Segundo o presidente da companhia, medida busca acelerar crescimento orgânico e reduzir o endividamento
A Marfrig Alimentos, segunda maior processadora de carne bovina no Brasil, vê um cenário externo favorável e estuda a abertura de capital de suas unidades no exterior como forma de acelerar seu crescimento orgânico e reduzir o endividamento da companhia, disse o presidente executivo da companhia nesta segunda-feira (10).
As operações externas da companhia, que incluem a Moy Park, no Reino Unido, e a Keystone, nos EUA e Ásia, respondem por cerca de 50% da receita da companhia.
"O ano de 2014 se mostra parecido com 2007(...) pelo número de IPOs (abertura de capital). Você tem um grupo de acionistas lá fora que adora a empresa. Tem fundos na Inglaterra que adorariam investir na Moy Park. Existe muito valor aqui", disse o presidente da Marfrig, Sérgio Rial, em conferência com jornalistas.
O executivo reforçou que eventuais IPOs não são um compromisso da companhia, mas uma possibilidade em estudo, já que a empresa vê um cenário externo melhor do que aqui no mercado doméstico.
"No Brasil, o cenário está adverso para IPOs, é por isso que estamos vendo abertura de capital lá fora. Isso seria um acelerador para captura de valor para o grupo, independente do cenário financeiro, do operacional ou de câmbio", acrescentou o executivo.
Segundo Rial, o valor destas unidades no exterior tende a ser superior ao do Grupo Marfrig, considerando-se como indicador o valor de mercado da empresa versus o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) que atualmente está em 5,7 vezes. Este indicador é usado como referência pelo mercado no momento de precificar ou avaliar o valor de um ativo.
A medida seria mais um passo da empresa na tentativa de reduzir o seu endividamento e voltar a registrar lucro.
A empresa fechou o último trimestre de 2013 com prejuízo de R$ 83,4 milhões e somou prejuízo de R$ 816 milhões em 2013, em comparação com um lucro líquido de 264 milhões de reais do ano anterior, segundo informações divulgadas no domingo.
Ao longo do ano passado, a empresa adotou medidas para reduzir débitos e custos financeiros, incluindo a venda da Seara para a JBS, em operação que incluiu transferência de dívidas de quase 6 bilhões de reais.
Neste ano, a Marfrig não descarta fazer emissões ou recompra de bônus para reduzir seus custos financeiros, disse Sérgio Rial.
"O mercado de renda está dizendo que a Marfrig tem chances de reduzir a despesa financeira. Ele mostra que os nossos 'bonds' já estão melhor precificados, num contexto de novembro para cá", disse o executivo, referindo-se à alta dos títulos da Marfrig em relação a seus concorrentes no último trimestre.
Uma das grandes possibilidades para a empresa é redução do custo financeiro, com uma gestão da curva de juros, disse ele. Reuters | Leia mais em iG 10/03/2014
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