30 março 2014

Acionistas como Zuckerberg dominam grandes aquisições

Desde janeiro de 2013, sete dos 15 lances de aquisições nos EUA foram iniciados por empresas controladas por um dos 200 homens mais ricos do mundo

 Os megarricos estão dominando os meganegócios nos EUA.

 Desde janeiro de 2013, sete dos 15 lances de aquisições nos EUA que equivalem a mais de US$ 10 bilhões foram iniciados por empresas fundadas e controladas por um dos 200 homens mais ricos do mundo, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. No mês passado, Mark Zuckerberg, da Facebook, que tem um valor líquido avaliado em US$ 27,1 bilhões, fez uma oferta de US$ 9 bilhões no serviço de mensagens WhatsApp, e esta semana decidiu comprar a empresa de realidade virtual Oculus VR por pelo menos US$ 2 bilhões.

 Os acionistas majoritários não estão sujeitos às mesmas pressões que nos últimos anos inibiram os conselhos corporativos de realizar grandes transações, disse Frank Aquila, sócio da firma de advocacia Sullivan Cromwell, com sede em Nova York. As empresas dos EUA fizeram 48 por cento menos negócios grandes que em 2007, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

 “Mesmo com o fortalecimento da economia, os conselhos e as gerências têm evitado os riscos”, disse Aquila. “As empresas que se dispuseram a assumir riscos maiores são as que têm um acionista controlador ou significativo”.

 Em alguns casos, os acionistas não veem esses riscos com bons olhos. As ações da SoftBank despencaram 17 por cento em 12 de outubro de 2012, depois que a empresa, controlada pelo bilionário Masayoshi Son, confirmou que estava em negociações com a Sprint Corp.

 Os CEOs controladores tendem a ignorar essas decisões no curto prazo, em parte porque estão menos preocupados em perder o emprego, disse Paul Parker, diretor de fusões e aquisições da Barclays. A liberdade possibilita que eles busquem oportunidades que demoram anos para produzir resultados, ao contrário das empresas controladas por uma base diversificada de acionistas, disse.

Dish versus SoftBank 
Uma batalha bilionária ocorreu no ano passado, quando a Dish Network Corp. desafiou a SoftBank pela Sprint. Charlie Ergen, um dos fundadores da Dish que controla cerca de 90 por cento dos direitos a voto no segundo maior provedor de TV por satélite dos EUA, possui um valor líquido avaliado em US$ 17,6 bilhões, o que o classifica como a 42ª pessoa mais rica do mundo.

Masayoshi Son possui mais de 19 por cento da SoftBank e seu valor líquido está avaliado em US$ 17 bilhões, no 47º lugar. A SoftBank venceu ao pagar US$ 21,6 bilhões por 70 por cento da Sprint. 

‘Personalidade forte’ 
 Ergen está em busca de outro possível acordo multibilionário, e já entrou em contato com Mike White, CEO da DirecTV, para conversar sobre uma fusão das duas empresas de TV por satélite, disseram em 26 de março pessoas familiarizadas com o assunto. Juntas, a Dish e a DirecTV têm um valor de mercado de aproximadamente US$ 68 bilhões.

 “Uma personalidade forte tem mais chances de concretizar algo”, disse Jeffrey Rosen, sócio da firma de advocacia Debevoise Plimpton LLP, em entrevista concedida ontem na conferência de especialistas em fusões e aquisições organizada pela Faculdade de Direito da Universidade de Tulane. “Muitos desses caras têm um alto grau de autoconfiança”.

 Os CEOs de empresas sem acionistas majoritários continuam hesitantes em tomar empréstimos bilionários para fechar um negócio em meio às incertezas em relação a um possível aumento que a Reserva Federal dos EUA aplicará nas taxas de juros, disse Aquila. Mesmo assim, agora que o Fed está cortando os US$ 85 bilhões que vinha injetando na economia dos EUA e que a crise de dívida europeia se acalmou, o fluxo de grandes negócios pode melhorar em 2014, disse.

 Fazer ofertas de vários bilhões de dólares por empresas não necessariamente deve ser um motivo de orgulho para os investidores, disse Charles Elson, diretor do Centro John L. Weinberg de Governança Corporativa da Universidade de Delaware. Se apenas os fundadores protegidos por estruturas de duas classes de ações estiverem dando os grandes lances, é possível que alguns desses riscos não valham a pena, disse.

 As ações da Facebook, por exemplo, caíram 10 por cento desde que a empresa anunciou a aquisição da WhatsApp.

 “Ninguém é infalível, e há diversos CEOs muito inteligentes por aí”, disse Elson. “Simplesmente porque o fundador fez uma boa aposta em um momento, não significa que ele sempre fará uma boa aposta. Todos deveriam prestar contas a outros”. Por Alex Sherman, da Bloomberg | Leia mais em Exame 28/03/2014


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