Com a aquisição, que será anunciada oficialmente nesta sexta, a Laureate passa a contabilizar mais de 200 mil alunos no País
Uma das instituições de ensino superior privado mais cobiçadas do mercado, a paulistana FMU, foi vendida, por R$ 1 bilhão, para a rede americana Laureate, que já é dona da Anhembi Morumbi. O negócio, que vinha sendo costurado há quase um ano, será anunciado oficialmente nesta sexta-feira. Essa é a maior transação realizada no setor desde a fusão que criou, em abril, o maior grupo de educação superior do mundo, com a união de Kroton e Anhanguera.
Fundada, em 1968, pelo advogado Edvaldo Alves da Silva - hoje um octogenário -, a FMU tem cerca de 90 mil alunos e faturamento bruto estimado para este ano de R$ 450 milhões. Embora não esteja no topo do ranking das maiores instituições privadas do País, a FMU sempre despertou o interesse dos concorrentes por ser uma marca forte no mercado mais importante para o setor de educação. Ela tem em torno de 40 prédios só na cidade de São Paulo.
A partir de 2008, a instituição passou por uma guinada. O fundador e seus filhos, Eduardo e Edson, contrataram um grupo de executivos da concorrente Uninove, entre eles Arthur Sperandéo de Macedo, para promover uma reestruturação que tirasse a rede da estagnação. A FMU, que tinha como carro-chefe o curso de Direito e foi criada para atender o público das classes A e B, decidiu reduzir o preço das mensalidades em 25% para atrair alunos com renda mais baixa.
A empresa, que antes disputava universitários com instituições como PUC e Mackenzie, passou a concorrer diretamente com redes mais populares, como a Anhanguera. "Isso deixou a empresa ainda mais interessante", disse um executivo do setor. O problema é que o dono não tinha interesse de vender. "O professor Edvaldo fazia questão de dizer que não queria se desfazer do negócio", disse um ex-funcionário da FMU. "Mas os filhos queriam e acabaram convencendo o pai."
A venda para a Laureate inclui todas as unidades da FMU em São Paulo: Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Faculdades Integradas de São Paulo (Fisp) e Fiam-Faam Centro Universitário. A aquisição não envolve o Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), do qual o fundador da FMU detém 50% de participação. Procuradas, Laureate e FMU não comentaram o negócio.
Segundo fontes do mercado, outro potencial comprador que chegou a sondar a FMU foi o americano Apollo Group. Há anos, a empresa tem tentado entrar no Brasil, sem sucesso.
Americanos. Essa é a 12ª aquisição da Laureate no Brasil. Os americanos entraram no Brasil em 2005, comprando uma fatia da Anhembi Morumbi, do professor Gabriel Rodrigues. O negócio é visto no setor como um dos primeiros na onda de consolidação que tomou conta do segmento de ensino superior privado no Brasil nos últimos anos - capitaneada por empresas controladas por fundos de private equity. A própria Laureate, com 750 mil alunos em 29 países, tem entre seus sócios o mega fundo de investimento americano KKR.
Embora seja mais lenta do que as concorrentes no processo de consolidação, a Laureate já adquiriu outras 11 instituições de ensino superior em oito Estados do País, entre elas a Business School São Paulo e a Universidade de Salvador. Só na expansão da Anhembi os americanos investiram R$ 120 milhões.
No início deste ano, a Laureate passou a deter 100% do capital da Anhembi Morumbi (até então, ela tinha apenas 51%). Na época, o presidente da Laureate Brasil, José Roberto Loureiro afirmou que novas aquisições estavam nos planos da companhia. O executivo destacou que a estratégia era buscar escolas de boa reputação em suas regiões.
