Turismo. Grupo assume Marina da Glória e passa a ter oito unidades
A concessão da Marina da Glória, no Rio, sede das provas de vela na Olimpíada de 2016, tem novo controlador. A BR Marinas, dona de uma rede de instalações para hospedagem de barcos no Estado do Rio, fechou, na semana passada, a operação de compra de 100% da MGX, empresa que pertencia ao grupo EBX, de Eike Batista, e que é a concessionária da Marina da Glória. Os valores envolvidos na operação são mantidos em sigilo. Só na Marina da Glória, a BR Marinas planeja investir R$ 72 milhões. O montante representa metade dos R$ 142 milhões aplicados em projetos de desenvolvimento de marinas pela empresa, no Rio, até 2016.
"Estamos preparados para fazer um investimento grande na Marina da Glória. E temos condições de entregar as obras de revitalização [da marina] até novembro de 2015 uma vez obtidas as licenças necessárias", disse Gabriela Lobato, presidente da BR Marinas. O objetivo é deixar um legado para a cidade, afirmou. A empresa tem como sócios o grupo ACLobato e os fundos de private equity Axxon Group e Icatu. Um investidor financeiro tem acordo com a BR Marinas para ficar com participação minoritária na MGX. A BR Marinas considera acesso aos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para todos os projetos em carteira.
A menos de dois anos da Olimpíada, a Marina da Glória tem prazos apertados para se preparar para os jogos, incluindo um evento teste, em agosto de 2015. A revitalização da marina vai aumentar em mais de duas vezes as vagas para barcos. O número sairá das atuais 240 para 800 vagas náuticas, entre secas (em terra) e molhadas (no mar). Haverá ainda área de lazer com cinco restaurantes e 35 lojas com foco em náutica. O número de vagas para carros será reduzido com parte da área de estacionamento sendo incorporada ao Parque do Flamengo, no qual a marina se insere. Há intenção de integrar mais a marina ao parque, facilitando o acesso de visitantes.
O plano de revitalização da Marina da Glória foi estudado por um grupo técnico e como resultado dessa análise o município do Rio publicou decreto definindo o modo de ocupação da área. "Do ponto de vista do patrimônio municipal, o projeto [de renovação da marina] foi aprovado seguindo para análise do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]", disse Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). O Iphan disse que o projeto para a Marina da Glória, desenvolvido pela BR Marinas, é uma nova proposta e, portanto, ainda deverá ser analisado pelo Iphan.
Fajardo disse que o Parque do Flamengo foi feito em 1965, mas não foi concluído e é tombado. Essa condição explica o fato de vários projetos que surgiram para a marina desde 1965 terem fracassado. O mais recente foi o do grupo EBX, de Batista, que tinha planos de construir um centro de convenções no local. O EBX também enfrentou discussões na Justiça depois comprar a antiga concessionária da Marina da Glória, a Empresa Brasileira de Terraplanagem e Engenharia (EBTE).
Depois das dificuldades enfrentadas por Batista, a BR Marinas entrou em acordo com o empresário. E chegou a assumir de fato, mas não de direito a Marina da Glória. Fonte que acompanhou as negociações disse que a BR Marinas só conseguiu comprar a MGX depois que a concessionária fez um aditivo com a Prefeitura do Rio regulamentando melhor o contrato de concessão. Passaram a existir maiores garantias para o município do Rio na cobrança do aluguel da marina. A prefeitura passará a receber sobre o faturamento e não mais sobre o resultado líquido. E há obrigatoriedade de entrega de uma marina renovada e equipada para a Olimpíada de 2016.
Apesar dos esforços para renovar a marina a tempo dos jogos, há pendências a resolver. A BR Marinas terá que conseguir uma série de licenças, incluindo ambientais. E será preciso chegar a um entendimento com o Ministério Público Estadual (MPE), instância em que tramita um inquérito sobre a Marina da Glória. O MPE disse que deve ser marcada reunião entre o promotor Alberto Flores Camargo, que cuida do caso, e executivos da BR Marinas para o "melhor encaminhamento desse inquérito". A BR Marinas fez a análise da concessão e entendeu que poderia comprar a MGX pois não havia risco jurídico na operação.
Outro problema da Marina da Glória é o despejo de esgoto no local, em plena Baía de Guanabara. A Poluição na baía é uma questão antiga que tem preocupado as delegações de vela que vão competir na Olimpíada, mas o governo do Estado pretende encaminhar uma solução. Amanhã será assinado, na sede do Comitê Rio 2016, contrato para fazer as obras de uma galeria de captação de esgotos para a Marina da Glória. O projeto será feito em parceira pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) e Secretaria do Ambiente, com investimentos de R$ 14 milhões. Por Francisco Góes | Do Rio |VALOR ECONÔMICO| Leia mais em cliptvnews 01/09/2014
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