A multinacional americana Bunge e a Amaggi, uma das empresas do Grupo André Maggi, da família do senador e ex-governador do Mato Grosso Blairo Maggi, acabam de criar uma joint venture de navegação fluvial no país, conforme antecipou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.
A Navegações Unidas Tapajós Ltda. (Unitapajós), sediada em Belém, será responsável pelo escoamento de grãos originados no Mato Grosso pela hidrovia Tapajós-Amazonas até Santarém, no Pará, que servirá como alternativa menos custosa às empresas.
Com aporte inicial de R$ 300 milhões, igualmente divididos, a empresa construirá 90 barcaças e cinco empurradores que, posteriormente, farão o transporte dos grãos. Os dois grupos pretendem escoar cerca de 3,7 milhões de toneladas de grãos no período de três a quatro anos. Segundo o vice-presidente de relações institucionais da Bunge, Martus Tavares, que a expectativa é que Unitapajós comece a operar já nesta safra 2013/14.
De acordo com o executivo, esta é a primeira parceria em navegação da Bunge no país. A múlti americana divide desde 2006 um terminal no porto de Santos com a Amaggi e a ALL, o Terminal Graneleiro do Guarujá (TGG).
A decisão de fazer a joint venture com a Amaggi se explica pela importância que o setor ruralista dá para um novo sistema logístico de escoamento para o Centro-Oeste. A reivindicação é antiga, mas considerada crucial.
Com o prometido asfaltamento da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém, e os terminais de transbordo em Miritituba, no Tapajós, a safra de grãos poderia ser escoada pela hidrovia até Santarém ou Santana, no Amapá, em contraponto aos atuais deslocamentos longos por rodovias até os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).
Ter suas próprias barcaças e serviço de transporte também faz sentido já que a Bunge tem todo interesse nessa nova rota de escoamento. A empresa é a única até o momento que obteve a licença de instalação (LI) para a construção de seu terminal fluvial em Miritituba, um distrito à margem do Tapajós no município paraense de Itaituba. O rio é chamado pela indústria de grãos e de logística de o "Mississipi" brasileiro, dado o seu potencial de navegação e transporte.
A expectativa é que até o fim de novembro a obra se torne pré-operacional. Além da múlti, Cargill, Hidrovias do Brasil, Unirios, Reicon, Chibatão Navegações e Cianport pleiteiam um dos nove terminais previstos para Miritituba. Essas demais empresas, porém, ainda estão em fase de elaboração do EIA-Rima, o estudo de impacto ambiental, e de chamamentos para audiências públicas.
Reunidas sob a recém-criada Associação dos Terminais Privados do Rio Tapajós (Atap), as empresas estão em tratativas finais com a Prefeitura de Itaituba sobre as possíveis compensações ambientais e sociais dos impactos de suas operações na região. Além de Miritituba, a Bunge também terá um terminal em Barcarena, em Belém, a perna final do corredor de escoamento iniciado pelo transporte rodoviário pela BR-163, depois pelas barcaças em Mirirituba, e de Belém para o exterior. Nos dois terminais, a companhia projeta investimentos totais de US$ 197 milhões.
Segundo Tavares, a economia do sistema hidroviário é significativa. Ele não diz quanto ("tudo depende de variáveis") mas exemplifica: uma só barcaça consegue carregar 200 mil toneladas de grãos. Isso equivale a retirar 50 caminhões da estrada. Valor Econômico/Bettina Barros
Fonte: portosenavios 30/10/2013
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