Os fundos de venture capital e private equity investem recursos em até 2% das empresas analisadas por eles. O dado foi levantado junto à Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity (ABVCap) e junto a representantes de fundos e gestoras com atuação no Brasil.
"Os gestores analisam diversas empresas e muitas vezes se deparam com projetos muito importantes e inovadores, mas que não oferecem um bom retorno para os nossos investidores. No Brasil, de cada 100 empresas analisadas, duas são contempladas com recursos. Esse dado está dentro da média mundial", afirmou o presidente da ABVCap, Clóvis Meurer.
Para o diretor da Confrapar e gestor do Fundo HoronTI, Felipe Godoi, o índice é ainda mais baixo. "A peneira é muito fina para um fundo decidir investir em um negócio. A média no mercado é de uma contemplação para cada 100 análises. Nós, por exemplo, analisamos 900 projetos e financiamos apenas seis", afirmou.
O setor de varejo foi um dos focos principais dos investimentos. O último dado divulgado pela ABVCap, relativo ao final do ano passado, mostrou que foram investidos R$ 21,8 bilhões em empresas do segmento em 2012, em 2011 o investimento total havia sido de R$ 5,1 bilhões.
"Com o crescimento da renda das classes C, D e E, o consumo teve um aumento impressionante e isso fortaleceu demais as empresas do setor que experimentaram um aumento grande de demanda", afirmou Clóvis.
Outro setor que recebeu atenção especial dos fundos foi o de energia, sobretudo óleo e gás onde foram investidos R$ 13,3 bilhões em 2012, frente a R$ 10 bilhões no ano anterior. Em seguida, o setor de construção civil que recebeu R$ 13,3 bilhões e de Alimentos e Bebidas com R$ 10,9 bilhões foram os setores com maior volume de investimento.
Para os próximos anos uma área que deve receber atenção especial é a de serviços, sobretudo as áreas de saúde e educação. Para o presidente do ABVCap, nos próximos haverá um envelhecimento da população que precisará cada vez mais de serviços ligados à saúde, desde remédios genéricos até asilos e hospitais e será necessário muito investimento para atender a essa demanda.
Com relação à educação, ele acredita que com aumento da renda e com baixos níveis de desemprego, a tendência é um forte aumento de procura por esse serviço. "O retorno para os nossos investidores é de longo prazo, 5 e 10 anos, por isso precisamos projetar cenários futuros de demanda", afirmou Clóvis Meurer.
Para Felipe, outra área importante e que deve receber um volume grande de recursos é o de tecnologia de informação (TI). "O potencial de retorno de empresas inovadoras é muito grande, por isso os setores ligados a tecnologia devem ter um destaque importante do mercado", afirmou.
O total de capital comprometido pelos fundos de private e venture tem subido em um ritmo bem acima dos demais setores da economia. Em 2011, as empresas receberam investimentos na ordem de R$ 39,7 bilhões, em 2012, R$ 52,7 bilhões foram alocados pelos fundos, o que representa uma alta de 24,3%. Esses fundos ainda tinham R$ 22,7 bilhões em recursos disponíveis para investimento em 2011 e R$ 28,7 bilhões ao final do ano passado.
Outra prova de que o segmento se consolidou nos últimos anos é crescimento expressivo no número de fundos envolvidos. Dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostram que havia 27 Fundos de Investimento em Participações (FIP) em 2005, em 2008 esse número saltou para 152, para 461 ao final do ano passado e para 510 em junho deste ano.
Em 2005 existiam 22 Fundos Mútuos de Investimento em Empreendimentos Emergentes (FMIEE), esse número passou para 29 em 2010 e fechou em 31 em junho deste ano, ainda de acordo com os últimos dados divulgados pela CVM.
O Patrimônio Líquido (PL) desses fundos citados também apresentou aumento expressivo nos últimos anos. Em janeiro de 2010, o patrimônio dos FIP era de 44,6 bilhões, em junho de 2013 o PL total foi de R$ 111,6 bilhões. No caso dos FMIEE o salto foi de R$ 530 milhões para R$ 1,001 bilhão em igual período.
Apesar disso, a expansão em 2013 pode ser impactada pelos resultados da economia. "Com uma economia em ritmo menor de crescimento é natural que a quantidade de investidores caia, com isso os recurso disponíveis para os fundos também cai e um número menor de empresas são contempladas", afirmou Felipe Godoi.
Segundo o presidente da ABVCap, o câmbio volátil, a inflação em níveis um pouco mais altos e a Bolsa em queda fizeram com que algumas decisões de investimento fossem adiados e por isso o volume de recursos envolvendo fundos de private e venture deve ser menor do que o projetado inicialmente para este ano. Apesar disso, ela chama atenção que esse pode ser um bom momento para fazer investimentos.
"Com e economia crescendo em um ritmo muito forte os preços tendem a se valorizar muito e você acaba pagando um valor acima do real pela participação nas empresas. Com um ritmo menor os valores são mais próximos à realidade."
O setor tem saído do controle estrangeiro. Em 2011, eles representavam 54,2% dos investidores, em 2012, esse índice foi de 48,7%. DCI
Fonte: abrasnet 02/09/2013
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