Dois anos após criar a FKG Capital, Daniel Goldberg está pronto para dar um novo passo. A gestora americana Farallon Capital Management fechou nesta semana a aquisição do controle do fundo de hedge montado por ele quando deixou a presidência do Morgan Stanley no país, em 2011.
A Farallon, que já tinha 25% da FKG, comprou os 75% que estavam nas mãos de Goldberg e de seus sócios brasileiros, Emanuel Dutra e Antenor Camargo. O valor da transação não foi revelado.
A gestora tinha até o fim de 2014 para exercer a opção de compra do controle da FKG.
O acordo pouco muda o modelo de negócios da FKG, mas dá à companhia uma escala significativamente mais ampla, já que a Farallon tem cerca de US$ 20 bilhões sob gestão. "Vamos fazer transações maiores", afirmou Goldberg.
Além de se tornar sócio, Goldberg será o executivo-chefe da Farallon na América Latina. Juntas, as duas operações têm mais de R$ 1 bilhão investido na região, o dobro da carteira da FKG individualmente. O portfólio combinado inclui investimentos em cinco empresas no Peru, três no Brasil e ações de empresas listadas em bolsa, como a panamenha Copa Airlines.
A FKG construiu, em seus dois anos de existência, um modelo de atuação muito particular.
De um lado, estão os investimentos em ativos líquidos, com operações "long and short" (compradas em alguns ativos e vendidas em outros), típicas dos fundos de hedge. Essa área é conduzida por Emanuel Dutra, que atuou na área de negociações proprietárias do Santander.
De outro, está o que Goldberg chama de estratégias ilíquidas. Nessa área, à qual se dedica Antenor Camargo, ex-Morgan Stanley, o foco são investimentos em empresas de capital fechado, feitos com estruturas sofisticadas. Processos de recapitalização e reestruturação de dívidas, financiamentos que não onerem o balanço e instrumentos híbridos entre capital próprio e dívida são as principais frentes de atuação.
O movimento mais recente se deu na fusão entre as empresas de saneamento e gestão ambiental Foxx e Haztec, em fevereiro. A FKG financiou a Foxx, criada pelos empresários Milton Pilão Júnior e Ismar Machado Assaly. Esta, por sua vez, capitalizou a Haztec. A FKG entrou na operação no lugar do investidor George Soros, que desistiu do negócio de última hora.
No ano passado, a companhia de investimentos financiou a aquisição da emissora de TV peruana Frecuencia Latina por um fundo de private equity. Quando o empréstimo for quitado, a FKG terá bônus de subscrição da empresa.
"São operações de prazo relativamente longo, mais caras que outras opções disponíveis no mercado, mas que são interessantes para companhias que não podem se endividar naquele momento", afirmou Goldberg.
Em geral, as operações têm prazo de até quatro anos e os financiamentos podem ser pagos antecipadamente quando a empresa consegue se reorganizar e pode recorrer a fontes mais baratas.
Segundo Goldberg, esse tipo de transação também faz parte do perfil da Farallon e continuará a ser feito após a venda. Da mesma forma, afirmou, estão mantidos os planos traçados pela FKG quando foi criada, de investir US$ 1 bilhão em até três anos. O fundo já teria o comprometimento de investidores para aplicar esses recursos.
A expectativa é que a transição para a estrutura da Farallon termine em agosto. Não estão previstas mudanças na equipe local.
A operação abre uma nova etapa na acelerada carreira de Goldberg, de 37 anos. O advogado ganhou notoriedade quando comandou a Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, de 2003 a 2007. De lá, foi para o Morgan Stanley - primeiro, como chefe de banco de investimentos; depois, como presidente da instituição no país. Em 2011, saiu do banco para criar a FKG.Valor Econômico
Fonte: clippingmp 24/07/2013
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