10 abril 2015

Vinci aposta no setor imobiliário em meio à queda de preços

A Vinci Partners Investimentos, empresa brasileira de private equity e gerenciamento de ativos, está apostando no setor imobiliário do Brasil em meio à desaceleração da economia e à contração do crédito corporativo que estão reduzindo o preço dos ativos.

"A maior parte das empresas do setor imobiliário no Brasil está sendo negociada abaixo do valor dos ativos", disse Alessandro Morgado Horta, presidente da Vinci, com sede no Rio de Janeiro, em entrevista no dia 26 de março em São Paulo. "Se você vender os imóveis dessas empresas, conseguirá um preço melhor do que se vender as ações", disse ele.

A Vinci se comprometeu a injetar até R$ 300 milhões (US$ 98 milhões) em um aumento de capital que pode chegar a R$ 500 milhões para reestruturar a PDG Realty SA Empreendimentos Participações, uma incorporadora imobiliária cujo valor de mercado está em menos de um quinto de seu valor patrimonial contábil. O Grupo BTG Pactual e a Brookfield Property Group anunciaram planos de pagar até R$ 3,58 bilhões para fechar o capital da BR Properties SA, uma imobiliária cujo valor de mercado equivale a cerca de 63 por cento do valor patrimonial, disseram as empresas em fevereiro.

O preço dos imóveis caiu 3,1 por cento nos três primeiros meses deste ano, descontada a inflação, de acordo com o índice FIPE ZAP de preços de imóveis residenciais, ao mesmo tempo em que o governo luta para evitar um rebaixamento da sua nota de crédito em meio às previsões de uma recessão. Economistas consultados pela Bloomberg projetam que a economia vai se contrair 0,75 por cento neste ano. O Ibovespa, índice brasileiro de referência das ações, caiu quase 12 por cento nos últimos sete meses e a moeda sofreu uma desvalorização de 27 por cento.

"O momento do Brasil é complexo, o país não está na melhor forma para atrair capital, mas, também em função disso, tem muitas oportunidades", disse Horta.

'Pechinchas'

José Berenguer, presidente do JPMorgan Chase Co. no Brasil, disse em uma entrevista no mês passado que os investidores estão procurando pechinchas no mercado, "mas eles não estão com pressa".

As ações da PDG caíram cerca de 80 por cento desde agosto de 2012, quando a Vinci investiu R$ 480 milhões em um aumento de capital para reestruturar a dívida da PDG. Depois de comprar ações no mercado secundário, a Vinci agora tem uma participação de quase 30 por cento da PDG, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Se a Vinci injetar R$ 300 milhões no próximo aumento de capital e nenhum outro acionista participar, a empresa obteria uma participação de quase 49 por cento na PDG.

"Em 2012, quando investimos na PDG, a economia era diferente; agora temos uma recessão e taxas de juros mais altas", disse Horta, acrescentando que a PDG foi o único investimento de private equity feito pela Vinci cujo valor diminuiu. Um representante da PDG não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Shopping centers

A Vinci, fundada em 2009 por antigos sócios do Banco Pactual SA, um predecessor do Grupo BTG Pactual, também está levantando um fundo para investir em imóveis comerciais e shopping centers, disse Horta. O fundo possui R$ 500 milhões em ativos totais e a Vinci está planejando levantar outros R$ 300 milhões, disse ele.

Private equity equivale a cerca de R$ 5 bilhões dos R$ 18 bilhões que a Vinci administra, disse Horta. Fundos de crédito, fundos imobiliários, fundos acionários, fundos de hedge, assessoria financeira e gestão de patrimônio são as outras linhas de negócios da Vinci, de acordo com seu site.

Horta, um dos sócios fundadores da Vinci, assumiu o cargo de CEO no fim do ano passado, quando Gilberto Sayão se afastou. Horta e Sayão, que estudaram engenharia na mesma universidade no Rio de Janeiro, continuam sendo os dois maiores acionistas da Vinci. A empresa tem cerca de 200 funcionários, vinte deles no escritório de Nova York. Lywal Salles, ex-presidente do UBS AG no Brasil, foi nomeado consultor sênior no início deste ano.

Quatro casos

Os negócios de private equity da Vinci possuem investimentos em 11 empresas e quatro delas são casos de reestruturação, disse Horta, mencionando a PDG, a fabricante de telhas Cecrisa Revestimentos Cerâmicos SA, a distribuidora de energia Equatorial Energia SA e a locadora de veículos Unidas SA. Um representante da Equatorial não quis comentar e as demais empresas não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.

"O Brasil tem muitas vantagens para os investimentos de private equity porque é possível gerar grandes retornos com o aumento da produtividade ao administrar uma empresa", disse Horta.

Título em inglês: 'FormerBTGPartnersBeton Real Estate in Brazil as PricesSink'  Cristiane Lucchesi e Francisco Marcelino (Bloomberg) -  Leia mais em Bol.Uol 09/04/2015

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