Em encontro com investidores ontem, em São Paulo, Elsztain adiantou que a Bolívia não deve ser o foco da companhia brasileira neste momento, tendo em vista que a Cresud já atua naquele país. "Mesmo que surjam novas oportunidades no Paraguai, é a BrasilAgro que deve explorá-las", acrescentou o executivo.
A BrasilAgro adquiriu da Cresud as terras no Paraguai. Desde 2008, a companhia argentina detinha 50% de participação na paraguaia Cresca - os 50% restantes pertenciam a Carlos Casado, empresa também de origem argentina. A Cresca desenvolvia uma fazenda de 45,57 mil hectares na província de Boquerón, na região do Chaco, oeste do país, e tinha a opção de adquirir outros 96,35 mil hectares adjacentes à fazenda original.
Por conta da dificuldade de remeter dólares ao exterior para efetivar a compra dessa área de 96,35 mil hectares, em função de restrições do governo argentino, a Cresud preferiu passar o negócio à sua controlada. "Como não queríamos perder o negócio, preferimos que a BrasilAgro o fizesse. Foi muito mais lógico do que perder a opção de compra", disse Elsztain. Assim, a BrasilAgro ficou com 50% da Cresca e a Carlos Casado segue com a outra metade.
O processo envolveu duas transações. A BrasilAgro pagou US$ 18,5 milhões pelos 50% de participação da Cresud na Cresca e exerceu a opção de compra dos 96,35 mil hectares por US$ 16,86 milhões.
Do montante devido à Cresud, cerca de US$ 5 milhões já foram quitados e os demais US$ 13,5 milhões devem pagos ser nos próximos 12 meses, assim como o valor por conta da opção de compra. A Cresca também pagava uma taxa à Cresud pela gestão da empresa, valor que deve agora ser passado à BrasilAgro. Ficou acertado ainda que, em um ano, caso a companhia brasileira venda até 24 mil hectares de terra não desenvolvida no Paraguai, terá de pagar à Cresud um valor correspondente a 25% do preço de venda que exceda US$ 350 por hectare.
Com a conclusão do negócio, a BrasilAgro administrará 141,92 mil hectares no Paraguai, sendo 70 mil agricultáveis. Para o CEO Julio Toledo Piza, a extensão da área, o baixo nível de desenvolvimento e a chance de diversificar a atuação da empresa justificaram o investimento.
As terras no Paraguai, acrescentou Piza, também são mais férteis que as da Bahia, região típica dos investimentos da empresa. "Além disso, é necessária 1,8 tonelada por hectare para pagar o custo direto da implantação da soja na Bahia, enquanto no Paraguai esse número é de 0,8 tonelada por hectare. E o preço da soja também é mais alto lá", comparou. Nos últimos 5 anos, 500 mil hectares foram desenvolvidos em Boquerón, a maior parte com pecuária. "Mas nossa ideia é também investir em processos agrícolas na região".
Apesar da atenção aos países vizinhos, a BrasilAgro segue interessada em ampliar o portfólio no Brasil. Criada em 2006, a empresa adotou o modelo de negócio de sua controladora, que aposta na criação de valor pela compra de terras e transformação dessas áreas, além de geração de caixa com a operação agrícola. A companhia já adquiriu 248 mil hectares no Brasil, dos quais 24 mil foram vendidos. A taxa de retorno (imobiliária e produtiva) é superior a 20%, segundo a empresa.
Para Piza, a BrasilAgro começa a chegar a uma fase de equilíbrio, com a evolução do portfólio, venda de fazendas e os ganhos com a produção de grãos e pecuária. "No ano passado [safra 2012/13], já fizemos o pagamento de dividendos e um programa de recompra de ações", disse. | Valor
Fonte: suinocultura 19/12/2013
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A BrasilAgro publica em seu site apresentacão referente a aquisicão da Cresud - Aquisição Paraguai. Abaixo alguns slides extraídos do referido documento.
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