A CGN Meiya Power Holdings Co. está em negociações para investir R$ 2 bilhões (US$ 638 milhões) em parques eólicos brasileiros e esta seria a primeira vez que uma empresa chinesa de energia se aventura no mercado eólico da América Latina, disseram pessoas com conhecimentos diretos do assunto.
A CGN Meiya está em negociações para adquirir uma participação minoritária em dois projetos que estão sendo desenvolvidos pela Casa dos Ventos, disseram três fontes próximas às negociações, que solicitaram anonimato porque o assunto é confidencial. Combinados, os complexos eólicos têm uma capacidade de 392 megawatts e estarão prontos para entrar em funcionamento em setembro.
À medida que o mercado chinês de energia renovável amadurece, produtores de energia como a CGN Meiya, com sede em Hong Kong, estão buscando outros lugares para alimentar um crescimento mais rápido. A China contava com 89,5 gigawatts de capacidade instalada para produzir energia eólica no ano passado, quase 15 vezes os 6 gigawatts do Brasil, de acordo com a Bloomberg New Energy Finance.
"Este é um momento apropriado para as empresas chinesas entrarem no Brasil", disse Elbia Silva Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). "O mercado de energia eólica está iniciando uma etapa de consolidação, em que há poucas incertezas. É possível prever a rentabilidade e as condições".
Os bancos e o governo da China estão incentivando mais investimentos no exterior, disse Zhou Yiyi, analista em Xangai da Bloomberg New Energy Finance.
Política de 'sair'
"A política de 'sair' da China estimula as empresas chinesas a conduzir mais negócios cross-border", disse Yiyi em mensagem enviada por e-mail. "Algumas grandes companhias chinesas de energia eólica estão recebendo empréstimos para realizar atividades no exterior, como aquisições e desenvolvimento de projetos".
A Casa dos Ventos é a maior desenvolvedora eólica da América Latina, com 1,08 gigawatts em projetos em construção. Uma vez que a compra dessa participação se concretizar, a CGN Meiya poderia considerar a aquisição do restante dos dois complexos eólicos, o que poderia levar o valor do negócio a R$ 2 bilhões.
A CGN Meiya não respondeu imediatamente a um e-mail com um pedido de comentário. Os porta-vozes da Casa dos Ventos em São Paulo não quiseram comentar.
Não há empresas chinesas desenvolvendo ou operando parques eólicos atualmente no Brasil. A última vez em que uma empresa chinesa teve negócios no Brasil foi em 2011, quando a Sinovel Wind Group Co. assinou contratos para fornecer 35 megawatts em turbinas para a Desenvix, a unidade de energia da Engevix Engenharia SA.
As empresas chinesas estão estabelecendo presença em outras partes do setor energético brasileiro. A State Grid Corp. of China tem mais de 6.000 quilômetros de linhas de transmissão no Brasil e a China Three Gorges Corp. possui ativos de geração hidrelétrica no país.
"As empresas chinesas agora estão analisando o mercado eólico para reforçar a presença no Brasil", disse Gannoum.
Título em inglês: Chinese Energy Company Said in Talks to Buy Brazil Wind Assets | Vanessa Dezem (Bloomberg) - Leia mais em UOL 25/03/2015
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