A evolução do mercado de investimentos brasileiro desde seu início, na década de 1980, até hoje, e os seus próximos desafios, na visão de quem está na linha de frente da indústria.
A indústria mundial de Private Equity e Venture Capital (PE/VC), da forma que conhecemos, só começou a existir em meados da década de 1950 quando profissionais americanos se juntaram para investir de forma organizada em empresas privadas. No Brasil, no entanto, essa prática só foi iniciada na década de 1980.
Nesta época, existiam poucos gestores no Brasil que investiam apenas em Venture Capital. Segundo dados de recentes pesquisas do Insper, em parceria com a Spectra, esta estratégia obteve retornos pouco expressivos. Contudo, no período seguinte, entre 1994 e 1998, o cenário mudou pouco. A indústria passou a registrar investimentos também em empresas de maior porte (Private Equity), mas ainda em pequena escala, com retornos também pouco significativos.
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Os anos seguintes foram marcados por crises internacionais e pela bolha da internet. Mesmo assim, entre 1999 e 2005, a indústria local iniciou seu primeiro período de amadurecimento, com o surgimento de diversas novas gestoras e a captação de fundos de tamanhos expressivos. Em paralelo, houve o renascimento do mercado de capitais local, o que favoreceu a indústria de PE/VC e impulsionou a entrada de gestoras internacionais no País. De maneira geral, os fundos de PE e VC no Brasil passaram a performar melhor que os dos EUA, como mostram as pesquisas do Insper/Spectra.
Por fim, entre 2006 e 2014 houve a última etapa de maturação da indústria, com a consolidação de gestoras que surgiram no período anterior. A captação de uma série de novos fundos e a criação de mais de duas centenas de novas gestoras completaram a base do mercado.
Dito isso, a indústria ainda está longe da realidade na qual se encontram os países desenvolvidos e, em especial, os Estados Unidos. Enquanto no Brasil, segundo dados da Abvcap e KPMG, a indústria de capital de risco possui cerca de R$100bi de capital para investimento, nos Estados Unidos essa quantia é 20 vezes maior. A relação entre o capital investido por ano e o Produto Interno Bruto também ilustra essa defasagem: é cerca de três vezes menor aqui do que em países desenvolvidos. O mesmo se repete com o número de gestoras, enquanto nos Estados Unidos, segundo pesquisa da Preqin, há cerca de 770 (apenas de Venture Capital), no Brasil, esse número não chega a 80 (também apenas em Venture Capital).
Com base nesse histórico, o que devemos ver nos próximos anos é o estágio já maduro da indústria local, incluindo o surgimento de mais gestoras, regando o mercado com capital de risco e auxiliando principalmente empresas de pequeno porte a atingirem novos patamares. A contínua evolução do mercado de capitais e de fusões e aquisições também tornará este mercado cada vez mais atrativo. Sendo assim, muito já foi feito para que a indústria se tornasse o que é no Brasil, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido, quando comparamos o cenário atual com mercados desenvolvidos.
Rafael Bassani é Associate Partner na Spectra Investments. Artigo originalmente publicado no Portal Endeavor Leia mais em yahoo 20/04/2015
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