A despeito do mau humor no mercado, duas companhias do setor de serviços se preparam para estrear na bolsa. A Sascar, que atua no rastreamento de veículos, protocolou ontem na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o prospecto preliminar de sua oferta inicial de ações. O grupo Anima Educação, dono de três universidades, pretende fazer o mesmo nas próximas duas semanas, segundo fonte a par do assunto.
À primeira vista, a movimentação surpreende porque ocorre em dias de instabilidade no mercado. Nas últimas semanas, não tem havido espaço nem mesmo para operações de nomes mais conhecidos. Anteontem, a companhia aérea Azul cancelou seu registro de oferta, assim como a Votorantim Cimentos fez na semana passada. Ambas esperam retomar seus planos no próximo ano.
Por isso, o fato de Anima Educação e Sascar se prepararem não significa que as ofertas serão realizadas em breve. A ideia é que as empresas fiquem prontas para lançar suas ações rapidamente se as condições o permitirem. Essa tem sido a orientação dos banqueiros que assessoram as operações, de forma que as companhias tenham agilidade para aproveitar os momentos de melhora no mercado. A mesma lógica permeou os pedidos de oferta das locadoras de veículos Unidas e Ouro Verde, apresentados à CVM em julho.
No prospecto preliminar da oferta, a Sascar afirma que pretende captar dinheiro em bolsa para fazer aquisições e reforçar sua estrutura de capital de giro. O tamanho da oferta ainda não foi revelado. A operação terá uma parcela primária, em que os recursos vão para o caixa da empresa, e outra secundária, com a venda de participação dos atuais acionistas.
A Sascar é controlada pela GP Investimentos, que entrou na companhia há dois anos, e também tem em seu bloco de controle o grupo JCR, que reúne empresas de segmentos como construção civil, infraestrutura e serviços de tecnologia da informação.
A companhia de rastreamento faturou R$ 230 milhões no ano passado, três vezes mais que no exercício anterior, impulsionada por uma série de aquisições de empresas. O lucro aumentou 88%, para R$ 2,6 milhões.
No prospecto, a Sascar aponta o potencial de crescimento do mercado em que atua. Para isso, cita estudo da consultoria IDC conforme o qual a adesão das soluções de rastreamento nas frotas e ativos móveis do Brasil era de apenas 2,5% em 2012, abaixo dos 7,9% vistos nos Estados Unidos e dos 8,8% contabilizados na Europa.
O banco BTG Pactual é o coordenador líder da oferta da Sascar. Credit Suisse, Itaú BBA, Bank of America Merrill Lynch (BofA) e Bradesco BBI também estão entre as instituições responsáveis.
No caso da Anima Educação, a oferta tem como principais coordenadores o Itaú BBA e o BofA, apurou o Valor.
Com receita de aproximadamente R$ 400 milhões, a companhia tem foco no ensino superior. A Anima Educação é dona da Unimonte, de Santos (SP), do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) e da Una, na capital mineira. O objetivo é captar recursos para acelerar os planos de expansão da empresa. Porém, ainda não está definido o tamanho da oferta.
No ano passado, o grupo recebeu aporte do fundo BR Educacional e colocou Ozires Silva, ex- Embraer, na presidência do conselho de administração. Na ocasião, a Anima Educação informou ter planos de elevar sua base de alunos de 42 mil para 100 mil em cinco anos.
O Valor não conseguiu localizar representantes da Anima Educação até o fechamento desta edição.
Por Talita Moreira e Natalia Viri Valor econômico
Fonte: revistacobertura 21/08/2013
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