Companhias de capital aberto e fechado exigem do profissional boa formação e experiência
Maria Helena Santana, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foi indicada pela Wilkes, holding que controla o Pão de Açúcar, a assumir um posto no conselho de administração da empresa. Esse é o terceiro assento que Maria Helena ocupa desde que deixou a autarquia em julho do ano passado — além do Pão de Açúcar, ela é conselheira da Totvs e da CPFL Energia —, todos como membro independente.
O caminho seguido por Maria Helena é semelhante ao de muitos profissionais que atuaram ou ainda atuam em cargos executivos. Esse, inclusive, é um dos pré-requisitos para se tornar conselheiro independente em empresas de capital aberto ou fechado. “Para ocupar esse cargo, os profissionais precisam ter grande experiência profissional, uma vez que os membros do conselho de administração são como se fossem os chefes do presidente”, explica Luiz Marcatti, diretor da consultoria em governança corporativa Mesa Corporate Governance.
Ainda segundo o especialista, há outras características inerentes à atividade. “Claro que é importante ter bagagem profissional, mas o que definirá o sucesso de um conselheiro independente é a visão de futuro. Por isso, é importante estar atento ao que acontece tanto no ambiente macroeconômico quanto no setor em que a empresa está inserida”, explica.
Saber trabalhar em equipe, ou seja, tomar as decisões de forma colegiada, e ter disponibilidade de tempo também são pré-requisitos para quem deseja ser conselheiro independente. É preciso dedicar um tempo mensalmente para acompanhar o andamento da situação financeira da companhia, bem como para participar das reuniões do conselho de administração. Isso leva de dois a três dias por mês.
Formação
Boa formação acadêmica e a busca pelo conhecimento, completa a lista das principais características de um conselheiro independente. “É importante estar sempre atualizado, principalmente porque aquilo que será discutido pelo conselho de administração balizará o futuro da companhia”, pondera o diretor da Mesa Corporate Governance.
Ciente das peculiaridades do cargo, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) oferece cursos voltados para quem deseja se especializar. “É importante que o interessado busque cursos em universidades estrangeiras, de forma a complementar o que foi aprendido no Brasil”, diz Anna Maria Guimarães, conselheira de administração da associação.
O engenheiro de produção Richard Doern, de 49 anos, é membro independente do conselho de administração de três empresas de capital fechado: uma do setor de transporte e logística uma do segmento educacional e outra do setor de entretenimento. Assim que aceita o posto, Doern visita as instalações da empresa, bem como entrevista os principais executivos a fim de conhecer o negócio. “Quanto mais preparado estiver, mais terei a contribuir nas reuniões do conselho de administração”, diz.
O executivo, que já presidiu duas empresas por seis anos, prefere aceitar convites para integrar conselhos de companhias de setores nos quais ainda não atuou. Para ele, isso agrega conhecimento e experiência que podem ser aproveitados nos conselhos em que trabalha.
Independência
Um ponto crítico na atividade de conselheiro independente é, justamente, a independência. Por isso, a recomendação é que o profissional não dependa financeiramente do posto. “Depender financeiramente desses recursos pode gerar algum tipo de conflito de interesse no momento da votação.
Pode haver corporativismo e o executivo não manter sua posição”, pondera a conselheira do IBGC, lembrando que a remuneração de um conselheiro independente varia de R$ 8 mil a R$ 30 mil, dependendo do porte da companhia, complexidade do setor em que atua e se é de capital aberto ou fechado. Em paralelo à atividade de conselheiro independente, Doern, por exemplo, é sócio de uma consultoria em recuperação de empresas.
Também é recomendado que o profissional não ocupe assento em mais de cinco empresas, caso exerça somente essa atividade, ou dois postos se tiver atividades em paralelo. “Principalmente se for presidente executivo em uma empresa, atividade que demanda tempo”, diz.
As recomendações são importantes, uma vez que a procura, tanto de companhias quanto dos profissionais na atividade de conselheiro independente, cresce anualmente. “As empresas, inclusive as de capital fechado, têm percebido a importância da governança corporativa em sua gestão. Já os profissionais enxergam na atividade uma chance de perenizar sua carreira”, completa a conselheira da associação.
Brasil Econômico -Vanessa Correia
Fonte: iG 20/03/2013
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