06 junho 2013

Com US$400mi, fundo Actis busca ativos de seguros no Brasil

O fundo britânico de private equity Actis se prepara para iniciar uma nova rodada de investimentos no Brasil, com um montante que deve somar 400 milhões de dólares, afirmaram os sócios que comandam a operação brasileira da Actis, Patrick Ledoux e Chu Kong.

 Mais conhecido no mercado brasileiro pelas recentes aquisições no setor de educação, que incluíram fatias na escola de inglês CNA e no Grupo Cruzeiro do Sul Educacional, o fundo agora está interessado em comprar empresas de seguros.

 Tanto seguradoras quanto corretoras de seguros são possíveis alvos do fundo de private equity, que espera um crescimento expressivo na demanda por seguros, ainda pouco usados pelos brasileiros.

 A preferência do fundo é por empresas que tenham elevada participação em um nicho específico do setor de seguros, mercado que também é cobiçado pelos grandes bancos, que estão buscando maiores receitas com serviços depois da queda dos juros nos últimos anos.

 Mesmo assim, a concorrência com os bancos não preocupa os sócios da Actis. "Vemos os bancos como potenciais compradores desses ativos quando decidirmos vender nossa participação", afirmou Ledoux em entrevista à Reuters no escritório da Actis, na capital paulista.

 Outros mercados que interessam são cosméticos, alimentos e saúde, em particular planos odontológicos e equipamentos médicos.

 No momento, o fundo está concluindo uma captação global, com valor ainda não divulgado, e a unidade brasileira aguarda a entrada dos recursos para fazer novos movimentos de aquisição.

 O dinheiro será investido nos próximos cinco anos e terá como alvo empresas de médio porte. "Vamos fazer cinco a sete negócios neste período", afirmou Kong. Com 5 bilhões de dólares sob gestão, o fundo foi criado em 2004 após se separar da CDC, braço de desenvolvimento do governo do Reino Unido criado em 1948.

 Desde o início das operações no mercado brasileiro, em 2007, o fundo investiu cerca de 400 milhões de dólares em seis negócios na América Latina.

 Três deles foram compras de fatias na varejista CSD, na empresa de produtos de higiene e limpeza Gtex - ambas no Brasil - e na distribuidora de energia Energuate, na Guatemala.

 Os negócios mais badalados foram as compras de participações na CNA, na universidade Cruzeiro do Sul e no grupo financeiro XP Investimentos.

 A operação com a CNA somou 135 milhões de reais, enquanto o negócio com Cruzeiro do Sul foi de 180 milhões de reais, ambas no ano passado. A compra da fatia na XP Investimentos, em novembro de 2010, movimentou 100 milhões de reais.

 O setor de educação também atraiu nos últimos anos outros fundos de private equity, como o Advent, que comprou uma participação na Kroton, e o Pátria, que tornou-se sócio da Anhanguera Educacional. As duas empresas de educação anunciaram recentemente uma fusão que criará a maior companhia do setor no mundo.

 Segundo Kong, a Actis não pretende fazer novas operações diretamente no setor educacional. As aquisições neste ramo serão feitas por meio da Cruzeiro do Sul, que já comprou as universidades Unicid (da capital paulista) e a Unifran (de Franca, no interior de São Paulo).

 O grupo educacional está em busca de outros ativos para comprar em São Paulo e na região Nordeste. Daqui a um ou dois anos, a intenção da Actis é abrir o capital da Cruzeiro do Sul na Bovespa.

 O fraco desempenho da economia brasileira não abalou o apetite da Actis de investir no país, segundo os sócios.

 "Para nós, o fato de o mundo ter menos interesse no Brasil é positivo pois gera mais oportunidades", afirmou Ledoux, referindo-se à tendência de queda nos preços dos ativos.

 Mesmo assim, os executivos destacaram que a Actis tem flexibilidade para alterar a distribuição de recursos para as diferentes regiões em que atua, caso ocorra uma crise em um dos mercados. Além da América Latina, o fundo de private equity tem investimentos na Ásia e na África. Reuters
Fonte: abvcap 06/06/2013

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