03 abril 2013

Perspectivas otimistas para IPOs

As operações de ofertas públicas iniciais de ações (na sigla em inglês IPO, Initial Public Offering) podem se recuperar a partir do segundo trimestre, conforme estudo da auditoria Ernst & Young Terco. De acordo com o relatório Global IPO Activity Outlook, o principal fator para a expectativa de melhora no cenário de IPOs é o aumento da confiança do investidor no mercado de capitais e o retorno do investidor institucional. A pesquisa traz percepções e dados globais. As projeções para o Brasil são otimistas, apesar de a bolsa brasileira mostrar um descolamento com o resultado das bolsas do exterior. 

No primeiro trimestre deste ano, duas empresas abriram capital na BM&FBovespa – a empresa de software para o varejo Linx, que levantou R$ 527,9 milhões em fevereiro. Em março, foi a vez da empresa de software do setor financeiro Senior Solution levantar R$ 62,2 milhões no IPO. Ontem, a Alupar Investimento, do segmento de transmissão e geração de energia, divulgou o prospecto preliminar de IPO. A companhia pretende levantar até R$ 1,16 bilhão ainda este mês, com a venda de 40 milhões de units (formadas por uma ação ordinária e duas preferenciais), podendo chegar a 54 milhões de units se forem considerados os lotes suplementar e adicional. A faixa indicativa de preço está entre R$ 18,50 e R$ 21,50 por unit.

 Além da Alupar, outras empresas estão prestes a fazer IPO. A produtora de álcool e açúcar Biosev retomou o processo de abertura de capital no mês passado. Além da Biosev, há mais duas ofertas em análise pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como a da Smiles, da Gol, e da AutoBrasil Participações.

Segundo o sócio-líder de Mercados Estratégicos da Ernst & Young Terco, André Ferreira, as perspectivas são positivas para o País pois o tamanho da economia ficou grande demais para ficar restrito ao financiamento via bancos de desenvolvimento. "Quando olhamos o Brasil e o número de empresas listadas na bolsa de valores observamos ainda um alto potencial de alavancagem. Há espaço para crescer", diz. Ferreira afirma que é positivo o esforço para tornar o mercado acionário mais acessível a pequenas empresas. "Mudanças no ambiente regulatório são importantes para viabilizar a entrada de mais empresas", diz.

Para estimular a entrada de mais empresas, a BM&FBovespa – em conjunto com a CVM, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Fazenda – elaborou medidas para facilitar a abertura de capital pelas pequenas empresas.

As mudanças ainda não tem data para serem divulgadas. Segundo o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, a principal medida para facilitar o ingresso de pequenas e médias empresas é permitir uma redução do tíquete médio de captação, que é de cerca de US$ 300 milhões. "Quando olhamos para as bolsas internacionais, o tíquete médio oscila de US$ 80 milhões a US$ 120 milhões. Se conseguirmos estabelecer um valor mínimo de US$ 50 milhões no Brasil será ideal", diz Pinto. Segundo o presidente da BM&F, a expectativa é que de cinco a dez empresas de menor porte abram capital no segmento Bovespa Mais.

Global – Conforme o estudo da Ernst & Young Terco, no primeiro trimestre, o volume de capital levantado em IPOs no mundo cresceu 1%, mas o número de negócios caiu 42% de janeiro a março deste ano. No primeiro trimestre, foram realizadas 118 operações de aberturas de capital, que levantaram US$ 18,2 bilhões. Em igual período de 2012, foram 204 IPOs, que somaram US$ 18 bilhões. Segundo relatório da auditoria, ao menos 300 empresas estão se preparando para abrir capital até o fim do ano, em nível global.

De acordo com a Ernst & Young, o mercado dos EUA liderou os IPOs no primeiro trimestre, com 24 deles, e foi responsável por levantar US$ 6,7 bilhões – ou 37% do capital global no período. Em segundo lugar ficaram as bolsas asiáticas, que juntas levantaram US$ 5,1 bilhões em 58 IPOs, e responderam por 28% do capital global no primeiro trimestre.

As bolsas europeias, por outro lado, levantaram US$ 2,7 bilhões com 15 IPOs, o correspondente a 15% do capital global levantado.
Fonte:  Diário do Comércio 02/04/2013

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