10 janeiro 2015

Consolidação de telefonia do Brasil depende de reunião de acionistas em Lisboa

A consolidação do mercado de telecomunicações brasileiro pode depender do resultado de um encontro de acionistas que ocorrerá do outro lado do Atlântico.

Os acionistas da Portugal Telecom SGPS SA, dona de uma participação na Oi SA, devem votar na segunda-feira a aprovação da venda dos ativos portugueses da operadora brasileira. Uma venda bem-sucedida daria dinheiro à Oi e tornaria a quarta maior operadora telefonia móvel do Brasil um parceiro de fusão menos complexo e mais atraente para empresas como a Telecom Italia SpA, que está analisando fazer um lance pela Oi através de sua unidade TIM Participações SA.

Qualquer atraso com a venda portuguesa poderia potencialmente impedir que a Telecom Italia faça uma oferta, disseram fontes familiarizadas com o assunto. Isso se deve ao fato de a Telecom Italia estar concentrada no Brasil e não ter interesse em obter os ativos da Oi em Portugal, disse uma das fontes. Um representante da Telecom Italia não quis comentar.

A reunião geral extraordinária da Portugal Telecom em Lisboa está marcada para as 15h00. Os acionistas discutirão a compra dos ativos portugueses da Oi pela Altice SA, por 7,4 bilhões de euros (US$ 8,7 bilhões), e terão direito a vetar o negócio, de acordo com uma porta-voz da Portugal Telecom.

As operadoras brasileiras estão tentando consolidar o mercado, onde a menor quantidade de usuários novos e os investimentos de bilhões de dólares na rede, exigidos pelos reguladores, estão prejudicando as margens de lucro. No entanto, o mercado continua a ser o maior da América Latina e a oferecer perspectivas de crescimento melhores do que as de regiões mais estabelecidas, como a Europa.

Sinais de consolidação

Em um sinal de que os acordos no Brasil estão esquentando, a Telefónica SA decidiu comprar a GVT, unidade de banda larga da Vivendi SA, por 7,45 bilhões de euros no ano passado, derrotando a Telecom Italia. Em novembro, Ángel Vilá Boix, diretor financeiro da Telefónica, disse que a companhia será favorável a uma maior consolidação no Brasil "se e quando isso acontecer".

A Oi disse que usaria a arrecadação portuguesa para ajudar a financiar qualquer lance feito pela TIM, que tem um valor de mercado de quase US$ 11 bilhões. A Oi vale US$ 2,2 bilhões e tem uma dívida líquida de cerca de US$ 18 bilhões. Uma fusão entre as duas criaria a maior operadora de telefonia móvel do Brasil, que superaria a unidade local da Telefónica.

A Oi contratou o Banco BTG Pactual SA em agosto para estudar a compra da TIM, a segunda maior operadora do Brasil. A Oi está tentando estabelecer uma parceria com a Telefónica e com a Claro SA, da América Móvil SAB, para comprar e desmembrar a TIM, disseram fontes do setor.

Ao mesmo tempo, a TIM está analisando a aquisição da Oi para obter participação de mercado e concorrer com a Telefônica Brasil SA e com a Claro, a terceira maior do país.

Além da aprovação portuguesa, outros obstáculos deverão ser superados antes que a Telecom Italia dê um lance pela Oi. Antes de tomar a iniciativa, a operadora com sede em Milão quer que o governo brasileiro e o regulador de telecomunicações local deem um sinal de que a fusão da TIM com a Oi não será impedida, disseram fontes do setor no mês passado. A Telecom Italia, dona de 67 por cento da TIM, só deverá tomar uma decisão depois de fevereiro ou março, disseram as fontes. Título em inglês: Brazil Phone Consolidation Pivots on Lisbon Shareholder Meeting | Daniele Lepido
(Bloomberg)  Leia mais em Uol 09/01/2015

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