As ações da Senior Solution começam a ser negociadas no Bovespa Mais - uma espécie de mercado de acesso à bolsa - a R$ 11,50, valor 15% abaixo do preço mínimo estimado na oferta, que variava entre R$ 13,50 e R$ 15,50. A da Linx ficou na faixa máxima, de R$ 27, e fechou o primeira de negociação a R$ 32.
Essa recepção morna à Senior Solution, segundo analistas ouvidos pelo Valor, está ligada a uma característica que pode limitar o potencial de crescimento dos negócios no curto prazo: a empresa depende de poucos contratos de grande porte.
De janeiro a setembro do ano passado, mais da metade da receita operacional líquida (53,4%) da Senior Solution veio de três clientes, segundo o balanço da companhia. Os 10 maiores contratos responderam por 66,8%. Os números de todo o ano serão divulgados no dia 27. A Linx tem uma fonte de receita mais diversificada - no mesmo período, os 10 maiores clientes responderam por 13% da receita.
De acordo com um especialista que preferiu não ser identificado, essa dependência é potencialmente perigosa diante de um cenário de consolidação e de mudanças no setor financeiro, para o qual a Senior Solution destina seus programas. A avaliação é que com a queda nas taxas de juros, que tem impactado o resultado dos bancos, cortes de gastos podem atingir os orçamentos de TI dessas instituições, afetando seus fornecedores.
No médio e no longo prazos, no entanto, é possível que mais oportunidades sejam criadas à medida que os investimentos se estabilizem e novas demandas de tecnologia sejam criadas, de acordo com esse especialista.
No prospecto da oferta inicial, a Senior Solution cita o potencial de mercado no Brasil. A companhia tem hoje 140 clientes, mas a estimativa é que existam 1075 instituições financeiras no Brasil, que poderiam tornar-se clientes.
A empresa também tem planos de usar a experiência no desenvolvimento de softwares destinados a instituições financeiras para ingressar em outras áreas de atividade, que exijam o mesmo grau de complexidade tecnológica.
Fundada em 1996, a Senior Solution iniciou suas atividades prestando serviços de desenvolvimento de software para o mercado financeiro, setor no qual trabalhavam seus fundadores, Bernardo Francisco Pereira Gomes e Antonio Luciano de Camargo Filho. Em 2000, a companhia começou a desenvolver um software próprio para oferecer ao mercado.
A expansão dos negócios foi financiada com recursos de duas origens principais. Uma delas foi o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que concedeu empréstimos em 2002, 2005 e 2008, além de fazer aportes por meio de sua empresa de participações, a BNDESPar, em 2005 e 2007. O fundo de participação em empresas Stratus comprou uma participação em 2005. Com os recursos, a Senior Solution comprou cinco empresas entre 2005 e 2010, que serviram para ampliar os segmentos atendidos no mercado financeiro.
O principal produto da empresa, responsável por 15% da receita bruta em 2011, é o Senior Banking Solution (SBS), um pacote de sistemas para vários fins.
Outra diferença da Senior Solution em relação à Linx é o porte dos negócios. A receita líquida da Linx em 2012 foi de R$ 231 milhões. Na Senior Solution, a receita líquida em 2011 - o dado anual disponível mais recente - alcançou R$ 38,74 milhões. O lucro líquido foi R$ 2,34 milhões. No acumulado de janeiro a setembro de 2012, o faturamento somou R$ 34,6 milhões, com lucro líquido foi de R$ 6 milhões.
A estreia da Senior Solution, hoje, retoma uma história iniciada em 2008. A companhia tinha planos de ingressar no Bovespa Mais no segundo semestre daquele ano, para captar R$ 30 milhões. As condições desfavoráveis do mercado, no entanto, adiaram os planos.
Em meados do ano passado, a Senior Solution fez sua listagem no Bovespa Mais, sem, no entanto passar a negociar ações em bolsa. A divisão do processo em duas etapas faz parte dos esforços da BM&FBovespa e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para estimular a abertura de capital de pequenas e médias empresas no Brasil. A expectativa é que a listagem permita à companhia acostumar-se ao mercado de capitais até ganhar confiança suficiente para uma oferta de ações.
Com a Senior Solution, o mercado de tecnologia passa a ter seis representantes na BM&FBovespa. Além dela, negociam ações Bematech, Ideiasnet, Linx, Positivo Informática e Totvs.
