18 novembro 2013

Médicos põem 41,2% do Fleury à venda

O Fleury está em busca de um novo sócio. O grupo de médicos fundadores da empresa de medicina diagnóstica planeja vender toda a fatia de 41,2% que detém na empresa de medicina diagnóstica, segundo o Valor apurou.

 A companhia informou ao mercado por meio de comunicado que esses acionistas, reunidos em uma empresa denominada Core, contrataram o JP Morgan para "avaliar alternativas estratégicas relacionadas à sua participação acionária na companhia, inclusive com eventual ingresso de novos investidores em Core."

 A nova presidente do Fleury, Vivien Rosso, afirmou que o processo é embrionário e ainda não está definido se envolve a venda de toda a fatia ou apenas uma parte. O outro sócio relevante na empresa é a Bradesco Saúde, com participação de 16,4%.

 Diante do anúncio da contratação do JP Morgan como mandatário, aumentam os comentários no mercado de alguns nomes que poderiam interessar-se pelo Fleury como as gigantes americanas do setor: Quest Diagnostics e o Laboratory Corporation of America. "Empresas de diagnóstico dos Estados Unidos poderiam ser parceiros estratégicos interessados ou compradores", informa relatório assinado por Josh Milberg e Dana Nentin, do Deustche Bank.

 Entre essas duas empresas, os analistas do banco acreditam que a Laboratory Corporation é a que melhor se enquadra. Eles observam que a empresa tem informado, em encontros com investidores, o interesse pelo Brasil, China e Turquia, e condições financeiras para levantar US$ 1 bilhão. Ainda de acordo com os analistas, a Laboratory tem parceria com a UnitedHealth, dona da Amil. "A Laboratory Corporation tem um forte relacionamento com a UnitedHealth o que pode ser estratégico no Brasil tendo em vista a aquisição da Amil", informa o Deustche. O fundador da Amil e sócio da UnitedHealth, Edson Bueno, é o principal acionista da rede de laboratórios Dasa.

 De acordo com fontes do setor, os médicos fundadores do Fleury tomaram a decisão de procurar um sócio porque não estão satisfeitos com o desempenho da empresa, que perde mercado para hospitais premium como Albert Einstein, Sírio-Libanês e HCor. Estes estão investindo fortemente em medicina diagnóstica.

 Em agosto, o Fleury reviu seu plano de expansão e decidiu focar na marca Fleury e frear os investimentos nas unidades da bandeira a+, marca criada há dois anos para reunir 14 laboratórios frutos de aquisição e que atendem um público das classe s B e C.

 A presidente do Fleury nega que haja insatisfação por parte dos médicos e diz que todas as decisões estratégicas são tomadas em conjunto entre diretoria executiva e conselho. Em setembro, houve mudanças na presidência executiva e no conselho de administração, com a renúncia de Gilberto Vieira, um dos médicos sócios mais atuantes dentro da companhia. Vieira informou que após 40 anos na empresa iria se dedicar à vida acadêmica.

 Fontes do setor de saúde dizem que a insatisfação no Fleury teria sido agravada pelo seguinte: os médicos fundadores tomaram, no primeiro semestre, um empréstimo de cerca de R$ 150 milhões para pagar uma opção de compra de ações do Lab's que ainda estavam nas mãos da Rede D'Or. Este grupo hospitalar carioca tinha uma fatia de 8,4% do Fleury, recebida como parte do pagamento pela venda do seu laboratório Lab's Dor por R$ 1 bilhão em 2011. Na época, ficou acertado que os controladores do Fleury teriam a preferência de compra dessas ações.

 Ainda segundo pessoas próximas à companhia, o Fleury passou a distribuir, a partir de agosto, 100% dos dividendos para atender aos acionistas que estão usando esse recursos para pagar o empréstimo de longo prazo (cinco anos) captado no Banco do Brasil. A companhia distribuiu dividendos referentes ao primeiro semestre no valor de R$ 43, 6 milhões. Porém, a rentabilidade dos papéis da companhia está deixando a desejar. No acumulado do ano, as ações amargam perdas de 15,7%. Se for desconsiderada a alta de quase 9% registrada na quinta-feira, quando a empresa anunciou a contratação do JP Morgan, a queda passa dos 20%.  Por Beth Koike | VALOR ECONÔMICO
Fonte: revistacobertura 18/11/2013


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