Com a aquisição da FMU pela Laureate, reduzem-se as opções de grandes empresas de educação que ainda não foram compradas pelas principais consolidadoras do setor. A São Judas, também de São Paulo, é uma das mais assediadas pelos concorrentes, junto com Unip e Uninove. Por Naiana Oscar, de O Estado de S. Paulo / COLABOROU DAYANNE SOUSA
Fonte: estadao 23/08/2013
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Laureate compra FMU por R$ 1 bilhão
Após oito meses de negociações, o grupo americano de ensino Laureate fechou por R$ 1 bilhão a aquisição de 100% da FMU - um dos grupos educacionais mais tradicionais de São Paulo e cobiçados do setor, segundo o Valor apurou.
A transação, que será anunciada hoje, é uma das maiores do mercado, só perde para uma feita pela Kroton . Esta pagou R$ 1,3 bilhão pela Unopar em 2011. Mas levando-se em consideração o valor desembolsado por aluno, a FMU é a maior operação. A Laureate vai pagar cerca de R$ 14,7 mil por estudante. Na época, a Kroton pagou R$ 8 mil.
O Complexo FMU conta com 68 mil estudantes, principalmente de ensino presencial, que pagam em média mensalidade de R$ 650. O complexo é formado por três faculdades: FMU, Fisp e Fiam-Faam.
O fundador da FMU, o professor Edevaldo Alves da Silva, de 83 anos, continuará como presidente do conselho e sua esposa, Labibi Alves da Silva, também será mantida como reitora, cargo que ocupa há 30 anos.
Fundada em 1968, a FMU era a noiva mais cortejada do setor. Em paralelo às negociações com a Laureate, outro grupo americano, o Apollo, também manteve conversas com o professor Edevaldo. Segundo fontes do setor, a família do fundador era favorável à venda, mas quem sempre resistiu às ofertas foi o próprio Edevaldo.
Os atrativos da FMU são a forte marca que o grupo tem em São Paulo e a presença em 40 campi distribuídos em pontos estratégicos da cidade. Além disso, a faculdade tem grande potencial para crescer no segmento de ensino a distância, modalidade na qual tem uma atuação tímida.
Mas nem sempre foi assim. Por muitos anos, a FMU não deslanchou e a quantidade de alunos não ultrapassava os 25 mil. A partir de 2008 houve uma guinada e hoje são 90 mil estudantes. Nestes números estão somados os estudantes da Uniceub - Centro Universitário de Brasília, que não foi vendido para a Laureate. O professor Edevaldo detém uma participação de 50% na Uniceub.
A expansão da FMU foi liderada por Arthur Sperandéo de Macedo, contratado em 2008 como vice-reitor executivo e que reorganizou desde os cursos oferecidos até as áreas administrativa e financeira.
A FMU é a 12ª aquisição feita pela Laureate no Brasil. Desde 2005, quando desembarcou no país, o grupo americano já investiu cerca de R$ 2 bilhões. Metade dessa cifra foi, portanto, destinada para a FMU. No ano passado, a Laureate registrou um faturamento de cerca de R$ 1 bilhão.
A primeira aquisição do grupo americano no Brasil foi a Anhembi Morumbi, que tem alguns pontos marcantes em comum com a FMU. Ambas as instituições de ensino atuam no mercado paulista há cerca de 40 anos e foram fundadas por professores que hoje têm idade na casa dos 80 anos. Tanto Edevaldo quanto Gabriel Rodrigues, fundador da Anhembi Morumbi, são conhecidos por terem uma personalidade forte. Além das faculdades, os dois também têm vários negócios imobiliários.
No primeiro semestre, o professor Gabriel vendeu a participação de 49% que ainda detinha na universidade que fundou para a Laureate e hoje está na Anhanguera. Agora, o grupo americano terá no conselho da FMU, o professor Edevaldo. Mas este não terá poder de voto, já que vendeu todas as ações.
Procuradas pela reportagem, a Laureate e FMU não se manifestaram sobre a transação, que ainda depende de aprovação do Cade.
Por Beth Koike
Fonte: Valor Econômico 23/08/2013
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