O diretor-presidente da Fiat Chrysler Automobiles FCA.MI -1.60% NV, Sergio Marchionne, está contatando fundos de hedge e outros potenciais aliados na tentativa de levar a General Motors Co. GM +0.86% a uma fusão com a montadora ítalo-americana, dizem várias pessoas a par da situação.
A caça a investidores externos dispostos a apoiá-lo em seu projeto de consolidação é apenas o passo mais recente da investida agressiva de Marchionne para encontrar um parceiro para sua montadora. Mas contatos com investidores ativistas — poucos meses depois que a GM concordou em se curvar à pressão de fundos de hedge e recomprar bilhões de dólares em ações — ainda não rendeu um aliado de peso, dizem as pessoas. Uma estratégia similar poderia ser empregada com pelo menos uma montadora europeia, acrescentam as fontes.
Alguns analistas caracterizam o discurso de Marchionne de que a indústria precisa de mais consolidação como um ato de desespero que reflete o fraco desempenho da Fiat Chrysler. Embora a empresa, que tem um valor de mercado de US$ 108 bilhões, seja lucrativa, um eventual desaquecimento do setor e os custos futuros para cumprir novas regras de emissões de poluentes e investir em novas tecnologias criam riscos consideráveis.
Marchionne foi encorajado pelo sucesso recente que investidores ativistas tiveram com a GM. Agora, ele vê esses investidores como um meio para impor uma consolidação maior à fragmentada indústria automobilística. Há meses o executivo de 62 anos argumenta que o excesso de produção, especialmente na Europa, a multiplicidade das infraestruturas de engenharia e outros custos precisam ser reduzidos para aumentar a rentabilidade. Ele apresentou esses argumentos a várias montadoras em todo o mundo com o apoio do presidente do conselho da Fiat Chrysler.
Ainda assim, com margens de lucro bem abaixo das exibidas pelas rivais, a empresa está longe de ser um parceiro atraente para uma fusão. A margem operacional nos Estados Unidos, por exemplo, foi de 3,7% das vendas no primeiro trimestre, metade da registrada pela GM.
Executivos da Fiat Chrysler e da GM não quiseram comentar.
O histórico das relações entre a GM, a Fiat e Marchionne é salpicado de discórdias. Em 2005, o executivo fez a GM pagar US$ 2 bilhões para ser dispensada da obrigação de comprar o abatido negócio de veículos da Fiat. Essa briga também levou as empresas a dissolver uma parceria de cinco anos para produzir conjuntamente motores e transmissões.
A GM resistiu a investidas mais recentes da Fiat Chrysler, incluindo uma proposta de fusão das duas empresas apresentada à diretora-presidente Mary Barra. A GM tem mais escala e fez a transição para uma arquitetura global de veículos em muitos de seus produtos, uma medida importante que reduz a duplicação de trabalho e aumenta a eficiência da produção.
A GM já completa quase dez anos de uma consolidação interna que, segundo seus executivos, foi eficaz em aparar bilhões de dólares em custos, impulsionando a empresa a uma posição de liderança no que se trata de retorno sobre o capital investido. Barra tem afirmado com frequência que a equipe de gestão não vai permitir que distrações a desviem desse objetivo.
Um grupo de investidores ativistas, liderados pelo ex-gestor de fundo de hedge Harry Wilson, procurou Barra no início deste ano para pressionar a GM a concordar com uma recompra de ações de US$ 8 bilhões. A GM, que já havia anunciado um caro plano de dividendos e estudava medidas adicionais para recompensar seus acionistas, concordou com uma recompra de US$ 5 bilhões, poupando Barra de outras disputas sobre assentos no conselho de administração.
A ação da GM fechou ontem em US$ 34,99, US$ 2 acima de seu preço na reestreia na bolsa, em 2010.
Marchionne vê o sucesso da equipe de fundos de hedge de Wilson como um motivo para considerar uma abordagem mais agressiva em relação à GM.
Ele acredita que a liquidez da GM possa ser melhor usada para aumentar sua escala, em vez de recomprar ações, diz uma fonte. A disposição de Barra de cooperar com investidores ativistas nos últimos meses sugere que outro investidor poderia convencer a GM a retornar à mesa de negociação, diz uma pessoa a par da situação.
Marchionne confirmou ter entrado em contato com outros executivos em meses recentes. Na semana passada, ele disse que esses contatos não foram necessariamente para fazer a mesma proposta feita a Barra. Ao se interessar pela GM, que é a maior montadora dos EUA e terceira maior do mundo em vendas, Marchionne está colocando na mira uma empresa que já flertou com a possibilidade de parcerias em sua história recente.
Em 2006, o diretor-presidente da Nissan Motor Co. NSANY -1.72% e da Renault AS, Carlos Ghosn, uniu-se ao investidor bilionário Kirk Kerkorian para propor uma expansão da parceria que incluísse a GM. Executivos da GM passaram semanas investigando uma possível associação com a Nissan-Renault, mas concluíram que não valeria a pena arriscar.
Em 2008, quando a GM e a Chrysler Corp., que na época estava nas mãos de uma empresa de private-equity, rumavam para processos de recuperação judicial, seus executivos exploraram uma aliança para sobreviver, mas depois abandonaram a ideia. A diretora-presidente da GM está convencida de que fusões muito grandes raramente funcionam e de que a montadora tem escala suficiente para sobreviver sozinha. Ela vai defender seu ponto de vista hoje, na reunião anual de acionistas em Detroit.
Marchionne disse acreditar que, nos próximos anos, a indústria automobilística passará por uma consolidação em torno de três empresas, cada uma delas produzindo certa de 15 milhões de carros por ano. A Volkswagen AG VOW.XE -0.99% , a Toyota Motor Corp. 7203.TO -0.72% e a GM são hoje as maiores do setor, produzindo cerca de 10 milhões de carros anuais cada. A Fiat Chrysler ocupa uma distante sétima posição, com 4,7 milhões de veículos montados em 2014. Por ERIC SYLVERS e JOHN D. STOLL CONNECT Leia mais em Thewallstreetjournal 09/06/2015
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