02 abril 2015

Aqua Capital compra controle da Grand Cru

Com a aposta de que o consumo de vinho se tornará um hábito dos brasileiros, a gestora de fundos Aqua Capital fechou a compra do controle da Grand Cru, importadora e maior rede de lojas da bebida do Brasil. O valor do negócio não foi revelado.

Fundada em 2002 pela família argentina Levy, que permanece à frente do negócio, a Grand Cru registrou faturamento de R$ 100 milhões no ano passado, um crescimento de 10% em relação a 2013, segundo Sebastian Popik, sóciodiretor da Aqua, gestora com foco nos setores do agronegócio alimentos e logística.

Com os recursos do fundo, o plano é dobrar a receita até o fim de 2017 e expandir a rede até chegar a 70 lojas. A Grand Cru conta hoje com 40 unidades próprias e franquias e prevê inaugurar dez novos pontos neste ano. A expectativa de crescimento é baseada na penetração ainda baixa da bebida em relação a outros países.

O consumo per capita de vinho no Brasil hoje é de dois litros por ano, enquanto em países europeus são consumidos 40 litros de vinho por ano. O modelo, porém, é o mercado americano, onde o consumo individual é de 15 litros por ano e está em crescimento. “O Brasil está apenas entrando na era do vinho”, diz Popik. Além da tendência de aumento no consumo no país, a gestora vê na Grand Cru uma forma de melhorar a experiência dos clientes com o produto. “A maior parte das pessoas escolhe o vinho de acordo com o preço, não pela proposta”, diz Mariano Levy, fundador e presidente da Grand Cru. Para ele, os pontos tradicionais de venda, como os supermercados, não são concorrentes e podem tornar­se uma porta de entrada para novos clientes da rede. Um dos desafios é mostrar que o atendimento diferenciado não se traduz em preços mais caros. “Temos vinhos de qualidade a partir de R$ 27.”

O segredo, diz Levy, está na busca por rótulos de vinícolas pequenas e médias, das quais a empresa consegue adquirir bons produtos a preços melhores. A Grand Cru possui contatos com aproximadamente 110 vinícolas, de produtores mais tradicionais, como Chile e Argentina, até de localidades menos conhecidas, incluindo Hungria e Líbano.

O formato das lojas da Grand Cru é considerado único mesmo para os padrões internacionais. “Não se vê esse tipo de loja nem em cidades como Nova York”, afirma o executivo da Aqua, que vislumbra, para um prazo mais longo, a possibilidade de internacionalizar o negócio. Além das lojas físicas, a empresa pretende reforçar o canal de vendas pela internet. A recente alta do dólar deve ter impacto sobre a Grand Cru, que importa a maior parte dos produtos, segundo Popik.

A empresa acredita, porém, na capacidade de substituir os vinhos que ficarão mais caros em reais por marcas alternativas e de qualidade equivalente. “Quem começa a consumir bons vinhos dificilmente volta atrás”, afirma. A aquisição do controle da Grand Cru é a quarta do fundo de private equity de US$ 220 milhões (aproximadamente R$ 650 milhões) da Aqua. A gestora também possui investimentos na empresa de fertilizantes Aminoagro, e nas companhias de logística Comfrio e Stock Tech, que pelas mãos do fundo passarão por uma fusão. Por Vinícius Pinheiro | De São Paulo Valor Econômico – SP Leia mais em sbvc 02/04/2015


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