18 agosto 2013

O raio X do crescimento

Com o apoio do Gávea Investimentos, o laboratório mineiro Hermes Pardini se prepara para entrar no seleto clube das empresas que faturam R$ 1 bilhão por ano

 A rotina do mineiro Roberto Santoro, presidente do laboratório de análises clínicas Hermes Pardini, cujo faturamento atingiu R$ 500 milhões em 2012, nunca foi tão atribulada como nos últimos tempos. Além de comandar o dia a dia da rede de laboratórios baseada em Belo Horizonte, ele vem seguindo um intenso programa de viagens pelo Brasil afora. Nessas andanças Santoro checa o desempenho das filiais e prospecta novas oportunidades de negócios. Tudo isso para cumprir o objetivo de dobrar as receitas da empresa no final de 2015. Até agora, ele vem conseguindo um desempenho invejável. Graças, em boa medida, a um intenso programa de aquisições, iniciado em agosto do ano passado.

 Desde então, foram adicionados cinco laboratórios ao seu portfólio (veja quadro ao final da reportagem), o que transformou o Hermes Pardini na terceira força do setor, atrás dos paulistas Dasa e Fleury. Quando está na sede do Hermes Pardini, porém, também é difícil de encontrar um espaço disponível na agenda do executivo. E foi em meio a essa maratona de reuniões que ele falou à DINHEIRO, por telefone, enquanto se deslocava pelo caótico trânsito da capital mineira. “Nosso plano de expansão contempla duas vertentes: o crescimento orgânico e as aquisições”, diz o executivo. A arrancada tem sido facilitada graças à parceria com o Gávea Investimentos, firmada em novembro de 2011.

 O fundo tem entre seus sócios Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central. Na época, o Gávea pagou R$ 300 milhões por 30% da empresa controlada pelo empresário Victor Pardini, que hoje ocupa o posto de presidente do conselho de administração. Com recursos em caixa, cujo montante não revela, Santoro pode ir às compras. Primeiro, olhou para seu próprio quintal, dobrando o número de laboratórios na capital mineira para 50 unidades, passando a dominar 70% do mercado. Nas demais cidades, ele examina opções de compra de concorrentes menores. A expectativa é adicionar mais três laboratórios à sua rede até dezembro. Ganho local: prioridade de Santoro, CEO, é expandir atuação em São Paulo

 O foco são os municípios das regiões Sudeste e Nordeste, onde já conta com base de operações e clientes. Mas o Sudeste continua sendo o filé mignon. “Um de nossos objetivos era operar em São Paulo”, afirmou ele. “Para isso, fomos atrás de redes consolidadas nesse mercado.” Uma das primeiras da lista foi a Digimagem, que conta com três unidades. No mês passado, o Hermes Pardini incluiu o laboratório Diagnóstika, especializado em patologia cirúrgica, na lista de suas conquistas recentes. Os planos de Santoro para a terra da garoa não param por aí. Incluem também a abertura de uma megaunidade, com cerca de três mil metros quadrados de área, incluindo serviços em todas as modalidades de atuação do laboratório.

 Ele também pretende inaugurar mais três filiais menores. “A capital paulista é o nosso foco”, diz. “Mas não descartamos outras cidades da região metropolitana.” Nesse ritmo, Santoro espera crescer a uma taxa de 20% em 2013, quase o dobro da média do setor, estimada em 12%. A empresa foi fundada em 1959 pelo médico mineiro Hermes Pardini. Especialista em bioquímica e patologia clínica, ele enxergou o potencial financeiro desse nicho em uma época na qual os serviços de saúde eram prestados quase exclusivamente por entidades públicas. Mas foi sob o comando da segunda geração familiar que o negócio deslanchou.

 Coube ao filho do fundador, Victor, a decisão de buscar um sócio capitalista para seguir crescendo e enfrentar os rivais com maior porte e mais grana em caixa. A essência do Hermes Pardini, no entanto, jamais foi alterada. Além de atender a demanda de médicos e pacientes ligados a planos de saúde e hospitais, a Hermes Pardini se especializou na prestação de serviços às concorrentes. Hoje são perto de cinco mil clientes que, por serem de menor porte, optam por apenas fazer a coleta, terceirizando ao laboratório as demais etapas do processo. Mesmo com a compra de concorrentes, a área de serviços corporativos responde por 60% do faturamento.
Por Rafael FREIRE
Fonte: istoedinheiro 16/08/2013

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