O Brasil tem pelo menos 200 empresas de médio porte em condições de entrar para o mercado de capitais nos próximos três a cinco anos. A BM&FBovespa espera atrair no mínimo um terço delas para o mercado, revela Cristina Pereira, diretora de desenvolvimento de empresas da bolsa de valores.
As estimativas da BM&FBovespa indicam que o país tem cerca de 15 mil empresas de porte médio, com faturamento entre R$ 20 milhões e R$ 400 milhões, mas a maioria nem sonha com o mercado de capitais, considerado restrito às grandes empresas.
A proposta da bolsa é quebrar essa resistência e fazer com que as companhias de médio porte conheçam as várias possibilidades do mercado de capitais, que não estão restritas ao mercado de ações. A ideia é que as empresas firmem um relacionamento com a bolsa - e o mercado - antes de partir para a etapa crucial, a captação de recursos.
De acordo com Cristina, essa iniciativa já foi tentada este ano por algumas empresas, como a TI Senior Solution, realizada em março. A companhia, com faturamento de R$ 40 milhões, fez uma captação de R$ 60 milhões. Hoje, a maior parte das operações na bolsa começa em R$ 500 milhões.
De acordo com a diretora da BM&FBovespa, a operação foi voltada para o mercado interno e viabilizada por "uma série de mudanças" nos procedimentos de captação, mas sem alteração nas condições regulatórias. Segundo Cristina, a TI Senior Solution foi listada na bolsa paulista no ano passado, mas o relacionamento havia começado um ano antes. Os novos modelos para captação de empresas menores "vai mudar a realidade do mercado", diz Cristina, que acredita que as empresas de médio porte que aderirem ao mercado de capitais vão se tornar "mais maduras e competitivas".
"Falta capacitação dos dois lados do mercado", disse Cristina durante o painel Maturação do Mercado de Capitais no Brasil, no Simpósio Brasileiro de Políticas Públicas para Comércio e Serviços (Simbracs 2013), realizado em Brasília. Capacitação tanto para as empresas, que desconhecem o mercado de capitais, quanto para os investidores, que não enxergam nesse tipo de companhia um destino potencial para seus investimentos. Falta capacitação à bolsa para fazer o meio de campo e fomentar esse tipo de relação, quase inexistente no mercado brasileiro.
Para atrair investidores e oferecer às empresas uma oportunidade de conhecer alternativas de investimento, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) criou o Inovativa Brasil, um programa lançado este ano para fazer a aproximação entre investidores e empreendedores. O programa foi apresentado no Simbracs.
Concebido em parceria com a consultoria McKinsey e o Instituto Endeavor, o Inovativa tem quatro pilares: capacitação dos empreendedores para o desenvolvimento do negócio, apoio de profissionais para os empreendedores selecionados (coaching), preparação para o relacionamento com investidores e networking.
O Ministério do Desenvolvimento esperava atrair 350 candidatos este ano. Sem nenhuma divulgação, atraiu 1.635 projetos, dos quais foram selecionados 50. Desses, 20 estão sendo capacitados para se apresentar a uma banca de investidores no próximo dia 25 deste mês. A apresentação para investidores internacionais será em janeiro. A proposta do ministério é que o treinamento esteja disponível via internet para todo o Brasil no próximo ano.
O mercado brasileiro ainda tem muito espaço para crescer, disse Wang Jiang Horng, assessora de análise e pesquisa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Uma demonstração disso é o fato de o país ser a sétima economia do mundo, disputando intensamente com a sexta (Grã-Bretanha) e ter apenas o 12º maior mercado de capitais. Segundo ela, o aumento da expectativa de vida do brasileiro está trazendo reflexos positivos para a poupança interna. O crescimento dessa poupança está levando fundos de pensão e entidades de previdência a buscar o mercado de capitais para rentabilizar o patrimônio dos contribuintes.
A assessora da CVM disse que o mercado de capitais brasileiro hoje é da ordem de R$ 2,5 bilhões e está em crescimento. Há ainda outras modalidades, como debêntures e fundos creditícios (FDICs). Para Wang, o crescimento do mercado decorre da melhora da economia e também do ambiente regulatório. A necessidade de recursos e a disponibilidade de capital deve impulsioná-lo ainda mais.
Fonte: Valor Econômico / Eduardo Belo
Fonte: abbc 20/11/2013
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