Estudo do IBGE sobre empreendedorismo traca perfil das empresas que conseguem crescer rapidamente e são responsáveis por 50% dos empregos
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (14/11) as “Estatísticas de Empreendedorismo 2010", uma análise sobre o desempenho das chamadas empresas de alto crescimento (EACs) - aquelas com característica empreendedora, crescimento médio dos empregos de ao menos 20% ao ano, por um período de 3 anos, e com pelo menos 10 empregados no ano inicial de observação. De acordo com o levantamento, o número de empresas com esse perfil cresceu 7,7% no país, passando de 30.935 mil em 2009, para 33.320 mil em 2010. No período entre 2007 e 2010 foram gerados 5,4 milhões de novos empregos no país, dos quais 2,7 milhões (50%) estavam nas empresas de alto crescimento.
O estudo, feito em parceria com o Instituto Endeavor, mostra ainda que em 2010 havia 4,5 milhões de empresas ativas no Brasil, das quais 33.320 eram EACs. Elas ocuparam 5 milhões de pessoas e pagaram R$ 88 bilhões em salários e outras remunerações. Desse total, 32.863 eram classificadas como empresas de alto crescimento orgânico, ou seja, tiveram aumento de funcionários por meio de contratações, e não por fusões ou incorporações.
Também foram analisadas as chamadas empresas gazela, grupo formado por negócios mais jovens entre cinco (3.755 empresas em 2010) e oito anos de vida (12.427 empresas). "Nós queríamos entender que setores estão fazendo a diferença entre as empresas de grande impacto, a idade delas e o que aconteceria se elas tivessem um pouco mais de dinheiro", afirma Amisha Miller, gerente de pesquisa e políticas públicas da Endeavor, que organiza a Semana Global do Empreendedorismo e tem como foco justamente estimular o crescimento de negócios de alto impacto.
Para analisar o potencial de crescimento, o IBGE acompanhou o desenvolvimento dos negócios existentes em 2008, primeiro ano da pesquisa, quando foram computadas 30.954 EACs no país. Desse total, 39,7% (12.302) continuaram crescendo em 2009 e 17,6% (5.445) mantiveram este crescimento ainda em 2010. "O que aprendemos com esse dado é que mesmo as empresas que conseguem crescer rápido precisam de apoio e foco para continuar a crescer de forma sustentável ”, diz Amisha. “Nossa percepção é que esses negócios precisam de mentoring ou da ajuda de outros empreendedores que já passaram por isso para crescer”, diz.
A maioria das EACs são empresas de pequeno porte (50,9%) seguidas pelas de médio porte (39,3%). Em 2010, 80,5% da base de todas as empresas de alto crescimento e 80,7% da base de empresas de alto 'crescimento orgânico' estavam concentradas na faixa etária de até 20 anos. As empresas com mais de 41 anos de operação representavam 2,2% desse universo, e foram responsáveis por ocupar 7,8% do pessoal ocupado assalariado e pagar 13,1% do total dos salários e outras remunerações.
Os salários médios pagos por esses negócios foram menores (em média, 2,4 salários mínimos) do que o das empresas ativas com funcionários assalariados (2,9 salários mínimos). O quadro de empregados teve 8,8% a menos de mulheres e 28% a menos de pessoas com ensino superior completo.
A produtividade média do trabalho tambem foi 25,5% menor (R$ 46,0 milhões contra R$ 61,8 milhões por pessoal ocupado, nas empresas ativas). “É muito difícil atrair e reter talentos nas empresas de alto crescimento porque esses empreendedores não têm muito dinheiro para pagar altos salários. Por isso, eles contratam pessoas com menores salários e que consequentemente têm menor escolaridade”, afirma Amisha. Outro fator que implica nesses resultados, segundo ela, são os segmentos em que essas empresas estão inseridas.
As cinco atividades econômicas responsáveis pelas maiores criações de emprego foram: indústrias de transformação (568,8 mil); atividades administrativas e serviços complementares (553,7 mil); construção (551,0 mil); comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (420,6 mil); e transporte, armazenagem e correio (204,1 mil). “As mulheres trabalham mais em alguns setores e menos em outros, como a construção e reparação de veículos. O que também pode ter influenciado o resultado”, diz Amisha. "A boa notícia é que esses são mercados que ainda estão muito fortes e onde há espaço para as empresas crescerem."
Cerca de 70% empresas de alto crescimento orgânico concentravam-se nas regiões Sudeste e Sul em 2010. O Sudeste também detinha o maior percentual de empregados (52,9%), mas o Nordeste apareceu em segundo lugar, ocupando 19,7% do pessoal, seguido pelo Sul, com 14,9%. O Nordeste também apresentava a maior média de pessoas ocupadas por unidade local (77), seguido por Sudeste (69), Norte (64), Centro-Oeste (58) e Sul (48).
Fonte: epocanegocios 14/11/2012
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