06 março 2014

Se não fizer IPO, Carrefour deve buscar parceiro no País

O presidente da varejista disse ontem que uma alternativa à oferta de ações é o aporte de capital por parceiro local

 O presidente global da rede Carrefour, Georges Plassat, voltou a falar ontem, durante a divulgação de resultados da rede de varejo, na intenção de abrir o capital da filial brasileira no ano que vem. Sem dar detalhes, ele já havia comentado essa possibilidade em outra teleconferência com investidores. Desta vez, no entanto, Plassat disse que cogita, também, que a injeção de capital seja feita por meio de um parceiro local.

 "Queremos estar prontos no fim de 2014 para começar a pensar sobre a janela para lançamento em 2015", afirmou. Segundo o executivo, o Carrefour não tem necessidade de capital no Brasil, mas a presença de acionistas locais fortaleceria a empresa e a ajudaria a crescer no País.

 No ano passado, o real mais fraco reduziu o faturamento em euros do Carrefour no Brasil em 3,7%. Mesmo assim, a filial segue como a segunda principal fonte de faturamento da varejista - atrás apenas da sede francesa - e o Brasil carrega o título de maior receita por loja de todo o grupo. De acordo com o balanço divulgado em Paris, cada loja brasileira registrou vendas líquidas de pouco mais de 45 milhões no passado, mais que o dobro do visto na China - segundo melhor resultado por loja no mundo. Na França, as vendas líquidas por loja somaram 7,4 milhões.

 O tamanho das lojas brasileiras ajuda a entender essa diferença. Segundo a empresa, são 200 hipermercados e 41 supermercados no Brasil. O quadro é bem parecido na China, onde todas as 236 filiais são hipermercados. Mas a situação é completamente diferente na França, onde as lojas de conveniência prevalecem e são quase 3,5 mil unidades desse tipo. No país sede há ainda 234 hipermercados e 949 supermercados.

 Em 2013, as vendas líquidas no Brasil somaram 10,8 bilhões. O resultado brasileiro acabou afetando negativamente o desempenho da América Latina que terminou o ano com queda no faturamento de 2,7%. Sem a variação cambial, as vendas líquidas teriam crescido 13% na região.

 Bolsa. A possibilidade de uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) no Brasil pelo Carrefour não vem sendo vista como uma operação de grande impacto para seu principal concorrente no País, o Grupo Pão de Açúcar. Fontes acreditam que a companhia, dona de hipermercados e do Atacadão, tende a fazer uma oferta majoritariamente secundária, de forma que grande parte dos recursos sejam destinados para os acionistas franceses e não diretamente para a expansão no Brasil. Segundo uma fonte com conhecimento da operação, os arranjos para realização de um IPO no momento estão suspensos, embora o negócio permaneça "no radar" da companhia.

 Numa oferta secundária, não há emissão de novas ações e o montante captado é destinado aos acionistas, não ao caixa da empresa. Com uma operação deste tipo, o Carrefour poderia captar cerca de R$ 5 bilhões caso os acionistas decidam vender uma fatia de até 25%, sem alterar o controle da companhia, calcula um profissional do mercado. O valor de mercado total da filial brasileira é estimado em R$ 20 bilhões.

 Para outra fonte, "não vai ser fácil" levantar um valor tão alto sobretudo porque a percepção no mercado é de que a empresa não tem tido boa performance no Brasil. Na avaliação de um analista, uma oferta secundária "faz bastante sentido porque seria uma forma de canalizar recursos para a França, um desejo dos investidores europeus".

 Se as condições do mercado melhorarem, porém, os profissionais não descartam que o Carrefour possa incluir um lote primário e usar recursos para expandir o Atacadão. Por Fernando Nakagawa, Dayanne Sousa e Fernanda Guimarães, Leia mais em Estadao 06/03/2014

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