Fabiano Favaro (à esquerda) e Luiz Gerbase: obter mais conhecimento de como funciona o mercado de capitais
Prestes a integrar o Bovespa Mais, segmento da BM&FBovespa conhecido como a porta de acesso para as empresas que querem ter o primeiro contato com o mercado de capitais no Brasil, a Altus, empresa de automação industrial do Rio Grande do Sul, tem como objetivo mostrar que ainda há espaço no mercado global de tecnologia para fabricantes brasileiros.
Hoje, a lógica do setor parece ser ditada pelo modelo de venda de equipamentos como celulares e PCs. Nele, é preciso fabricar muitas unidades de um mesmo produto que geralmente têm preço e margem baixos para garantir lucro no volume de vendas. Fica difícil para empresas brasileiras competirem com grupos que conseguem atingir esse volume por meio de operações em vários países.
Mas esse não parece representar o cenário de todo o mercado de tecnologia. "A gente fica um pouco ofuscado pelos dogmas da tecnologia da informação (TI). Mas tem um mundo de outras coisas que não enxergamos, mas que podem ser mundiais e ter excelência", disse Luiz Gerbase, presidente da Altus.
Fundada nos anos 80, a empresa sempre se dedicou ao desenvolvimento e à fabricação de equipamentos de automação comercial. Essas máquinas são como os computadores com função específica, que fazem funcionar grandes estruturas, como plataformas de petróleo e sistemas de geração de energia elétrica. Esse tipo de equipamento também pode ser usado em residências para controlar o acendimento de luzes e operar produtos eletrônicos, a chamada automação residencial. Segundo Gerbase, o mercado de automação movimenta cerca de US$ 11 bilhões por ano no mundo e US$ 200 milhões no Brasil.
Com 380 funcionários, a Altus registrou receita de R$ 111 milhões em 2012. A maior parcela veio da área de serviços (65%) e o restante da venda de produtos.
Nos planos da empresa, a expansão internacional tem um peso importante, com expectativa de dobrar o volume de produtos exportados nos próximos três anos. O impulso virá de um acordo comercial com a Beijer, da Suécia. Desde o ano passado, a Beijer vem integrando um dos produtos de automação da Altus em projetos mundiais. No fim do mês passado, o relacionamento entre as duas companhias se estreitou ainda mais, quando a Beijer anunciou a aquisição de 15% do capital da Altus. De acordo com Gerbase, o negócio dá segurança para a Beijer em termos de fornecimento de produto e também à Altus, pois significa um compromisso de que a companhia sueca não deixará de realizar novas encomendas.
A Altus também tem como sócio o braço de investimento em empresas do BNDES, o BNDESPar, que fez um aporte de R$ 17,5 milhões na companhia em 2011. O controle acionário pertence à holding Parit, que também é sócia majoritária da Teikon - fabricante de eletrônicos sob encomenda - e tem 50% de participação na fabricante de semicondutores HT Micron (a outra metade pertence à sul-coreana Hana Micron). "A estratégia da Parit é criar empresas que possam receber aportes de outros investidores, ou do mercado de capitais, mas mantendo sempre o controle acionário", disse Fabiano Favaro, diretor financeiro e de relações com investidores da Altus.
Segundo Favaro, a listagem no Bovespa Mais tem como objetivo dar à companhia mais conhecimento de como funciona o mercado de capitais e permitir que, quando uma janela de oportunidade aparece, fazer uma oferta pública de ações e levantar recursos para financiar seu crescimento. A experiência da Altus na bolsa, disse o executivo, também pode vir a ser replicada para as outras empresas da Parit.
A cerimônia de listagem da Altus no Bovespa Mais pode ser realizada até meados de julho. Quanto à abertura de capital, ainda não há um prazo estipulado. "Estamos dando um passo de cada vez", disse Favaro.
Fonte: valor economico 27/05/2013
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