19 março 2015

GP deve pagar R$ 200 milhões por fatia da BR Insurance

A GP Investments, gestora de private equity (que compra participações em empresas), deve investir cerca de R$ 200 milhões para adquirir uma fatia minoritária na holding de corretoras de seguros Brasil Insurance, conforme apurou o Broadcast , serviço em tempo real da Agência Estado . Imersa em uma reestruturação desde o ano passado, que fez com que suas ações despencassem na Bolsa, a empresa chegou a conversar com outros investidores como a Gávea, as corretoras Marsh e Qualicorp, além de ex-sócios, antes de conceder exclusividade ao fundo brasileiro, conforme fato relevante publicado ontem. O anúncio vem a reboque da contratação do Morgan Stanley como assessor financeiro para encontrar uma saída para a crise que a holding, com 52 corretoras de seguros, enfrenta. Em 12 meses, as ações da Brasil Insurance amargam queda superior a 78%. Em março, os papéis da empresa registram alta de 17%, beneficiados pela depreciação do ativo, de acordo com fontes. O valor de mercado da Brasil Insurance é de R$ 220 milhões. Há um ano, era R$ 1,4 bilhão.

No pregão de ontem, as ações também reagiram de forma negativa ao anúncio de exclusividade com a GP. Um analista que acompanha a empresa lembra que o fato relevante indica que será realizada uma emissão primária, quando os recursos entram para o caixa da empresa. “A Brasil Insurance não precisa de recursos, mas de vendas (de seguros)”, diz uma fonte do mercado. Se o aporte da GP se concretizar, os atuais acionistas serão diluídos. Apesar disso, Miguel Longo, diretor presidente da Brasil Insurance, diz que o movimento será vantajoso já que os fundos de private equity costumam influenciar a gestão das empresas investidas. “Nosso desafio é entender como esse aporte, que não é só financeiro, vai ajudar a Brasil Insurance. O valor de mercado da empresa está abaixo do que ela pode vir a ser. A companhia não está sabendo otimizar todo o conhecimento que tem”, diz ele, em entrevista ao Broadcast .

O modelo de atuação da Brasil Insurance, conhecido no mercado como roll up (quando pequenas empresas de um mesmo setor são adquiridas e incorporadas), começou a ser colocado em xeque pelo mercado quando uma de suas corretoras, a 4K Seguros, teve sua performance prejudicada por conta da perda de um cliente que respondia por mais de 90% do seu resultado.

Desafios

Além disso, com fim do período de não competição e de obrigação de retenção das ações que as corretoras receberam na época da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da empresa no ano que vem, reter os sócios passou a ser outro desafio para a holding, o que também pesou sobre o desempenho das ações.

Como tentativas para sair da crise e integrar as 52 corretoras adquiridas desde sua abertura de capital, a Brasil Insurance contratou a consultoria Falconi, para ajudá-la neste processo e também elegeu um novo presidente, Edward Lange, ex-Allianz, que não ficou nem um ano à frente da holding. Em seu lugar, assumiu Miguel Longo, que até então era diretor financeiro e passou a acumular as duas funções. O executivo conta que o processo de integração foi paralisado em dezembro do ano passado para uma “calibragem” e deve ser retomado em abril com previsão de ser concluído até julho próximo. Sobre a estratégia da holding para manter os só- cios na empresa, o presidente diz que há um plano na mesa para discutir como conselho de administração. Ele, no entanto, não detalha essa estratégia. Assim como também, não deu mais informações sobre o volume de aporte da GP e sobre o prazo para que a transação seja concluída.

Desde que abriu capital, em 2010, a Brasil Insurance investiu quase meio bilhão de reais em aquisições. A empresa nasceu com 27 unidades, quando fez a sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e seu objetivo era acoplar ao todo 80 corretoras. Este número, porém, deve permanecer estacionado em 52 uma vez que seu foco é integrar as corretoras e crescer organicamente. A Brasil Insurance anuncia seus resultados do ano passado no dia 23 de março. Até setembro último, o lucro líquido contábil da empresa caiu 57,3%, para cerca de R$ 38 milhões.Procurada, a GP Investments não comentou o assunto. 19/03/2015 / Leia mais em Sonho Seguro 19/03/2015

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