VIGZUL é aposta dos irmãos Neeleman para diversificar os negócios da companhia aérea
Caminhando pelas ruas de São Paulo, Mark Neeleman, co-fundador da Azul e irmão de David Neeleman, presidente da companhia aérea, teve uma ideia. Ao observar o medo no andar das pessoas e o receio dos lojistas dentro de seus estabelecimentos, percebeu que poderia investir em um nicho: monitoramento de segurança residencial e comercial. Com isso, os irmãos levantaram a quantia de US$ 100 milhões com um fundo americano de private-equity e criaram a VIGZUL para vender proteção, especialmente para a classe C.
Apostando em uma cadeia própria de serviços e funcionários, desde a tecnologia dos produtos até o momento da instalação e do próprio monitoramento, a VIGZUL quer se diferenciar no mercado com rapidez e preço baixo. “Liguei para um concorrente e fiquei 21 minutos na linha de espera até a minha ligação cair”, diz David. “Para evitar isso, não teremos dó de gastar dinheiro nesse primeiro momento.”
Buscando atrair um público que não tem costume de pagar pelos serviços de segurança em sua própria casa, a companhia promete valores mensais entre R$ 89 e R$ 269 com contratos de duração de, pelo menos, dois anos e sem taxas para aquisição dos produtos, que serão locados para os contratantes. “Na classe média, os filhos estão demorando mais para sair de casa, então eles também podem contribuir com a segurança”, afirma Mark, agora diretor de marketing da VIGZUL.
Apesar do nome lembrar a empresa do setor aeroviário, elas não terão uma ligação direta. “São companhias diferentes”, afirma David. “Mas será muito mais fácil entrar na casa das pessoas explicando que se trata de uma empresa com o mesmo DNA.”
E, de fato, o sangue e as raízes mórmons dos Neeleman estarão presentes na VIGZUL. Tendo o porta a porta como estratégia principal na prospecção de novos clientes, os irmãos e o presidente da companhia, Paulo Amorim, contratarão jovens com experiências missionárias para a abordagem. “São pessoas que se apresentam muito bem e sem medo de receber um não”, diz David.
Com cerca de cem funcionários até o momento, os trabalhos da VIGZUL se iniciam na região metropolitana da cidade de Campinas, no interior de São Paulo. O objetivo é conquistar 12 mil clientes até o fim de 2014 e iniciar a expansão para municípios vizinhos, como Jundiaí e Sorocaba. “Queremos chegar em São Paulo até 2020”, afirma Mark. “Antes, apostaremos em capitais menos populosas, como Curitiba, que possui um ótimo mercado.”
Azul quer abrir capital no início de 2014
Após a coletiva do lançamento da empresa de monitoramento, David não se esquivou das perguntas sobre a companhia aérea, que já é a terceira maior no setor. Estimando fechar o ano com um faturamento de R$ 5 bilhões, o presidente da Azul reiterou os planos de IPO na Bolsa de Valores de São Paulo e que espera uma nova posição da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que negou o registro de empresa aberta no último dia 16. “Veremos as oportunidades do mercado no primeiro semestre”, disse David, que aguarda a resolução dos problemas com a CVM em trinta dias. “Já temos aprovação da bolsa de Nova York, mas queremos abrir capital lá e aqui.”
Questionado se era um bom momento para a ação tendo em vista a crise no setor aéreo, Neeleman diz que os resultados da empresa são bons o suficiente para isso. “Você não abre capital se não está ganhando dinheiro”, afirmou.
Por André JANKAVSKI
Fonte: istoedinheiro 30/out/2013
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