Presente em dez países e dono de um faturamento anual de cerca de US$ 300 milhões, o grupo americano Agora, de Baltimore, vai virar sócio da casa brasileira de análise independente Empiricus. Com afinidades de estilo na apresentação de relatórios, as empresas de informações financeiras querem aconselhar o pequeno investidor, em meio a um cenário de juros baixos e redução de rentabilidade em opções convencionais.
A operação com a Empiricus, realizada por meio da Agora Financial, subsidiária da Agora, envolve um aporte de investimento e a possibilidade de compra de fatia de até 49% dos atuais oito sócios da empresa brasileira. O valor do negócio não foi revelado, mas os executivos anteciparam que, de imediato, terão à disposição R$ 2 milhões para investir em marketing ao longo dos próximos 12 meses.
"Com a Agora, nosso escopo de atuação fica muito mais amplo. O momento é muito favorável porque vivemos um choque estrutural no Brasil sem as regalias de juro básico elevado", disse Roberto Altenhofen, analista e sócio da Empiricus.
Recomendações fora do habitual são uma característica da Agora Financial, segundo Addison Wiggin, editor-executivo e chefe da empresa americana, nascida há 25 anos. "Vamos testar iniciativas que funcionaram em outros mercados até encontrarmos o que faz sentido para o investidor do Brasil." Entre outros países, a Agora está presente na África do Sul, China e Índia.
O compromisso entre Agora e Empiricus foi firmado após de um ano de conversas e envolve cláusula de desempenho. Com o casamento, a casa brasileira prevê um crescimento da fatia do varejo no faturamento nos próximos anos, visando uma relação de 50% do investidor de varejo e 50% do institucional. Hoje, as receitas são divididas entre 30% e 70%, respectivamente.
Ambas as casas optam por uma linguagem informal nas análises de investimento, menos concentrada em planilhas. O material da firma de Baltimore não será exportado para o Brasil. O plano é introduzir o modelo Agora de acesso ao varejo na Empiricus. Com 1,4 milhão de assinantes, a empresa americana adota o método de pirâmide, que consiste na disseminação de publicações gratuitas a uma base ampla, visando atrair leitores às versões pagas. Atualmente, a base de clientes da Empiricus conta com nove corretoras, 41 institucionais e 150 investidores individuais.
Desde o fim de fevereiro, a Empiricus distribui as newsletters "Mercado em 5 minutos" e "Vida de investidor" gratuitamente. Adicionalmente, inaugurou uma loja virtual para venda de relatórios sobre várias classes de ativos e tipos de investimento, incluindo temas voltados para educação financeira.
O carro-chefe da casa é o relatório fundamentalista diário, com abordagem de economia, renda fixa e ações, principalmente as chamadas "mid" e "small caps" (empresas com menor valor de mercado). Desde agosto de 2012, a Empiricus também faz a cobertura de fundos imobiliários.
Em setembro, o sócio-fundador Marcos Elias se desligou da empresa para se dedicar a atividades de alta frequência. No mês seguinte, a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) condenou analistas da casa por julgar ofensiva a linguagem usada em relatórios sobre o Marfrig. O processo movido pela consultoria contra a empresa de alimentos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para apurar "inconsistências" no balanço continua "em andamento".
Por Conrado Mazzoni | De São Paulo Valor Econômico
Fonte: cvmclipping 01/04/2013
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