10 dezembro 2013

São Martinho está pronta para aquisições no Brasil

Com os preços do açúcar despencando, a produtora de açúcar e etanol estudará a compra de usinas vizinhas que possam ajudá-la a reduzir custos

 Com os preços do açúcar despencando, a São Martinho SA, maior usina do país em valor de mercado, está pronta para estudar aquisições de produtoras brasileiras em dificuldades após reduzir seu índice de endividamento ao nível mais baixo entre as empresas do setor.

 A produtora de açúcar e etanol estudará a compra de usinas vizinhas que possam ajudá-la a reduzir custos e aumentar a produtividade das unidades existentes, disse o CEO Fábio Venturelli em entrevista, na sede da empresa, em São Paulo. Há um grande número de usinas próximas a unidades da São Martinho que forneceriam esse tipo de vantagem se forem à venda, disse ele.

 "A São Martinho vai sangrar menos quando todo mundo estiver sangrando por conta da gestão operacional", disse Venturelli, 48, que foi diretor de negócios globais da Dow Chemical Co. antes de se tornar CEO da São Martinho, em 2007. "O setor terá de passar por uma grande consolidação para se reequilibrar"

 Investidores como o bilionário George Soros e a Bunge Ltd. compraram participações em usinas de açúcar brasileiras nos últimos anos, ajudando a elevar as colheitas a níveis recordes e a empurrar os preços para baixo em mais de 50 por cento em relação a um recorde registrado no início de 2011. 

Embora a onda de investimentos no país que é o maior produtor do mundo tenha levado várias usinas locais a pedir mais empréstimos para manter sua participação no mercado, a São Martinho conseguiu aumentar a produção e manter o endividamento sob controle, em consonância com os ganhos.

“A São Martinho é uma referência em eficiência operacional”, disse a analista de ações do Banco Fator, Alessandra Moratti, por telefone, de São Paulo. A empresa possui “níveis confortáveis de alavancagem”.

 A usina é a que tem menor alavancagem entre cinco concorrentes de capital aberto de países emergentes, com um valor de mercado acima de US$ 200 milhões e vendas acima de US$ 100 milhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. A empresa reportou uma razão de dívida líquida de 1,99 vez os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização para os 12 meses até setembro.

 A Raízen, uma joint venture da Cosan SA Indústria Comércio com a Royal Dutch Shell Plc, que é a maior processadora de cana-de-açúcar do mundo, não é uma empresa de capital aberto.

 A companhia pretende aumentar a capacidade anual de processamento de cana-de-açúcar sob essa gestão em 76 por cento até 2020, para 30 milhões de toneladas. Atualmente a capacidade anual está em 17 milhões de toneladas, incluindo unidades que não pertencem totalmente à São Martinho.

 Este aumento terá que ser atingido principalmente por meio de fusões e aquisições, uma vez que a empresa não tem muito mais espaço para crescer organicamente, disse o diretor de Relações com Investidores, Felipe Vicchiato, em resposta enviada por e-mail a questionamentos.

 A fabricante de açúcar, que produz cerca de 70 por cento da cana-de-açúcar que processa, quase dobrou sua capacidade de 9 milhões de toneladas em 2007 após investir R$ 1 bilhão (US$ 432 milhões) nos últimos quatro anos para expandir duas usinas, formar uma joint venture com a Petrobras e comprar ativos.

Sua última aquisição foi a compra, por R$ 200 milhões, de plantações de cana-de-açúcar e uma usina da Biosev SA, da Louis Dreyfus Holding BV, no ano passado.

 O foco da São Martinho tem sido o de consolidar aquisições realizadas nos últimos anos e reduzir custos, disse Venturelli. A dívida líquida subiu para R$ 1,51 bilhão no final de setembro, contra R$ 338,8 milhões seis anos antes. No mesmo intervalo, as vendas trimestrais mais que dobraram, de R$ 179,1 milhões para R$ 504,3 milhões.

 "Com novos entrantes, os antigos partiram para crescer também, e alguns acabaram entrando em uma crise financeira e foram substituídos por novos donos", disse Venturelli, que preferiu não dar o nome de empresas que sejam possíveis alvos de aquisição. "A partir do ano que vem, mais gente começa a reconhecer que vai precisar vender ativos". Gerson Freitas Jr., da Bloomberg
Fonte: exame 10/12/2013

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