Rafael Somoza (à esq.) e Jose Stella: mais da metade dos investimentos será destinada ao Brasil, para construir mil torres em dois anos; outros 500 ativos serão destinados à Colômbia e ao México
Um grupo de investidores liderados pela americana Accel Partners fez um aporte de US$ 100 milhões na QMC Telecom International, empresa que constrói, aluga e administra torres de telefonia móvel para as operadoras. A QMC foi fundada em Porto Rico, em 2008, e tem operações no Brasil (desde 2012), Colômbia e México. O grupo Santo Domingo participou da rodada com a equipe de gestão e os investidores existentes, incluindo o Housatonic Partners. Com essa nova série, a QMC totaliza US$ 172 milhões de capital levantado.
A unidade brasileira vai absorver mais de 50% do novo investimento, segundo Jose Stella, sócio-fundador da QMC. O ritmo de trabalho compreende a construção de 40 a 50 torres por mês. A empresa já possui cerca de 500 torres no país e planeja mais mil unidades dentro de dois anos. O portfólio inclui equipamentos "indoor", usados para melhorar o sinal celular em grandes construções, como shopping centers e estádios.
O foco da empresa é construir os ativos sob demanda, mas também faz aquisições se surgem boas oportunidades.
O projeto para o México e a Colômbia prevê a construção de mais 500 torres ao todo. "Vai depender do que acontecerá no México", diz Rafael Somoza, sócio-fundador da QMC. Ele se refere aos desdobramentos do processo imposto pela agência reguladora mexicana para que o grupo de telecomunicações do mexicano Calos Slim acabe com o monopólio na telefonia. Com a América Móvil - dona da Claro e Embratel/Net no Brasil -, Carlos Slim controlava cerca de 70% da telefonia móvel e 80% da fixa no mercado mexicano, até o ano passado. Já foram iniciados alguns movimentos pelo empresário, com a venda de ativos, e esse índice está diminuindo. Ao reduzir a concentração, Slim abre mercado para outras empresas, como a QMC.
"É o nosso maior investimento na América Latina", disse ao Valor John Locke, sócio da Accel, ao falar do aporte na QMC. "Nossa meta é fazer parcerias com os melhores empreendedores no mundo, como a Flipkart, em Bangalore; Supercell, em Helsinki; ou QMC, em São Paulo."
A Accel tem oito investimentos no Brasil, em empresas de tecnologia e inovação. O grupo foi um dos investidores, por exemplo, no Facebook, em sua fase inicial. No segmento de mobilidade, os investimentos são em comércio eletrônico e comércio via dispositivos móveis. De modo geral, o foco é nos mercados consumidor e empresarial, principalmente nas áreas de internet, software e serviços móveis. "Mas o único investimento em torres é na QMC e continuará a ser assim na América Latina, na área de infraestrutura", afirma Locke.
Os sócios começaram a atuar no Brasil e México simultaneamente. Como a operação brasileira cresceu mais, os sócios da QMC mudaram-se para o Brasil. A empresa tem torres instaladas e em desenvolvimento em mais de 1,5 mil locais, segundo os executivos. Do total, mais de um terço já foi instalado. A operação na Colômbia começou em novembro do ano passado.
O segmento de torres no Brasil é liderado pela American Tower, com estoque estimado em mais de 16 mil ativos. Nos últimos anos, o grande movimento no setor foi a venda de torres pelas operadoras para empresas dedicadas ao aluguel e à gestão desses equipamentos. Agora, a próxima grande onda prevista é a de construção de torres, já que a concentração de usuários por equipamento é considerada elevada no Brasil comparado a padrões de países como os Estados Unidos. São 4 mil usuários por torre no Brasil ante mil por ativo nos Estados Unidos, segundo estimativas do mercado.
"Temos estrutura operacional e capital para atender a esse crescimento", diz Stella. "Fizemos 10% das novas torres [do mercado] no ano passado e vamos repetir o índice neste ano." Entretanto, os sócios não revelam a receita da empresa
Entre os novos empreendimentos está o Complexo 21, uma estrutura comercial em construção em Brasília, que contará com a infraestrutura de telecomunicações da QMC, de acordo com os executivos. A empresa vai instalar desde fibra óptica a equipamentos que deixarão o local pronto para as operadoras de telefonia colocarem suas estações radiobase, disse Stella.
Stella e Somoza são amigos há 20 anos. Começaram a investir em uma empresa de outdoor em Porto Rico e, depois disso, migraram para infraestrutura de serviços móveis. Antes de decidirem abrir empresa no Brasil e se mudar para cá com toda a família, passaram um longo período avaliando o mercado local. A partir daí obtiveram a primeira capitalização, em 2012. Dos 100 funcionários na América Latina, 60 estão no Brasil. Por Ivone Santana | De São Paulo | Valor Econômico | Leia mais em qmctelecom 24/03/2015
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