08 janeiro 2015

Principal grupo editorial de Portugal adquire o selo "Livros do Brasil"

O principal grupo editorial de Portugal, Porto Editora, anunciou por comunicado nesta quinta-feira a compra do selo Livros do Brasil por cerca de 500 mil euros com o objetivo de relançar a editora nos próximos três anos.

Inaugurada há 70 anos em Portugal, a "Livros do Brasil" foi criada para divulgar as grandes obras da literatura brasileira e de outros renomados autores em nível internacional, cujos livros ainda não tinham sido publicados em solo lusitano.

Escritores como Albert Camus, Ernest Hemingway e Eça de Queirós são alguns dos autores incluídos em suas coleções.

"A Livros do Brasil se tornou, durante anos, um dos mais importantes selos editoriais portugueses", afirmou a Porto Editora, que concluiu a sexta aquisição nos últimos 13 anos.
A última compra será "relançada" com um investimento de mais 500 mil euros, segundo explicou o administrador do grupo, Vasco Teixeira, em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo "Jornal de Negócios".

O responsável pela companhia lembrou da compra dos ativos da alemã Bertelsmann - uma das principais empresas do setor editorial em nível mundial - em 2010 e afirmou que desde então a ampliação do negócio da Porto Editora se deve mais "à preservação de um determinado patrimônio cultural" que à melhora da receita.

Sobre a "Livros do Brasil", Vasco Teixeira ressaltou o "importante papel" do selo "no cenário cultural", mas considerou que ele esteve "um pouco adormecido" nos últimos anos.
Segundo os dados divulgados pela empresa, as vendas da Porto Editora beiram os 150 milhões de euros por ano e o lucro em 2013 chegou aos 16,2 milhões de euros. EFE Leia mais em Yahoo 08/01/2015
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Porto Editora compra Livros Brasil

A maior editora portuguesa vende 16 milhões de livros por ano e quer continuar a crescer

Vasco Teixeira confirmou ao Jornal de Negócios que comprou a Livros Brasil por meio milhão de euros. No seu portfolio tem autores como Hemingway, Steinbeck ou Camus. É a sexta editora que o grupo do norte adquire nos últimos 13 anos.

Desde o início do século que a Porto Editora  também cresce por aquisições. Começou por comprar a Areal, seguiu-se a Lisboa Editores, a Sextante, a Assírio & Alvim e os interesses portugueses da Bertelsmann (Bertrand e Círculo de Leitores). Há mais compras à vista?
Adquirimos uma iniciativa editorial chamada Livros do Brasil. É uma editora antiga, que tem a mesma idade que a Porto Editora, muito respeitada, familiar como nós, e que foi muito marcante na edição de livros de bolso – todos conhecem a colecção Vampiro, que chegou a ter mais de 700 títulos –, mas também de autores internacionais muito importantes, desde Ernest Hemingway a John Steinbeck, Virginia Woolf... A  Livros do Brasil é uma editora muito interessante e que, ao longo dos anos, teve um papel importante no plano cultural português.

Mas que entrou em decadência há já alguns anos, certo?
Tem estado, nos últimos anos, um pouco adormecida.

Criada em 1944, à frente da Livros do Brasil estava a terceira geração da família do fundador. A Porto Editora comprou 100% do capital da empresa?
A empresa ficou na família, que vai dedicar-se a outros negócios – a terceira geração não quer continuar nos livros. Comprámos a marca e os principais activos que detinham – Hemingway, Steinbeck, Albert Camus, André Malraux, [colecções de referência como a Dois Mundos, a Vampiro e as Obras de Eça de Queiroz], algumas traduções e trabalho editorial.

Qual foi o valor do negócio? 
Cerca de meio milhão de euros.

E quanto é que prevêem investir na Livros do Brasil? 
O plano passa por investirmos, nos próximos três anos, quase outro tanto na renovação da linha editorial, na reedição de algumas obras e na actualização dos suportes. Fazê-la crescer e promover, de certa forma, um regresso às origens do que foi a Livros do Brasil há uns anos.

Vão continuar activos no crescimento por aquisição?  
De forma activa? Não. Desde a compra dos activos da Bertelsmann que não temos nenhuma posição de procurar comprar qualquer outra empresa – as que se sucederam (a Sextante, a Assírio & Alvim, e, agora, a Livros do Brasil) têm muito mais a ver com a preservação de um determinado património cultural do que propriamente com o volume de negócios. Estou é muito céptico sobre a dimensão do mercado português e, por isso, antecipo e vejo que há empresas que estão com muitas dificuldades...

A Leya, criada em 2008, é a única editora que tentou dar luta à Porto Editora, líder de mercado. Contudo, nos últimos anos, muitos dos seus autores transferiram-se para a Porto Editora. A mais badalada foi a das obras de José Saramago. Há mais autores da concorrência à vossa porta?
Não faço ideia! Nunca tivemos uma atitude activa de tentar ir buscar autores aos concorrentes. O que houve provavelmente [da parte da concorrência] foi dificuldade em ter um tipo de relação que nós conseguirmos manter. Desde logo há uma questão que nos diferencia de vários outros agentes, nomeadamente do grupo Leya: nós não somos uma empresa de carácter financeiro e, por isso, as pessoas sabem de onde nós vimos e imaginam, com facilidade, para onde vamos – sabem com o que contam. É uma das vantagens das empresas familiares – são mais previsíveis e têm uma personalidade e cultura mais vincadas. A Leya pode ser vendida de um momento para o outro, assumindo o nome de uma multinacional qualquer.

Mas não tem nenhum outro autor na manga?
Não tenho nenhum na manga! Há alguns que gostava que viessem, mas não vou identificar nenhum por uma questão de ética editorial. O que temos é sido abordados por autores que, aqui ou acolá, já tiveram uma frase que indicia que, mais dia menos dia, vão tocar à nossa porta.

Quais são as grandes apostas da Porto Editora para 2015? 
Não há grandes apostas na área das edições gerais. Há alguns projectos que esperamos que avancem em 2015 – por exemplo, os novos livros de Valter Hugo Mãe, Gonçalo M. Tavares e de Luís Miguel Rocha. Leia mais em sabado 08/01/2015

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