A expectativa é que mais processos de abertura de capital ocorram ainda neste ano. O papel do BNDES no setor tem sido considerado crucial. Por meio da BNDESPar, o banco é acionista de 30 companhias de tecnologia, entre elas Ci&T, BRQ e Six Semicondutores.
A maior presença do setor na bolsa já faz alguns especialistas falarem em uma "Nasdaq brasileira", em referência à bolsa eletrônica americana que reúne grandes empresas de tecnologia e internet, como Apple, Facebook e Google. Para parte dos analistas, no entanto, isso ainda está distante. "Acho que não há liquidez suficiente para pensar em um índice setorial", disse um analista, que não quis ter seu nome revelado. Por Gustavo Brigatto Valor Econômico
FONTE: Clippingmp 08/03/2013
Para BNDES, oferta da Senior Solution fortalece mercado de capitais
A Oferta Inicial de Ações (IPO) da empresa de tecnologia Senior Solution cumpre objetivo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de fortalecer o mercado de capitais, na análise do banco. Em comunicado, o BNDES reiterou sua intenção de ajudar o mercado de capitais a ser fonte de captação de recursos de longo prazo, não apenas para grandes companhias, mas também para aquelas de menor porte.
A Senior Solution realizou hoje oferta pública de ações no Bovespa Mais, segmento de negociação da BM&FBovespa que tem como objetivo tornar o mercado de ações mais acessível às pequenas e médias empresas. Segundo informe do BNDES, a oferta de ações da companhia ocorreu com o apoio do BNDESPar, braço de participações acionárias do banco.
Em seu comunicado, o BNDES detalhou que a empresa recebeu financiamento do banco por meio de quatro operações do Programa BNDES para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços de Tecnologia da Informação (BNDES Prosoft). Somados, os créditos totalizam cerca de R$ 13 milhões. O BNDES informou ainda que, desde 2005, é acionista da empresa, e deu suporte ao plano de negócios da companhia sob a forma de participação acionária, com a aquisição de 21,5% de seu capital.
No comunicado, o banco informou ter em sua carteira 118 empresas de TI apoiadas com R$ 2,5 bilhões em operações diretas de renda fixa, sendo que, desse total, cerca de 100 empresas são micro, pequenas e médias.
A BNDESPar participa de mais de 40 empresas de forma direta ou por meio de fundos de private equity e de venture capital, detalhou a instituição. Por Alessandra Saraiva
Fonte: Valor Econômico 08/03/2013
IPO da Senior Solution não tem participação de estrangeiros
A oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da empresa de tecnologia Senior Solution não contou com a participação de nenhum investidor estrangeiro. Os papéis estrearam hoje na BM&FBovespa em queda de 6% por volta das 11h15, sendo negociados a R$ 10,80.
A abertura de capital — que foi a primeira no Bovespa Mais desde 2008 — foi chamada de IPO "verde e amarelo" pelo presidente da bolsa, Edemir Pinto. Tradicionalmente as ofertas brasileiras contam com maior participação de investidores estrangeiros, mas a avaliação é que não houve interesse pelo tamanho da emissão.
A companhia também optou por não fazer um roadshow internacional devido ao alto custo do processo. Segundo a Senior Solution, os gastos com a operação de abertura de capital ficaram abaixo da faixa de 5% a 7% do valor captado na oferta, quanto normalmente custa um IPO no Brasil. Segundo Pinto, isso é importante para quebrar a ideia que o processo de abertura de capital é proibitivo para empresas de pequeno e médio portes.
A Senior Solution captou R$ 55,5 milhões em sua abertura de capital, realizada hoje pela manhã, correspondente ao lote inicial. O valor da ação na oferta ficou em R$ 11,50, preço 15% abaixo do mínimo estimado na operação, que variava entre R$ 13,50 e R$ 15,50. Dos recursos que vão para o caixa da companhia, 70% serão usados em aquisições, 20%, capital de giro e 10% em pesquisa e desenvolvimento.
Apesar de não ter contado com investidores de fora do país, o volume financeiro movimentado pelo papel até agora no pregão é alto. A ação gira R$ 3 milhões, patamar maior do que algumas empresas listadas no Ibovespa, o principal índice da bolsa, como Klabin, JBS, Fibria e Eletropaulo. (Gustavo Brigatto, Renato Rostás e Daniela Meibak )
Fonte: Valor Econômico 08/03/2013
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