23 fevereiro 2015

Mais ‘startups’ entram no clube do US$ 1 bilhão

Kevin Chou, diretor-presidente da Kabam Inc., uma novata da Califórnia que faz jogos para o Facebook, como o "Kingdoms of Camelot". A empresa,q ue é avaliada em US$ 1 bilhão, recebeu um investimento de US$ 120 milhões do Alibaba em julho de 2014. Bloomberg News
Um bilhão de dólares nunca pareceu tão comum na terra das “startups”.

Durante os últimos 12 meses, o The Wall Street Journal e a firma de pesquisa Dow Jones VentureSource monitoraram ativamente empresas de capital fechado avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais por investidores de risco. Esse acompanhamento foi realizado através de um projeto interativo relançado recentemente no site do WSJ: o Clube das Startups de Um Bilhão de Dólares.

Tal cifra, redonda e arbitrária, há muito é considerada uma conquista quase mítica no Vale do Silício. O filme “A Rede Social”, sobre o Facebook Inc., FB -1.18%  inseriu essa ideia no mundo empresarial americano. (“Um milhão de dólares não é bom. Você sabe o que é bom? Um bilhão de dólares.”)

Mas atingir uma avaliação de US$ 1 bilhão não é mais uma raridade. Segundo a análise do WSJ, pelo menos 73 empresas de capital fechado no mundo estão avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais por investidores de risco, ante apenas um punhado alguns anos atrás — e 35 durante o pico da bolha das pontocom, em 2000, a valores ajustados pela inflação.

Em 2014, 48 empresas entraram no clube e outros 23 membros subiram ainda mais na escala depois de efetuar novas captações. Enquanto isso, 16 saíram da lista porque abriram o capital ou foram compradas.

As avaliações também estão atingindo novos picos. O número de firmas que valem hoje US$ 10 bilhões ou mais dobrou para oito nos últimos 12 meses para oito, sendo que duas delas — a fabricante de smartphones Xiaomi Corp. (US$ 46 bilhões) e o aplicativo de serviços de táxi Uber Technologies Inc. (US$ 41,2 bilhões) — têm agora um valor maior que muitas empresas de capital aberto conhecidas, como a Sony Corp. 6758.TO +0.14%  e a Hertz Global Holdings Inc. HTZ -0.91%  Apenas o Facebook captou mais recursos de investidores privados, US$ 50 bilhões em 2011, segundo a VentureSource.

Existem várias razões para esse rápido crescimento. As empresas estão esperando mais para abrir o capital — a idade média dos membros do clube é de oito anos — porque está relativamente fácil obter capital privado. E essas empresas não são aquelas novatas sem receita que se proliferaram durante a bolha das pontocom. A Xiaomi e o Uber, por exemplo, já faturam centenas de milhões de dólares, ajudadas pelo papel cada vez mais central dos smartphones na sociedade e nos negócios.



Além disso, investidores em empresas de capital aberto — sejam eles fundos mútuos, fundos de hedge ou grandes bancos — estão injetando dinheiro em novatas “campeãs” antes de elas abrirem o capital, empurrando as avaliações para cima. Três dos maiores gestores de fundos mútuos — BlackRock, Fidelity Investments e T. Rowe Price TROW -0.56%  —, por exemplo, investem num total de 19 empresas avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais.

As firmas de capital de risco (ou “venture capital”) também possuem mais dinheiro para investir hoje em dia. Em 2014, as firmas de capital de risco dos Estados Unidos captaram US$ 33 bilhões de fundos de pensão, universidades e outros investidores, 62% a mais que em 2013.

Embora esse número não chegue nem perto dos US$ 85 bilhões arrecadados em 2000, um número maior de empresas está captando megafundos de US$ 1 bilhão ou mais. Treze dessas firmas, ou cerca de 4% das que realizaram captações no ano passado, abocanharam metade dos US$ 33 bilhões.

Com mais dinheiro à sua disposição, as empresas de capital de risco estão tendo que investir somas maiores. Coletivamente, essas 13 empresas são investidoras de 41 das 50 empresas americanas que estão na lista do clube do bilhão, sem incluir a Sequoia Capital, que captou US$ 552 milhões em 2013.

É verdade que o clube do bilhão ainda é uma elite. Afinal, seus 73 membros representam apenas 0,4% das cerca de 16.700 empresas de capital fechado que receberam capital de risco desde 2011 e ainda estão ativas — o universo do clube — e uma fatia ainda menor do universo completo das startups, incluindo as que nunca captaram recursos.

Também é evidente que nenhum dos membros do clube é uma aposta infalível. Já houve algumas baixas nos últimos 12 meses. A Fisker Automotive Inc., fabricante de veículos híbridos de luxo avaliada em US$ 1,5 bilhão em 2011, foi vendida para o grupo Wanxiang, da China, por US$ 149,2 milhões em um leilão de falência. A startup de comércio eletrônico Fab Inc., avaliada em quase US$ 1,2 bilhão em 2013, está negociando sua venda por cerca de US$ 25 milhões para a fabricante de eletrônicos PCH International, informou o WSJ.

Algumas aberturas de capital também não foram bem. As ações de pelo menos 3 das 12 empresas que abriram o capital em 2014 — Coupons.com Inc., COUP -2.10% Hanhua Financial Holding Co. 3903.HK +3.39%  e Wayfair Inc. W -3.02%  — estão sendo negociadas a um menor valor que o correspondente à sua última avaliação como empresa de capital fechado. Já outras, como a fabricante de câmeras de vídeo GoPro Inc. GPRO -3.01%  e a varejista chinesa on-line JD.com Inc., JD -0.62% dispararam. Por SCOTT AUSTIN CONNECT Leia mais emWallStreetJournal 23/02/2015

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