições entre janeiro e abril deste ano. O total é apenas 2,68% superior ao patamar de 261 operações atingido em igual período de 2014. “Não esperávamos um primeiro semestre diferente em 2015”, reconhece Christian Gamboa, sócio da PwC e líder da área de Private Equity, acrescentando que a “turbulência macroeconômica” deixa o investidor estratégico mais reticente em aplicar no país.

Ao contrário dos investidores financeiros, que tendem a vender suas participações num horizonte máximo de sete anos, os estratégicos costumam permanecer por tempo indeterminado como sócios no negócio. “De maneira geral, os fundos de private equity brasileiros e estrangeiros estão muito ativos neste início de ano”, constata Gamboa. Como captam recursos em dólar para investimento, tanto os fundos brasileiros como os estrangeiros de private equity foram beneficiados pela subida na cotação do dólar frente ao real. Além do câmbio favorável, os fundos de participações acionárias se beneficiam do cenário mais restritivo em termos de crédito para as empresas. “O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) está menos ativo e os juros altos encareceram os financiamentos”, resume o executivo da PwC.

As dificuldades para captar recursos por meio de ofertas públicas iniciais ou emissões de títulos também empurram as empresas em direção aos fundos de private equity. “Com pouca liquidez e baixo apetite por risco, a bolsa está num patamar ruim, não há janela para IPOs”, sustenta Sérgio Almeida, sócio-diretor da consultoria Value Bridge. O desânimo em torno do mercado de ações também desestimula fusões e aquisições baseadas em troca de ações.

Embora ainda não disponha de números fechados para maio, Almeida acredita que os primeiros cinco meses de 2015 devem terminar com queda no volume de operações de M&A. Até o fim da semana passada, haviam sido computadas 275 operações, contra 346 no mesmo período de 2014. O volume de recursos movimentado também encolheu, passando de R$ 28 bilhões para R$ 22,1 bilhões, diz o consultor. “A lista de operações em 2015 está muito pulverizada em termos de setores. Tem de tudo: saúde, software, alimentos, geração de energia elétrica...”, lista.

Codiretor para a América Latina da Actis, Chu Kong conta que o foco da empresa de private equity — para investimentos no Brasil — continua nos setores de consumo, serviços financeiros e saúde, mas o cenário marcado por restrição de investimentos e desaceleração econômica levou a correções de rota. Como exemplo, ele cita o setor de bens de consumo não duráveis, que perdeu prioridade em relação a segmentos que continuam a crescer vigorosamente, como o de educação. “O ritmo de expansão do setor de educação vai diminuir, sim, mas continuará interessante”, afirma Kong. “O financiamento privado vai ocupar o espaço deixado pela diminuição de recursos do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil)”. A Actis investe prioritariamente em companhias na África, na China, na Índia, no Sudeste da Ásia e na América Latina. Rodrigo Carro | Leia mais em brasileconomico 05/06/2015

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