A Vale Presente emite cartões pré-pagos com bandeira MasterCard para uma série de varejistas e teve investimento inicial da ordem de R$ 30 milhões
BRASIL, FINANÇAS
A Caixa Econômica Federal fechou a compra de uma participação na Vale Presente, empresa de cartões pré-pagos. A companhia foi criada em 2012 e tem como principal acionista o empresário Carlos Wizard Martins, ex-dono do Grupo Multi, rede de ensino profissionalizante e de idiomas.
Procurada, a Caixa confirmou a negociação, antecipada ontem pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. "A proposta de aquisição foi submetida às instâncias necessárias. A Caixa divulgará mais informações assim que possível", informou o banco, em nota. A Vale Presente não comentou.
A intenção do banco público, segundo executivos que acompanham as negociações, é usar a Vale Presente como plataforma de desenvolvimento de produtos pré-pagos em geral, incluindo os benefícios sociais pagos pela instituição. Estão englobados nessa parceria cartões de vale-cultura, os cartões Caixa Futebol Clube (pré-pagos específicos para torcedores de times de futebol) e o programa Minha Casa Melhor, que dá recursos para compra de móveis e eletrodomésticos aos mutuários do Minha Casa, Minha Vida. Ou seja, vai além do vale-presente ("gift card", em inglês), que dá nome à companhia.
Com o negócio, a Caixa deve se tornar a principal acionista da Vale Presente, com 49%, mas não terá uma posição de controle, segundo uma fonte com conhecimento do assunto. O motivo é o limite legal do banco para fazer uma aquisição sem estatizá-la. Antes da compra, a Caixa já vinha firmando parcerias com a Vale Presente.
O valor do negócio não foi revelado, mas não deve ser grande, já que a Vale Presente ainda está em estágio inicial. A operação é vista mais como um movimento estratégico da Caixa, em um segmento ainda pouco explorado pelos grandes Bancos, fora do universo de vale-alimentação e refeição (vouchers).
A Vale Presente emite cartões pré-pagos com bandeira MasterCard para uma série de varejistas e teve investimento inicial da ordem de R$ 30 milhões. Entre os concorrentes tem a Alelo, controlada por Bradesco e Banco do Brasil, que também atua em cartão pré-pago de presente, além de vale-alimentação e refeição. A Caixa é sócia dos Bancos na bandeira de cartões Elo, mas não na Alelo.
O setor de pré-pagos no Brasil deve movimentar um volume financeiro de R$ 100 bilhões em 2014, incluindo na conta os vouchers e os cartões de transporte (que substituem a carta frete). Esse volume representa um crescimento de 20% na comparação anual. Os dados são do Grupo Setorial Pré-Pagos (GSPP), estimados pela Euromonitor.
"Há um movimento em curso de consolidação no mercado de pré-pagos que tem aproximado as empresas de alguns Bancos", afirma Carlos Ogata, do GSPP. Para ele, o Brasil tem ido na direção de pré-pagos recarregáveis, usados em qualquer estabelecimento. Já o vale-presente tem um mercado potencial muito menor no país, diz.
É nessa linha que atua a Super, outro emissor de pré-pagos, que conta 180 mil contas pré-pagas abertas hoje e quer fechar o ano em 250 mil. "O pré-pago tem servido para suprir um fluxo financeiro entre bancarizados e pessoas sem conta em banco", afirma Luiz Almeida, presidente da Super.
É uma visão parecida com a de Marcos Etchegoyen, presidente da Zuum, associação entre Vivo e MasterCard que emite cartões pré-pagos. "Entre as pessoas que de fato fizeram uso do cartão, fomos surpreendidos com uma frequência de utilização e um tíquete médio maior que o esperado", afirma. A Zuum tem 302 mil clientes e espera chegar em até 30 milhões no médio prazo.
A associação com a Caixa é o segundo negócio em menos de um mês realizado pelo empresário Carlos Wizard. Em agosto, anunciou a aquisição da rede de lojas de produtos naturais Mundo Verde, que era controlada pelo fundo de private equity Axxon. Em dezembro passado, o empresário fechou a venda do Grupo Multi para a britânica Pearson, por R$ 1,7 bilhão. Leia mais em Caixa 09/09/2014
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