A desaceleração da economia brasileira afeta diretamente as empresas que estão com dívidas e, principalmente, as que dependem de financiamentos ou de renegociações de seus débitos para continuarem suas operações a médio prazo. Pode parecer uma afirmação um tanto radical, mas essa é a realidade vivida por grande parte das médias empresas brasileiras que, consequentemente, passam a sofrer mais após as novas medidas sancionadas pelo governo. O cenário tende a piorar para o empresariado que está com a corda no pescoço e já visualiza uma recuperação judicial.
As dificuldades enfrentadas pelos Bancos implicam um aperto de crédito, o que dificulta mais ainda a capacidade de financiamento das empresas. Se antes, conseguir levantar caixa a juros interessantes era um passo importante, hoje, percebemos um aumento de empresas que passarão por processo de reestruturação buscando venda parcial de ativos ou mesmo venda total.
Diríamos que é o momento oportuno para ambos os lados do negócio, tanto para os fundos, que há anos estão vislumbrando a entrada no mercado de infraestrutura e de serviços e com a crise conseguem ativos com valores mais baixo, quanto para o empresariado que se vê sem alternativa e precisa sair da situação de crise o mais rápido possível sem perder muito.
Esse cenário provoca a movimentação de fundos de investimentos tanto nacionais, quanto estrangeiros. Esse movimento é de interesse na compra de ativos de empresas que estão em recuperação financeira. A venda de ativos é uma das principais alternativas para garantir fôlego financeiro de empresas que estão com seus créditos bloqueados e encontram as portas fechadas para novas linhas de crédito, por exemplo.
O caso da operação Lava Jato, por exemplo, também tem impacto direto na escala dos fornecedores da Petrobras, o que é uma forte consequência dada a falta de crédito no mercado e do alto endividamento de algumas delas. Uma das alternativas é a venda de ativos o mais rápido possível, antes que a empresa entre em profunda desvalorização e perca mais dinheiro. Segundo a apuração da Agência Estado (AE), a OAS, uma das investigadas, já avalia a venda de ativos em função do não pagamento de uma debênture que venceu neste início de ano e de juros de uma emissão externa. Para sair da crise, estaria, segundo levantou a AE, à venda três estádios de futebol e os negócios na área de saneamento. Portanto, avaliar o patrimônio e vendê-lo é uma saída rápida e eficiente.
De fato, uma empresa em crise, tendo bons números e previsão concreta de retomada de crescimento, é uma boa oportunidade para private equity ou para passar a empresa adiante. A venda da participação daria fôlego financeiro necessário para enfrentar seu pior momento. Contudo, muitos empresários acabam tendo um olhar enviesado e receoso para esse tipo de oportunidade. A questão que vem a mente, primeiramente, é o controle da empresa que está em jogo quando o assunto é vender participação, por exemplo. No entanto, utilizar esse recurso e as experiências que os investidores carregam pode concretizar a expectativa de expansão ou saída de uma crise a ponto de direcionar a empresa a um novo patamar de crescimento. Entender bem a proposta é fundamental e a entrada de um fundo comandando a gestão pode ser a melhor decisão a ser tomada, visto que segundo dados da Confederação Nacional da Indústria, cada vez mais empresas têm dificuldade de quitar suas dívidas e têm conseguido menos empréstimos do que precisam.
Entretanto, não basta apenas precisar de capital, os investidores estão de olho em diferenciais importantes e buscam aspectos que envolvem a capacidade de inovação que pode estar presente nos processos, nas estratégias comerciais, no modelo de negócio e de marketing. Além disso, há interesse em produtos e serviços que garantam vantagens competitivas, rentabilidade e mercado com potencial de expansão. *Vincent Baron é franco brasileiro e sócio-diretor de empresa que presta consultoria de gestão e negócios. É especializado em processos de fusões & aquisições (M&A), turnaround, reestruturação, compra e venda de empresas brasileiras e estrangeiras. Leia mais em oregional 24/06/2015
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