A Vale captou US$ 1,66 bilhão (R$ 3,83 bilhões) com a venda da maior parte de suas ações da Norsk Hydro. O valor pode ser elevado para US$ 1,82 bilhão caso o lote suplementar seja totalmente exercido. A empresa se desfez de 407,1 milhões de papéis e ainda possui 40,7 milhões suplementares que podem ou não ser vendidos.
A venda foi feita pelo preço de 25 coroas norueguesas para cada ação, cerca de US$ 4,07 (R$ 9,41), segundo cotação de segunda-feira. A liquidação da oferta está prevista para sexta-feira.
No Brasil, a Norsk Hydro tem participação de 5% na mineradora de bauxita Mineração Rio do Norte (MRN); é controladora da Paragominas, com uma participação de 67,9%; tem uma unidade fabricação de extrudados e tubos de alumínio; 51% da Albras; e 91% da Alunorte.
Sem considerar o lote suplementar, a Vale reduziu sua fatia na companhia norueguesa de 21,6% para 2%. Caso toda a oferta seja liquidada, a companhia brasileira vai se desfazer de toda a participação que possui no capital social da Norsk Hydro. Se continuar com ações da norueguesa, a Vale não poderá vendê-las durante o período de seis meses.
A Vale possui um representante no conselho de administração da fabricante de alumínio. O preço das ações no negócio ficou 7,3% abaixo do fechamento de segunda-feira dos papéis da Norsk Hydro na bolsa de Oslo, na Noruega.
De acordo com a XP Investimentos, a venda deve levar a um incremento de 23% no caixa da mineradora brasileira. Em relatório, o analista William Castro Alves classificou a notícia como positiva e destacou que a operação pode inclusive gerar pagamentos de dividendos extraordinários no futuro - considerando, ainda, que a empresa segue sendo forte geradora de caixa.
Para Alves, a decisão da mineradora brasileira agradou também do ponto de vista estratégico. Isso porque a venda de participação na Norsk Hydro segue o direcionamento dado pelo presidente da empresa, Murilo Ferreira, de focar no "core business" e sair ou reduzir a participação em atividades que não são principais para a empresa.
O banco J.P. Morgan também avaliou como positiva a operação de ontem, "já que a alienação de atividades não essenciais é uma estratégia da Vale".
O analista Rodolfo De Angele, do J.P. Morgan, ressaltou em relatório que "o sucesso na execução desta negociação é outro ponto de avaliação do gerenciamento [da empresa], que continua cumprindo com sua reputação".
O estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi, frisou que a venda das ações da Norsk Hydro reforça a posição da empresa brasileira em se desfazer de operações que não sejam altamente rentáveis e essencialmente ligadas à mineração. De acordo com o analista, as operações da Norsk Hydro não apresentam grandes margens de lucro, em razão de altos custos, principalmente, com energia elétrica. "Para a Vale, estava ficando inviável", afirmou ele.
"A negociação, embora fosse conhecida, é boa para a Vale, que fica com o caixa reforçado. Mas os papéis da empresa já estavam precificados para essa operação", disse.
A Concórdia avaliou que a venda ajuda a mineradora no curto prazo, já que a companhia está pressionada por questões de ordem tributária e regulatória. "A oferta possibilitou à Vale se desfazer de maneira prática da participação (...) e nos pareceu satisfatória. Mantemos nosso viés otimista para o futuro da mineradora, enxergando-a como boa opção de investimento bursátil, e destacamos nossa visão positiva para as recentes iniciativas de sua direção executiva", disse em relatório.
Na avaliação da Concórdia, com a operação, a Vale pode, inclusive, utilizar os recursos para abater parte da dívida com impostos sobre coligadas no exterior, caso opte por aderir ao refinanciamento de dívidas proposto pelo governo.
Já o analista Felipe Reis, do Santander, ressaltou que foi "natural" a saída da Vale do capital da norueguesa. "Não é uma questão de a Vale precisar, mas de melhor alocação de recursos." Renato Rostás, Stella Fontes e Diogo Martins | Valor Econômico
Fonte: portosenavios 13/11/2013
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