O mercado de captação de dívida por empresas brasileiras deve seguir apertado em 2015, com aumento das taxas e encurtamento de prazos, mas movimentos setoriais de consolidação podem assumir a liderança nas captações, disse nesta segunda-feira uma executiva da Anbima, que representa instituições do mercado de capitais.
"Podemos ter aquisições e fusões parcialmente financiadas via dívida", disse à Reuters a diretora da Anbima Carolina Lacerda, citando como candidato o segmento de construção pesada.
Segundo executivos de bancos de investimentos, o setor de construção civil deve enfrentar uma consolidação, diante dos desdobramentos da operação Lava Jato, que investiga escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras e várias das grandes empreiteiras do país.
As agências de classificação de risco Fitch, Moody's e Standard & Poor's cortaram os ratings de várias construtoras nas últimas semanas, citando possível piora das condições de mercado devido aos efeitos das investigações. A Petrobras suspendeu negócios com 23 empreiteiras citadas na operação da Polícia Federal. A OAS já anunciou no mês passado que pode vender certos ativos para reforçar sua liquidez.
Segundo Carolina, operações desse e de outros setores tendem a tomar a dianteira do mercado de dívida, posição historicamente assumida pela própria Petrobras e pela Vale, companhia cujo cenário global mais adverso em mineração a levou a ter o rating de crédito cortado na semana passada pela S&P.
MAIS TAXA, MENOS PRAZO
Mas mesmo as empresas que conseguirem captar terão que pagar mais caro e provavelmente terão que emitir com instrumentos de prazos menores, como as notas promissórias, disse a executiva. "É o cenário que temos agora", disse.
O volume de recursos levantando no mercado de capitais no Brasil em 2014 já havia ficado praticamente estável ante o ano anterior, e o perfil médio das operações piorou.
Segundo a presidente da Anbima, Denise Pavarina, como a maioria das empresas está capitalizada, muitas devem preferir esperar uma melhora do mercado antes de voltar a captar. A produtora de celulose Fibria, por exemplo, afirmou na semana passada que não precisaria fazer nenhuma emissão de dívida este ano.
"O mercado de capitais não está fechado, mas acho que muitas companhias não vão querer 'carimbar' os preços atuais em seus papéis", disse Denise a jornalistas. Por Aluísio Alves Reuters Leia mais em Uol 02/02/2015
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