15 abril 2013

17 empresas deixaram a Bovespa em 2012; entenda os motivos

Enquanto poucas empresas mostram interesse em entrar na Bolsa e cumprir 12 etapas do processo de abertura de capital, um número maior de companhias está fazendo o caminho inverso e desistindo de negociar as suas ações. Em 2012, foram 17 fechamentos, entre eles o de grandes empresas como Redecard, GVT e Camargo Corrêa, e apenas três estreias na BM&F Bovespa.

 O processo de entrada na Bolsa é rígido em suas regras. Primeiro a empresa protocola um pedido de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é o órgão regulador e fiscalizador do mercado de capitais brasileiro. Depois solicita sua listagem na Bovespa. Mas, para isso, precisa estar de acordo com as regras da instituição.

 Apesar do número alto de fechamentos no último ano, a tendência para 2013 é que cada vez mais empresas abram o capital. “Ano passado foi atípico, teve muitas ofertas de fechamento e poucas abriram. Isso não acontece muito e é difícil se repetir”, afirma o sócio da Bogari Capital, empresa especializada neste tipo de investimento, Érico Argolo. Segundo o analista de mercado, os motivos que levam as empresas a fecharem o capital vão desde a incorporação por outra companhia até a falta de atualização do registro por meio do envio obrigatório de informações para a Bovespa e a CVM.

 Argolo explica que, para fazer um fechamento de capital, o controlador faz uma oferta para a compra de todas as ações, baseada em um laudo geralmente contratado pela própria empresa, e os sócios minoritários podem aderir ou não. Dependendo da adesão, a empresa pode fechar o capital. Geralmente, os sócios ganham um bom prazo para a aquisição, e a empresa consegue fechar o capital. Ainda há os casos em que a maioria não adere, e a companhia por conta disso, continua com o capital aberto. Um exemplo é a NET Serviços, que desistiu de fechar o capital no ano passado.

 Segundo Argolo, o motivo de fechamento pode ser muito específico: financeiro, pelas ações estarem muito baratas, e o controlador adquirir todas; ou decisão estratégica, a mais recorrente. “Uma empresa com capital fechado tem menos pressão dos sócios minoritários para a tomada de decisões, isso agiliza o processo de administração”, diz. É o caso da credenciadora de cartões Redecard, que saiu da Bolsa em 2012. “Neste caso, o Itaú queria lançar produtos em parceria com a Redecard. Como era uma empresa de capital aberto, teria de apresentar o projeto para ser aprovado pelos sócios das duas empresas. Fechando o capital e centralizando a administração, facilitaram as decisões da empresa e o andamento dos projetos”, explica o analista.

 Abre-e-fecha 

 As empresas podem abrir e fechar o capital quantas vezes quiserem, não há limitação. Um exemplo é a GVT, que teve o controle da empresa vendido para a francesa Vivendi e fechou o capital. A companhia de telefonia pode voltar à Bovespa no segundo semestre deste ano, após ter fracassado a tentativa da controladora de vender o negócio.

 A construtora Camargo Corrêa, por outro lado, ilustra o fechamento de capital por motivos financeiros, já que estava com as ações baratas e foi adquirida pelo controlador. A operadora de planos de saúde Amil, por sua vez, foi comprada, e os novos controladores resolveram fechar o capital. A adesão dos sócios minoritários ainda está em andamento.

 De acordo com Argolo, quem investe na bolsa não tem como ter garantia de que a empresa não vá fechar o capital. “O que pode acontecer é algumas pessoas se juntarem e contestarem a oferta, questionarem o fechamento de capital da empresa, mas o ideal é aderir à oferta”, aconselha.
Fonte: terra 15/04/2013

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