A incerteza e a volatilidade do mercado financeiro provocaram a diminuição geral no volume e no valor das transações globais de fusões e aquisições (M&A – Merger and Aquisition) nas Américas, Europa e Ásia, entre 2011 e o primeiro semestre de 2012. É o que registra a 1ª Edição do Relatório Global de Avaliação de M&A da American Appraisal, empresa especializada e líder mundial em opinião de valor e avaliação de ativos e negócios.
Realizado em parceria com a Mergermarket, a partir de pesquisas e análises de dados, o relatório cita conclusões obtidas pela American Appraisal no contato com seus clientes, além de mais de 25 mil dados coletados em transações registradas em 28 países.
De acordo com o estudo, no primeiro semestre de 2012, a região das Américas registrou 2.031 transações, movimentando um total de US$ 156,4 bilhões. Estes dados representam uma queda de 18% no volume e de 31% em valores transacionados, em comparação ao mesmo período do ano passado. Muito do declínio é atribuído ao mercado norte-americano, o maior do mundo em fusões e aquisições de empresas, onde houve queda de 19% no volume e 40% no valor das transações nesse período. O ambiente de negócios fraco e a baixa confiança dos consumidores apontam para a continuidade desta queda.
Por outro lado, a América do Sul (incluindo a Central) elevou o volume em 14% e os valores dos negócios em 8% no segundo trimestre de 2012, em comparação ao primeiro trimestre deste ano. Foram 154 transações, totalizando US$ 41 bilhões, que refletem o crescente apetite de crescimento das empresas estrangeiras nos mercados emergentes. Um dos maiores exemplos, de acordo com o estudo, é o caso da Anheuser-Busch InBev, que garantiu sua posição de líder global no mercado de cerveja ao adquirir a participação remanescente do grupo mexicano Modelo por US$ 20 bilhões.
Dados levantados pela American Appraisal em 2010 e em 2011, como o crescimento médio dos últimos cinco anos de EBITDA e das receitas, revelam que o efeito das sinergias nos custos nas Américas foram menores do que na Europa. Isto sugere que as empresas nas Americas estão mais confiantes em se expandir territorialmente do que perseguir reduções de custos em suas operações centrais.
Em 2012, para todos os setores de negócios, a tendência é que as grandes empresas estarão ainda mais em busca de adquirir bons negócios de menor escala, acirrando a competição pelos melhores ativos. Por causa da volatilidade e das incertezas de mercado, o estudo identificou que, cada vez mais, as transações de M&A estão sendo feitas por meio da prática conhecida como “earnout”, a qual consiste no comprador pagar determinado valor parcial de uma aquisição condicionando o restante a metas que devem ser atingidas pelo ativo.
Ao concordar com este modelo, o vendedor do ativo tem a oportunidade de ser recompensado caso seu negócio funcione como o esperado, enquanto que o comprador fica protegido contra o pagamento de um preço acima do que o ativo realmente pode valer.
Europa
O volume e o valor das transações de M&A na Europa caíram 27% e 21% respectivamente no primeiro semestre deste ano, com um total de 2.037 transações, equivalentes a um total de US$ 333,3 bilhões. Para as condições gerais da crise que assola a região, este resultado até que não é de todo mal, mostrando, de acordo com o estudo, uma notável resistência do mercado frente à crise.
Ainda se verifica a ausência de solução duradoura para os problemas econômicos da região da Zona do Euro. A incerteza legislativa, a pressão popular por mudanças e a volatilidade do mercado financeiro têm gerado tensão nas decisões de adquirir ou vender um negócio. Com as condições piorando em 2012, o panorama de M&A na região continuará sob grande pressão, com as incertezas dos compradores aumentando e muitos vendedores esperando que a situação melhore antes de iniciarem o processo de venda de seus ativos.
Contudo, por conta da necessidade de desinvestimento, alguns ativos ainda estarão disponíveis no mercado, possibilitando aquisições estratégicas para os grupos com melhor saúde financeira, já que as companhias mais impactadas pela crise ainda estão lutando contra enorme endividamento. Ao mesmo tempo, multinacionais continuam se retirando de mercados estrangeiros, principalmente dos mercados que não são seus alvos principais, deixando oportunidades interessantes de ativos para trás.
Alguns destes “espólios” já causaram grande movimento de M&A em setores como o financeiro, farmacêutico e de energia. Um exemplo recente citado pela pesquisa da American Appraisal é o caso da companhia norueguesa Statoil, que vendeu sua divisão de varejo para a canadense Alimentation Couche-Tard por US$ 2,8 bilhões. Outro exemplo ainda maior vem do setor de consumo, com a venda da divisão de nutrição infantil da Pfizer para a Nestlé por € 9 bilhões.
Desinvestimentos e privatizações, principalmente nos países mais atingidos pela crise como Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda, podem representar oportunidades estratégicas bastante lucrativas para compradores e também para fundos de Private Equity. Muitos destes negócios podem ser adquiridos com boa margem de desconto, tornando-se ainda mais atrativos para empresas estrangeiras.
Ásia
Após um ótimo desempenho no primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2011, as transações de M&A da Ásia, principalmente na região do Pacífico, caíram devido às incertezas e volatilidade que assolam o mercado global. O declínio foi de 32% em volume e 14% em valor, com um total de 1.146 transações, que movimentaram um total de US$ 183 bilhões.
Contudo, enquanto o mercado de M&A foi impactado pela redução da demanda de novos ativos e a crescente volatilidade, as valorizações dos ativos permaneceram firmes durante quase todo o ano de 2011, caindo apenas no último trimestre, e recuperando-se no início de 2012. Na Ásia, os investidores estão provando que ainda estão dispostos a pagar preços altos para ativos de grande potencial de crescimento, principalmente nos setores de tecnologia e farmacêutico, particularmente na Índia, que tende a se tornar bastante atraente para M&A neste setor.
Em geral, o ponto alto nos últimos 12 meses tem sido a ascensão de aquisições estrangeiras por empresas asiáticas. Compradores de economias robustas como a da China estão, no momento, em forte posição estratégica para negociar, principalmente com as empresas endividadas da Europa, tendo como opção comprarem ativos valiosos por preços modestos. O estudo da American Appraisal indica que este cenário continuará forte no setor de energia e é esperado que cresça ainda mais no setor de consumo.
Fonte: uol 08/11/2012
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