Braço de participações do BNDES montará carteira para alocar recursos em pequenas empresas do mercado de acesso embolsa sem ter que participar na gestão da companhia; fundo de apoio a IPOs também está no radar
A BNDESPar, empresa de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, vai lançar um fundo de investimento em participações (FIP) que aproveita as novidades editadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no fim do ano passado. Com a Instrução 540 passou a ser permitida a aplicação de até 35% do patrimônio de FIPs em empresas listadas no mercado de acesso de bolsa sem que a carteira seja obrigada a participar da gestão e da política estratégica da investida.
A intenção é montar o FIP em parceria com outros investidores ainda em 2014, ideia que já passou pela diretoria. “Agora, falta o momento certo. Mas tenho segurança de que esse ano a gente consegue montar um fundo nesses moldes”, conta Luiz Souto, superintendente da área de capital empreendedor da BNDESPar, com foco em empresas menores. A norma editada em novembro do ano passado foi um dos vários movimentos feitos pela CVM nos últimos meses para destravar o acesso das pequenas e médias empresas (PMEs) ao mercado de capitais.
A mais recente — e a última dessa fase, de acordo com a CVM — aconteceu na terça-feira, quando a autarquia pôs em audiência pública a sugestão de ampliar também para ações o portfólio de valores mobiliários que podem ser ofertados de maneira privada, o que diminui o custo das ofertas (a regra atual vale apenas para títulos de dívida). As mudanças tiveram origem no Comitê Técnico para Ofertas Menores, grupo que conta com a participação da CVM, do BNDES e da BM&FBovespa. Souto entende que o movimento recente tem o poder de mudar a atual fase do mercado de acesso.
“Acredito ser essa uma questão cíclica. Ainda não temos um mercado de capitais que incorpore as empresas de tamanho menor, como acontece em vários países do mundo. Mas nos últimos meses vieram novas ideias, como essa norma da CVM, que melhoraram o desenho para o acesso de empresas menores”, conta Souto, que elogia como “muito moderna” a gestão atual da autarquia. Atualmente, a área de capital empreendedor da BNDESPar tem participação direta em 35 PMEs.
“Em 2014, com a aplicação em novas empresas e o desinvestimento em outras, o fluxo de companhias na carteira deve chegar a 40. Devemos ter cerca de seis investimentos diretos esse ano”, explica o superintendente da área, que gere um patrimônio de cerca de R$ 3,7 bilhões, sendo R$ R$ 1,75 bilhão em participações diretas e outro R$ 1,94 bilhão por meio de FIPs. Ao todo, são cerca de 200 empresas investidas. Entre as formas de saída—que deve ocorrer entre dois e cinco anos — usadas pela área de capital empreendedor da BNDESPar está a vendada participação para outro investidor, para o controlador da empresa ou a oferta pública de ações (IPO,na sigla em inglês).
Até agora, a última opção tem sido tímida. Foram cinco empresas listadas no Bovespa Mais em 2013, e apenas uma delas, a Senior Solutions, contou com oferta inicial de ações. “Listar tem a ver com o ganho de governança, enquanto a oferta se relaciona com a liquidez. São dois caminhos diversos.
As questões de governança são definidas na listagem, quando a empresa assume compromissos deuma companhia aberta, como instituir conselhos e divulgar informações periódicas. Plantamos nossas sementes e, posso lhe assegurar: assim que essa janela melhorar teremos uma quantidade de IPOs razoável no segmento de acesso, seja ele o Bovespa Mais ou outro que aparecer”.
Outra ideia discutida por Souto com a diretoria, ainda não aprovada, é a montagem de um fundo para participar de IPOs futuros no Bovespa Mais. “Uma companhia que não tenha participação da BNDESPar receberia o apoio firme para a sua oferta de ações. É uma garantia muito importante para alavancar o mercado de ofertas de PMEs. O modelo desse fundo ainda não foi decidido”. Por Marcelo Loureiro | Brasil Econômico
Fonte: resenhaeletronica 23/01/2014
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