Maior corretora de seguros do mundo, a Aon desenha uma combinação de crescimento via aquisições e foco em clientes corporativos no Brasil para conservar o ritmo de expansão anual de dois dígitos que vem mantendo nos últimos 10 anos no país, disse o presidente-executivo da operação brasileira da companhia, Marcelo Munerato.
O plano é um meio de escapar da pressão sobre as margens do setor nos mercados de seguros massificados, enquanto os grandes bancos locais sinalizam que vão usar mais a própria rede de agências para distribuir seus produtos, que incluem apólices de vida, residência e automóvel, por exemplo.
"Vai continuar existindo espaço para as corretoras no atendimento a empresas", disse Munerato em entrevista à Reuters.
As corretoras, cerca de 25 mil no Brasil, ainda são o principal canal distribuição de seguros no país, com mais de 80 por cento do total, segundo levantamento da KPMG. No entanto, o setor vem enfrentando crescente concorrência nos produtos massificados, especialmente dos bancos comerciais, que passaram a apostar mais em serviços financeiros para compensar queda de receita com crédito, que vem crescendo menos.
Além da rede de agências, os bancos estão apostando na Internet e em outros canais alternativos para distribuir seus produtos de seguro. O Itaú Unibanco, que recentemente pôs à venda sua carteira de grandes riscos, está lançando um portal específico de seguros, dentro da estratégia de aumentar a distribuição de produtos massificados.
A BB Seguridade, do Banco do Brasil, ampliou recentemente a parceria com os Correios para poder distribuir seguros nas mais de 6 mil agências do Banco Postal, em cerca de 94 por cento dos municípios do país.
Diante disso, o setor de seguros vem passando por um processo de consolidação, especialmente das corretoras de menor porte. Uma das companhias que vêm crescendo com essa tendência é a BR Insurance, que estreou na bolsa em 2010, e que no final de 2013 controlava 52 corretoras.
No caso de uma gigante como a Aon, que tem no Brasil mais de 40 seguradoras como clientes, aquisições de corretoras pequenas também estão na mira. Para Munerato, ainda há grandes filões do mercado de seguros massificados ainda inexplorados, inclusive no de automóveis. A corretora estima que apenas um em cada três carros no país tenha seguro.
Mas há outros alvos para o crescimento não orgânico. Com a competição mais acirrada na atividade principal das corretoras, a Aon enxerga no país a repetição do que já acontece em mercados maduros, onde as grandes do setor se diversificaram, atuando também em gerenciamento de riscos, administração de sinistros e controle de perdas.
Além disso, a Aon vem trabalhando mais intensamente em nichos novos ou pouco explorados, como os seguros cibernéticos e seguro-garantia para a área judicial, todos produtos mais especializados com foco no setor corporativo nos quais a intermediação do corretor é fundamental.
Com isso, a Aon vem preparando seu time, hoje de cerca de 1,2 mil funcionários no Brasil, para ampliar a capacidade de interface com clientes. "Os seguros empresariais seguirão com as corretoras", disse.
Com mais dinheiro em caixa desde que encerrou um programa global de recompra de ações, a companhia agora se vê pronta para deslanchar planos de investimentos mais ousados, disse Munerato.
"E o Brasil vale a pena, porque nossos negócios aqui estão crescendo mais do que na Ásia", disse o executivo, que assumiu o comando da operação brasileira no ano passado com meta de dobrar as receitas até 2018. A companhia fatura atualmente mais de 300 milhões de reais por ano no Brasil.
Por Aluísio Alves | Reuters | Leia mais em Uol 24/04/2014
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